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26 junho 2010

Sobre Ferreira Gullar

Boa tarde para as pessoas que me dão a honra de suas visitas ao meu blog.
Quero lhe oferecer a coluna que Nelson Motta apresenta nas sextas-feira no Jornal da Globo. Na edição de ontem (25/06), Motta fez homenagem ao poeta Ferreira Gullar. Tenho respeito e gosto do trabalho deste escritor nascido em São Luís, no Marnhão, porém, há muito tempo, radicado no Rio de Janeiro.

Espero que esta postagem deixe curiosidade em vocês. Que depois de assistir à homenagem de Motta, vocês saiam atrás de informações sobre a obra de Gullar.

Tudo de bom!
Aroldo José Marinho

Polanski preso

O texto aqui postado foi escrito por Rubens Ewald Filho em setembro de 2009. Ele é comentarista de cinema bastante reputado. O tema de seu comentário foi a prisão do cineasta franco-polonês Roman Polanski (foto). Seu texto foi publicado no site (www.noticias.r7.com/blogs/rubens-ewald-filho/2009/09/28/polanski-preso/).

Ao contrário de um país que conhecemos bem, onde ninguém é punido e rico não fica preso, essa história da prisão de Roman Polanski, manda uma mensagem: não se foge da justiça norte-americana, mesmo que ela possa ser injusta. É provável que vocês se lembrem da história toda que o levou a esta situação (Polanski foi preso quando chegou a Zurich, suíça alemã, para participar de Festival de cinema, sem se dar conta que havia um mandato de prisão contra ele e que aquele país havia acordo de extradição com os Estados Unidos. Ou seja, uma mancada de alguém que conseguiu esses anos todos viajar pelo mundo evitando as consequências, inclusive algumas vezes aqui no Brasil.

Será justo prender uma pessoa que foi condenada a sua revelia por um crime que teria cometido há mais de 30 anos? Será que não teria caducado? Embora hoje até mesmo a moça, então menor com 13 anos em 1977, com que Polanski havia feito sexo, já tenha se apresentado e deposto a seu favor, o processo nunca foi encerrado oficialmente. Nem mesmo quando Polanski ganhou o Oscar de melhor diretor por O Pianista ele não ousou ir a Los Angeles para receber o prêmio.

Sabe-se um pouco aqui no Brasil, dos antecedentes de Polanski, um judeu polonês de 76 anos, que durante a guerra para escapar dos nazistas, foi acolhido por uma família católica e passou por todo tipo de necessidade e privação. Estudou cinema e se consagrou cedo. Por sorte, tinha nascido na França e por isso conseguiu nacionalidade francesa, o que ajudou a construir uma carreira internacional brilhante (já que a Polônia estava sob a ditadura comunista e uma severa censura).

Sempre teve com a Polônia uma relação estremecida, fez lá apenas seu primeiro longa, A Faca na ÁguaRepulsa ao Sexo com Catherine Deneuve, Armadilha do Destino com a irmã de Catherine Françoise Dorleac e em 67, a Dança dos Vampiros, onde conheceu o amor de sua vida, a americana Sharon Tate. Foi por causa dela que aceitou o convite americano de ir dirigir na Paramount onde realizou duas obras primas (O Bebe de Rosemary com Mia Farrow, 68 e Chinatown, 74). (62), fez também curtas famosos, trabalhou como ator nos filmes de Wajda e depois ocasionalmente voltava ao palco em Varsóvia, como fez na peça Amadeus. Logo se consagrou   com os filmes seguintes (Repulsa ao Sexo com Catherine Deneuve, Armadilha do Destino com a irmã de Catherine Françoise Dorleac e em 67, a Dança dos Vampiros, onde conheceu o amor de sua vida, a americana Sharon Tate. Foi por causa dela que aceitou o convite americano de ir dirigir na Paramount onde realizou duas obras primas (O Bebe de Rosemary com Mia Farrow, 68 e Chinatown, 74).

O sonho americano virou pesadelo quando em agosto de 1969, Sharon foi assassinada grávida na casa deles em Los Angeles, pela Gang de fanáticos religiosos:  a Família Mason. Foi uma tragédia de que ele nunca mais se recuperou, adquirindo uma fama de rebelde, maníaco sexual (por ninfetas) e excêntrico. O que poucos sabem - porque não foi exibido no Brasil - é que existe um documentário, Roman Polanski, Wanted and Desired, 2008, de Marina Zenovich, que demonstra que todo o seu julgamento foi armado, havia por trás um juíz corrupto em busca de publicidade que complicou as coisas e foi diante da certeza de que não teria um julgamento justo e leal, que Polanski decidiu fugir do país.

É um filme fascinante e com depoimentos reveladores (no mínimo deixa claro que o encontro sexual com a ninfeta foi consensual, mesmo que a lei considere isso um estupro!) e como o juíz já morreu, os que estiveram no processo puderam depor às claras sobre o caso na esperança de que as coisas fossem esclarecidas. Não foi o que sucedeu. O filme teve certa repercussão,  mas a justiça continuou cega e obstinada. Muita água ainda vai rolar.Como Polanski é francês, não duvide que o presidente interceda por ele e o caso vá se estender ainda por muito tempo. Não sei se Polanski é ou não culpado, as várias vezes que estive com ele, sempre se revelou uma pessoa desagradável, por vezes grosseira, rude, mandona (principalmente com sua nova mulher com quem está de 89 até hoje, a francesa Emmanuelle Seigner).

Mas não estamos avaliando bons modos.  Nem talento. Neste momento, dá para ver que os longos braços da lei podem se estender tanto tempo quando nos Miseráveis (cabe a comparação com Jean Valjean e a perseguição de que foi alvo no livro de Victor Hugo). Justo ou injusto.

22 junho 2010

O engano e a contradição de Kaká

Publico texto do jornalista Juca Kfouri (foto), da equipe da Folha de São Paulo e do UOL. Ele escreveu no seu blog (www.blogdojuca.uol.com.br/2010/06/o-engano-e-a-contradicao-de-kaka/) uma resposta à afirmação de Kaká. Em entevista coletiva, o jogador da seleção brasileira deu a entender que se sente perseguido por Kfouri por causa de sua militância na religiosidade protestante.
Aroldo José Marinho

Frase de Kaká, poucas horas atrás, em entrevista coletiva, em resposta ao repórter da ESPN-Brasil, André Kfouri, meu filho:

“Há algum tempo os canhões do seu pai  são disparados contra mim. A artilharia dele está voltada contra mim. Eu queria aproveitar a pergunta para responder às críticas que ele vem fazendo, e o que me deixa triste é que o problema dele comigo não é profissional, mas porque ele não aceita minha religião. Porque eu sou uma pessoa que segue Jesus Cristo. Eu o respeito como ateu, e gostaria que ele me respeitasse como [seguidor de] Jesus Cristo, como alguém que professa a fé em Jesus Cristo. Não só a mim, mas a todos os milhões de brasileiros que acreditam em Jesus Cristo”.

Kaká se engana e enfiou Jesus onde Jesus não foi chamado.

Critico sim o merchandising religioso que ele e outros jogadores da Seleção costumam fazer, tentando nos enfiar suas crenças goela abaixo.

Um tal exagero que a Fifa tratou de proibir, depois do que houve na comemoração da Copa das Confederações.

Mas não abri bateria alguma contra ele, provavelmente mal assessorado, tanto que o considerei o melhor em campo no jogo contra Costa do Marfim.

Apenas noticiei que ele sofre com seu púbis e há quem avalie que isso o levará a encerrar a carreira prematuramente.

Ele negou as dores no púbis ao dizer que sente dores como qualquer jogador profissional e que o prazer de jogar pela Seleção o faz superá-las.

Aí caiu na primeira contradição, pois ao atribuir às dores que sentia a sua má atuação na Copa da Alemanha, quatro anos atrás, declarou que não jogaria mais com dores.

E hoje mesmo, na entrevista coletiva, ao responder sobre se seria operado do púbis depois da Copa respondeu que esta era uma questão delicada e que os médicos divergiam a respeito.

Mas, para quem não tem nada no púbis, como alegou, por que cogitar de tal hipótese?

Talvez só Deus saiba.

Como não acredito nele…

Em tempo: em tudo isso, além das inegáveis qualidades técnicas de Kaká, resta-lhe um mérito: diferentemente do que frequentemente fazem tantos, Dunga e Jorginho entre eles, Kaká não generalizou e deu nome aos bois, no caso, ao boi.

É muito melhor assim.

Tributo a Saramago

Na sexta-feira da semana passada (18/06), uma notícia entristeceu o mundo literário: o falecimento de José Saramago (foto). O escritor português  foi vitimado, aos 87 anos, pela leucemia crônica que o acometia há algum tempo. Seu estado de saúde se agravou na última semana. 

Saramago é a única personalidade do mundo da língua portuguesa a receber o prêmio nobel, em 1998. Era um artista de muito talento e de muita polêmica religiosa. Um de seus livros mais conhecidos, Ensaio sobre a cegueira, de 1995, foi adaptada para o cinema, em 2008, pelo diretor brasileiro Fernando Meireles.

O escritor faleceu em sua casa, nas Ilhas Canárias, Espanha. Com ele estava a esposa Pilar Del Rio. Seu corpo foi cremado e suas cinzas espalhadas, uma parte em Portugal, e outra na Espanha, que ele considerava sua segunda pátria.

Segue um poema de Saramago. Para ilustrá-lo, posto a foto charmosa de Eliana  Sarges, moça amapaense, universitária do curso de Filosofia. 
Esse texto foi publicado, anteriormente, no blog da Curiosa:(www.meucantinhosensual.blogspot.com/?zx=ce59a2ee9a916db#ixzz0rY2gheCa)


Intimidade
José Saramago
No coração da mina mais secreta,
No interior do fruto mais distante,
Na vibração da nota mais discreta,
No búzio mais convolto e ressoante,

Na camada mais densa da pintura,
Na veia que no corpo mais nos sonde,
Na palavra que diga mais brandura,
Na raiz que mais desce, mais esconde,

No silêncio mais fundo desta pausa,
Em que a vida se fez perenidade,
Procuro a tua mão, decifro a causa
De querer e não crer, final, intimidade.


13 junho 2010

Entrevista de Sócrates

Segue na íntegra a entevista concedida por Sócrates, capitão da seleção brasileira na Copa de 1982, ao jornal inglês The Guadian (www.guardian.co.uk/theobserver/2010/jun/13/socrates-brazil-football-world-cup). A entrevista foi concedida ao repórter Alex Bellos, correspondente do jornal no Brasil.

Antes de lhes oferecer a postagem, devo pedir perdão por não lhes oferecer tradução. O motivo é a falta de tempo. Fico devendo esta. Tudo de bom!

Aroldo José Marinho

Sócrates: 'Everyone who comes to Brazil falls in love with someone'

Brazil's midfield maestro in the 1982 World Cup discusses this year's contenders, smoking and his burgeoning literary career
  


Sócrates
'Dunga is a gaúcho (he's from the south of Brazil) and gaúchos are the most reactionary Brazilians': Sócrates on Brazil's chances. Photograph: Patrick Smith.
What are you up to these days?
So much stuff I can hardly remember. I give lots of seminars about leadership, human relationships, that sort of thing. I have a consultancy for social projects, cultural projects and I will be moving into sports projects. I write for newspapers and magazines about sport and general subjects such as politics and economics. I appear on TV and I'm starting another book.
When you were playing football professionally, you qualified as a medical doctor – what happened to that career?
I can barely remember anything about medicine any more, there is too much else going on.
What's your new book about?
It's fiction and it's about the 2014 World Cup in Brazil. It will come out in two years, God willing. The idea is to show Brazil to the rest of the world.
Fiction – that's a new departure?
Yes. The idea is to create several characters who are foreigners coming to the World Cup. The book will be a compilation of their stories and how they get to know Brazil – the good things of this country and also its problems.
The championship will be pure fiction and the final will be Brazil versus Argentina, with Argentina winning 2-0, both goals scored by Messi. Heh heh. If you have an idea for an English character, tell me, then we'll come up with various scenarios and then we'll put them all together. Everyone has different experiences in Brazil and we want to put in the best.
Can you imagine, say, a Chinese man watching a game in Manaus on a Sunday and then having to get to Salvador for a game on Wednesday? Not a chance he would make it! He'll get lost in the Pantanal [the world's largest wetland], then fall in love with, say, a Korean. Everyone who comes to Brazil falls in love with someone. Obviously! We're the most sexualised people in the world.
Oh, I forgot to mention that I'm still playing music and I've got a theatre project on the go, too. It is a play that uses football as a backdrop. It's by Oduvaldo Vianna Filho and it's called Chapetuba Futebol Clube and I'll be on stage, acting. We are raising money for that at the moment.
Who's going to win the World Cup?
Not even God knows. Really, I don't have the faintest idea. But these countries have what it takes: Spain, Brazil, Holland, England and Argentina, if they have a good team.
Do you really think England can win it?
It all depends on how Wayne Rooney plays. No one knows whether he will be on form, after this recent injury. Without Rooney, the team is significantly not as good.
Do you like the Brazil squad?
It is a very bureaucratic team, very conservative… they'll have problems. There's a new kid at Santos, Paulo Henrique, who is exceptional. He is already the best player in Brazil. He is playing amazingly well and Dunga [the coach] didn't want to take him. He didn't take Ronaldinho; he only chose defensive midfielders, players who mark, players who run. If Kaká isn't playing well, the team will be badly out of kilter.
But isn't Dunga simply being sensible?
Being sensible isn't always the best thing. Who says that being sensible is a sign of quality? I don't think so.
So who would you have taken?
Henrique, for a start. Ronaldinho, too. Players with creativity.
Does the "sensibleness" of Dunga's squad perhaps symbolise the fact that Brazil considers itself a more "sensible" country these days?
Dunga is a gaúcho – he is from the extreme south of Brazil – and they are the most reactionary Brazilians. His team is very coherent, in terms of coherence with his world view and his background. I understand why he has chosen the team that he has; it's just that I don't think it is very Brazilian.
Six years ago, when you were last in the UK, you made one 12-minute appearance for Garforth Town, the Northern Counties League team, in a match against Tadcaster Albion. How do you remember that episode?
It was funny, enjoyable, a fun time.
The other big event for Brazil this year is a presidential election. President Lula, of the Workers' party, will step down after two four-year terms. How were the Lula years for you?
His government has been the best in Brazil's history. It was very good in some aspects. The possibility of the participation of a large part of the population in the consumer market improved. The quality of life for many people got better. International diplomacy has been fantastic.
So, if you had to give President Lula a mark out of 10?
Not 10, you'd have to change everything all at once for that. I'd say a seven or an eight; that's pretty good.
Will you vote for Dilma Rousseff, his successor as the Workers' Party nominee, in the election?
It's not clear what the policies will be. Let's wait to hear the debate.
A lot of global attention is now given to the BRIC countries: Brazil, Russia, India and China. Does Brazil really sit alongside these powers?
This country is fantastic. We have renewable energy, we have fossil fuels. We have water, as much as we want – more than anyone else. The only thing we don't have is a well-mannered population. But this will happen, there will come a time when the people will demand it.
What needs to change here is the focus on development. We need to prioritise the human being.
Sadly, in the globalised world, people don't think about individuals as much as they think about money, the economy, etc, etc. In a country like ours, I think we need to change the focus.
How much is Brazil really modernising? For example, looking ahead to the 2014 World Cup in Brazil, is the administrative side of football any less corrupt than it was before?
Nope. Not even the names of the people in charge have changed. In this aspect, nothing has changed at all. There will be infrastructure problems, without a doubt; there will be lots of public money disappearing into people's pockets. Stadiums will be built and they will stay there for the rest of their lives without anyone using them.
It's all about money. What we need to do is keep up public pressure for improvements in infrastructure, transport, sewerage, but I reckon it will be difficult.
You were noted as a heavy smoker. Are you still smoking?
Yes, of course, maybe even a little more than I used to.
Sócrates will be talking about Brazil and football as part of Festival Brazil, at the Southbank Centre, London, SE1, on 18 July

Novamente o dia dos namorados

Hoje no Brasil se comemora o dia dos namorados. Não errei na afirmação. Também não quero que vocês pensem que os demais países são habitados por um bando de pessoas insensíveis. Nada disso.

A verdade é que, exceto no Brasil, o dia dos namorados é comemorado no dia 14 de fevereiro, data consagrada no calendário católico a são Valentino. Já escrevi texto a respeito numa postagem de 2008. Quem quiser ler o texto citado basta acessar o link:
http://harold-joseph.blogspot.com/2008/06/dia-dos-namorados-e-o-valentino.html 


As datas podem ser diferentes. Mas o sentimento de amor é único. Sempre hverá no mundo algum casal nos inspirando, nos convidando a amar, dar flores, chocolates, etc, etc, etc.


Como presente para as pessoas que amam, ofereço um texto que escrevi em homenagem a um casal que considero um dos mais apaixonados e autênticos do universo. Também segue um clipe muito amoroso.


Viva o dia dos namorados!!!!!!!!!!!!!
Harold



Como John e Yoko
 Aroldo José
Ela vai para a festa,
Eu sigo atrás dela.
Não questiono seus planos.
Só me interessa o seu lance,
Seu olhar certeiro e esperto.
Finjo que não sei de nada.
Mas depois me entrego
E apoio sua jogada.


Ela quer dançar
Até chegar a madrugada.
E eu só quero amar
Esta mulher alucinada.

Nossas boas reputações
Foram destruídas.
Agora somos dois loucos
Vivendo como John e Yoko.

Ela quer o paraíso.
Eu só quero andar na rua.
Pelas noites do Leblon
E saborear vinho Bourbon.
Ela quer ser a rainha da corte.
Eu só quero que ela seja minha
E que venha me aquecer
Nas noites frias.

Nossas tristezas desaparecem.
Uma nova vida nos oferecem.
Agora somos dois loucos,
Vivendo como John e Yoko

Ela não sabe quando parar.
Não quer dá um tempo,
Nem fechar os olhos
E sonhar com repouso.
Sua energia é vida,
Sua entrega é infinita.
Ela nunca vai abraçar
O que é banal ou tradicional.
Brasília, 06/11/05

Fernanda Abreu, participação de Fausto Fawcett- Paisagem de amor