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07 maio 2010

Gonçalves de Andrade e Oswald Dias

Na semana passada, fiz postagem de poema de Oswald de Andrade, autor modernista que muito estimo. O casal Bruno e Chris leu o texto, me felicitou. Também citou o Canto de regresso à pátria, do mesmo autor. 

Conheço o texto e também gosto de lê-lo. Lembro que é uma bela paródia de um poema famoso de Gonçalves Dias (1823- 1864). O título do texto é Canção do exílio, foi escrito em 1843, quando da estada do poeta em Coimbra, cidade portuguesa.

Agradeço a Bruno e Chris o comentário. Em retribuição, publico agora o texto de Gonçalves Dias, seguido do poema de Oswald de Andrade.
Tudo de bom!
 Harold 


Canção do Exílio  
Gonçalves Dias
Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sabiá;
As aves, que aqui gorjeiam,
Não gorjeiam como lá.

Nosso céu tem mais estrelas,
Nossas várzeas têm mais flores,
Nossos bosques têm mais vida,
Nossa vida mais amores.

Em cismar, sozinho, à noite,
Mais prazer encontro eu lá;
Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sabiá.

Minha terra tem primores,
Que tais não encontro eu cá;
Em cismar — sozinho, à noite —
Mais prazer encontro eu lá;
Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sabiá.

Não permita Deus que eu morra,
Sem que eu volte para lá;
Sem que desfrute os primores
Que não encontro por cá;
Sem qu'inda aviste as palmeiras,
Onde canta o Sabiá. 










Canto de regresso à pátria
Oswald de Andrade


Minha terra tem palmares
Onde gorjeia o mar
Os passarinhos daqui
Não cantam como os de lá
Minha terra tem mais rosas
E quase que mais amores
Minha terra tem mais ouro
Minha terra tem mais terra
Ouro terra amor e rosas
Eu quero tudo de lá
Não permita Deus que eu morra
Sem que volte para lá
Não permita Deus que eu morra
Sem que volte pra São Paulo
Sem que veja a Rua 15
E o progresso de São Paulo.

03 maio 2010

Por fim

Boa tarde!
Saúdo os leitores e as leitoras do blog. Também peço desculpas pela demora em fazer novas postagens. Minha justificativa é nobre: no momento, ando envolvido com as correções de provas dos alunos das duas instituições onde leciono. Essa tarefa consome o meu tempo e me traz algum cansaço.

Porém, para não deixar de oferecer alguma satisfação para vocês, vim aqui, quase correndo, lhes oferecer um poema de Oswald de Andrade (foto). Quem é ele? Um dos maiores poetas deste país. Num outro dia, poderei oferecer uma biografia detalhada sobre este gênio. Por hora, informo que ele é, nada mais, nada menos do que um dos organizadores da Semana de Arte Moderna, realizada em 1922, em São Paulo. Como vocês sabem, este movimento é um dos eventos culturais mais relevantes na história do Brasil.

Segue um poema de Oswald. Espero que apreciem e que escrevam seus comentários.

Beijos e vida!
Harold

Por fim
Oswald de Andrade
Fatigado
Das minhas viagens pela terra
De camelo e táxi
Te procuro
Caminho de casa
Nas estrelas
Costas atmosféricas do Brasil
Costas sensuais
Para vos fornicar
Como um pai bigodudo de Portugal
Nos azuis do clina
Ao solem nostrum
Entre raios, tiros e jaboticabas.