Hoje este espaço é aberto para Bruno Brito, um poeta que mora em Belo Horizonte (MG). Quanto não está militando na poesia, Bruno atua como gerente comercial do Unibanco, na capital mineira.
Este poeta gosta de brincar com as palavras, surpreendê-las e, ao mesmo tempo, surpreender aos leitores. Sem dúvida, não se pode ficar indiferente ao seu texto. Espero que vocês gostem de sua publicação.
Quem desejar fazer contato com o citado poeta, deve acessar: brunobritosouza@yahoo.com.br
Uiofobia
Como alguém pode sofrer disso?
Alguém sabe o que é?
Sentir aversão ao próprio filho.
Algo que eu quero cada vez mais.
Ter...
Criar...
Educar...
Amar...
Um, dois, três... mais de seis.
Eu seria uma mistura de Dona Graça e Seu Edmilson.
Meus pais.
Minha única referência.
Num mesmo ninho.
Emoção e razão, respectivamente.
Extrema abdicação.
Fico imaginando.
O dia do nascimento.
Estarei lá?
Que pergunta idiota.
Depois, o que viria?
O primeiro sorriso.
Os primeiros passos.
E depois de algum tempo.
Escutar...
Pai.
Porém, sinto medo.
Medo de colocar uma vida nesse mundo tão cruel.
Medo de não poder ensinar o que eu não aprendi.
Medo de ele ser ela ou ela ser ele.
Acho que encararia numa boa.
Mas todos os pais pensam nisso.
Você nunca pensou?
Enquanto os dias passam.
Continuo vivendo.
E me perguntando.
Quando serei pai?
Aos 25 ou aos 50?
Sei lá... quando a hora chegar.
A mãe...
Paraense ou mineira?
Seria pelo menos uma brasileira?
Que pergunta difícil.
Não diria difícil.
Diria sem importância.
O mais importante seria.
Que ela... a mãe...
Não sofresse de uiofobia.