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27 dezembro 2007

Vem prá cá

Com algum atraso, saúdo vocês leitores e leitoras. Que a festa natalina tenha sido muito bela, digna da alegria de vocês. E mais, torço para que 2008 seja um ano de realizações. Que vocês tenham mais motivos para as comemorações. Também espero que as dificuldades nunca sejam maiores que a vontade de crescer e superar obstáculos.
Agradeço os comentários generosos e carinhosos deixados por vocês. Tenho consciência de que não sou merecedor das opiniões de vocês sobre meus textos. Sei que, ainda, tenho que melhorar. Porém o incentivo de vocês me comove.
Antes de lhes envio um texto que foi escrito em Macapá, em 1985, conto uma historinha. Eu estava caminhando por volta das 19:00, ia para uma reunião. De repente, uma garoa começou a cair. Apressei o passo. À medida que caminhava, um texto em veio na mente. Para não esquecer, comecei a repeti-lo até chegar ao local da tal reunião. Chegando lá, peguei uma folha de papel e escrevi o texto de uma vez só, sem alterar nada do que me veio à mente.
Depois mostrei apra algumas pessoas. Elas adoraram. Mostrei para outras, que adoraram também. Agora lhes mostro. Espero que gostem.
Obrigado! Beijos e abraços!
Aroldo José Marinho


Vem prá cá
Aroldo José

Vem prá cá!
Me contar uma história.
Vem prá cá!
Desvendar meu segredo.
Vem falar
Sobretudo o que eu fiz,
Não fiz.


Vem dizer:
Contigo eu não estou só.
Vem lembrar
Daqueles nossos avós.
Vem dizer
Que o que eu fiz ontem
Mudará amanhã.


Vem chamar!
Convida prá passear
Pelo teu jardim,
Pelo teu país;
Nos teus domínios,
De muitos fascínios.


Vem prá cá!
Me contar uma piada.
Vem contar
Aquela bem animada.
Vem falar
Que esse encanto
Nunca se quebrará.


Vem prá cá!
Me contar uma história.
Vem prá cá!
Ficar junto comigo,
Juntos no meu abrigo.
Vem prá cá!
Eu te peço:
Vem prá cá.

Macapá, 20/05/85

18 dezembro 2007

Vídeo-jockey

Bem... que graça tem um cara escrever textos poéticos e não dedicá-los, pelo menos uma vez na vida, à uma musa? Resposta: nenhum sentido. Então, posto este texto escrito em Belém. Era o ano de 1996. A MTV mostrava em seus programas rostos interessantes. Não interessava se suas apresentadoras, as Vídeo-Jockeys (VJs), sabiam alguma coisa de música. O negócio era mostrar beleza. E isso elas tinham de sobra para dar, emprestar e vender.

Uma delas mereceu atenção. Quem? Christine Niklas (a moça da foto ao lado), é lógico. Por quê? Bem... não interessa. Por que fazer perguntas se há um texto aí embaixo para ser lido como se fosse a homenagem mais singela da face da terra?

Boa leitura!
Aroldo José Marinho

Vídeo-jockey

Aroldo José

Mostra teu rosto,

Anuncia uma nova canção

E uma nova imagem.


Mostra tua beleza,

Estranha e comum.

Ao mesmo tempo

Inspirada e também banal.


Mostra tua novidade,

Teu talento para

Hipnotizar a cidade;

E não deixar

Ninguém procurar outra paisagem

Que não seja reflexo do teu olhar.

Belém, 09/06/96

Para Christine Nicklas


Irritação


Estava mexendo nos meus arquivos, procurando um texto para oferecer às pessoas que me honram com sua visitas ao meu blog. Confesso que não estava conseguindo encontrar um texto que estivesse à altura das visitas aqui recebidas.
Foi então que encontrei este aqui. Não sei se é muito ou pouco poético. Mas me lembrou, um pouco, a energia do trabalho de Tom Zé. Who's that Tom Zé? O baiano tropicalista, parceiro de Caetano e Gil, que alguns davam como morto artisticamente. Mas os gênios só adormecem. Esperam o momento de serem acordados para oferecerem suas preciosas pérolas os donos dos ouvidos massacrados por tanta idiotice. Haja música de corno e pagode idiota no país.
Bem... sem muito papo, vamos ao textos que mereceu o comentário feito acima.
Aroldo José Marinho

Irritação

Aroldo José

Vá cuidar da sua vida

E não me chateie mais.

O mundo por si só já é complicado,

Não venha destruir minha paz.

Faça tudo que é necessário,

Pague as contas e regue a flor.

Depois feche as cortinas,

E fique em casa curtindo a sua dor.


O que era causa de alegria,

Era e esqueceu o caminho.

Quem acreditou na falsa promessa,

Ganhou o passaporte rumo à melancolia.


Tipos estranhos estão por aí a girar,

São seus companheiros de limbo.

Corra ao encontro deles. Leve seus desatinos,

Não venha mais me perturbar.

Rosto de pedra, coração que parou

E que não sabe que já não existe mais.

Tenta esconder a tristeza,

Faz de conta que nunca chorou.

Brasília, 17/11/98


Desejo na madrugada


Há momentos na vida em que nada parece ter sentido. Apesar das coisas atraentes mostradas na televisão o dia inteiro, dos agitos anunciados como salvação da humanidade para nossa inesquecíveis noites, etc. Nada! Chega a madrugada e fazemos uma bela descoberta: nada não só parece não ter, como não tem mesmo nenhum sentido.

O que fazer para vencer a monotonia e melancolia que surgem nesses momentos? Tem gente que se desespera e aceita a primeira pregação religiosa que encontrar na esquina. Sai de uma chatice para entrar noutra. Eu proponho um caminho de sensatez para não aceitar a amolação destes pseudo-salvadores da raça humana.

Que tal ouvir música?

Good!!!!! Que música? Rock'n'roll, ora bolas.

É mole ou quer mais?
Aroldo José Marinho

Desejo na madrugada

Aroldo José

Já é madrugada e eu continuo aqui,

Escrevendo novos versos sobre um velho sentimento:

A dor de querer e não pode fazer

O mundo dançar no ritmo de um bom rock'n'roll.


Devo dormir mas não quero sonhar de novo

Aquele filme onde sou o mocinho ingênuo

Que foi condenado a assistir filmes de terror.

Quero ter olhos para contemplar seu sorriso,

Ouvidos para escutar sua boca dizendo

Que hoje faremos revolução.


Todo mundo escuta o bater do tambor

Mas minha cabeça insiste em não dançar

Na tribo do índio neo-capitalista


Enquanto houver folia de boi e de vaca.

Celebrarei a loucura de alguém assim

Que não se perder de si próprio

Nem deixar que a mídia envolva

A certeza de que, depois do novo dia,

Eu serei muito feliz, após descobrir,

Que meu estilo é de louco aprendiz.

Belém, 28/110/96