Na semana passada, fiz postagem de poema de Oswald de Andrade, autor modernista que muito estimo. O casal Bruno e Chris leu o texto, me felicitou. Também citou o Canto de regresso à pátria, do mesmo autor.
Conheço o texto e também gosto de lê-lo. Lembro que é uma bela paródia de um poema famoso de Gonçalves Dias (1823- 1864). O título do texto é Canção do exílio, foi escrito em 1843, quando da estada do poeta em Coimbra, cidade portuguesa.
Agradeço a Bruno e Chris o comentário. Em retribuição, publico agora o texto de Gonçalves Dias, seguido do poema de Oswald de Andrade.
Tudo de bom!
Harold
Canção do Exílio
Gonçalves Dias
Minha terra tem palmeiras, Onde canta o Sabiá;
As aves, que aqui gorjeiam,
Não gorjeiam como lá.
Nosso céu tem mais estrelas,
Nossas várzeas têm mais flores,
Nossos bosques têm mais vida,
Nossa vida mais amores.
Em cismar, sozinho, à noite,
Mais prazer encontro eu lá;
Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sabiá.
Minha terra tem primores,
Que tais não encontro eu cá;
Em cismar — sozinho, à noite —
Mais prazer encontro eu lá;
Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sabiá.
Não permita Deus que eu morra,
Sem que eu volte para lá;
Sem que desfrute os primores
Que não encontro por cá;
Sem qu'inda aviste as palmeiras,
Onde canta o Sabiá.
Canto de regresso à pátria
Oswald de Andrade
Minha terra tem palmares
Onde gorjeia o mar
Os passarinhos daqui
Não cantam como os de lá
Minha terra tem mais rosas
E quase que mais amores
Minha terra tem mais ouro
Minha terra tem mais terra
Ouro terra amor e rosas
Eu quero tudo de lá
Não permita Deus que eu morra
Sem que volte para lá
Não permita Deus que eu morra
Sem que volte pra São Paulo
Sem que veja a Rua 15
E o progresso de São Paulo.