A maioria dos brasileiros já ouviu falar em Vinícius de Moraes (1913-1980). Se não conhece o nome e a história do poeta, provavelmente, já deve ter lido ou ouvido algum verso dele. Para alguns, ele é o letrista de muitos clássicos da bossa nova. É verdade. Porém isso é muito pouco. Antes de se enveredar pela senda da música popular, Vinícius, também chamado de Poetinha, teve uma carreira literária. Foi amigo de poetas ilustres como Mário de Andrade, Oswald de Andrade, Carlos Drummond de Andrade, Manoel Bandeira, Cecília Meireiles; de escritores como Jorge Amado, Rubem Braga, João Cabral de Melo Neto. Artistas plásticos como Cândido Portinari, Di Cavalcanti e o arquiteto Oscar Niemeyer. Também esteve ligado a intelectuais como Sérgio Buarque de Holanda, Antônio Candido e outros que não recordo os nomes.
Diplomata por formação, fez sua entrada na literatura em 1933 com o livro O caminho para a distância. Suas obras iniciais evidenciavam traços da formação humanista recebida dos educadores jesuítas. Todavia o contato com artistas da chamada Geração de 45 o influenciam no sentido de produzir uma literatura marcadas por versos em linguagem mais simples, sensual e, por vezes, carregados de temas sociais. Profissionalmente, durante os noa 40 e 40, atua nas representações diplomática brasileiras nos Estados Unidos, França e Uruguai.
Em 1954, conhece o maestro Tom Jobim com quem escreve a peça musical Orfeu da Conceição, qu depois se tornaria filme,dirigido pelo francês Marcel Camus. O filme, com o título de Orfeu Negro, com canções de Tom e Vinícius na trilha sonora, ganhou o Oscar de melhor filme de 1960. Do encontro entre eles nasceu a canção Chega de Saudade, que, gravada por Elizeth Cardoso e, posteriormente, por João Gilberto, foi considerada a primeira canção do movimento que, em 1958, seria conhecido como Bossa Nova.
Além de Jobim desenvolveu parcerias como outros músicos: Carlos Lyra, Baden Powell, Ary Barroso, Moacir Santos, Edu Lobo, Chico Buarque. Porém sua parceria mais intensa foi com o músico paulista Antônio Pecci Filho, o Toquinho, com quem viria a formar uma dupla nos anos 70, que durou 11 anos, escreveu 120 canções, lançou 25 discos e realizou mais de mil espetáculos no Brasil e em outros países.
No dia 9 de julho de 1980, Vinícius começou a se sentir mal na banheira da casa onde morava, na Gávea, vindo a falecer pouco depois. Na véspera da morte, ele passara o dia anterior com o parceiro Toquinho planejando os últimos detalhes do volume 2 do álbum "Arca de Noé". Em 1981, este LP foi lançado. Mesmo após a morte, a obra musical de Vinicius manteve-se prestigiada na música brasileira.
O poetinha não conheceu Marta Alves, a moça baiana, cuja beleza ilustra este texto. Se a conhecesse, com certeza, a transformaria em sua musa, escreveria para ela poemas como o soneto que segue abaixo. Deixo para vocês um pouco da beleza dupla evidenciada na poesia de Vinícius de Moraes e na figura de Marta.
Aroldo José Marinho
Soneto do amor total
Vinícius de Moraes
Amo-te tanto,meu amor...não cante
O humano coração com mais verdade...
Amo-te como amigo e como amante
Numa sempre diversa realidade.
Amo-te afim,de um calmo amor prestante
E te amo além,presente na saudade
Amo-te enfim com grande liberdade
Dentro da eternidade e a cada instante.
Amo-te como um bicho,simplesmente
De um amor sem mistério e sem virtudes
Com um desejo maciço e permanente.
E de ter amar assim,muito e amiúde
É que um dia em teu corpo de repente
Hei de morrer de amar mais do que pude.
3 comentários:
Vinicius será meu "eterno poetinha",sou admiradora de seus feitos.
Muito bacana a postagem,rever o soneto de amor total me fez entrar em momento de nostalgia.
;)
Lêda!
Bom saber que as poesias de Vinícius lhe dizem tanta coisa boa. Quando for possível, postarei outros textos dele.
Beijos e poesia!!!!
Muito lindo a poesia
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