A imprensa divulgou notícias sobre mais um caso de corrupção envolvendo nomes de ministros do governo brasileiro. A bola da vez é Carlos Lupi, titular da pasta do Trabalho. Uma revista de circulação nacional deu a entender que ele usou de sua influência para favorecer terceiros. A denúncia deu ânimo à oposição de centro-direita, que exigiu à ida de Lupi ao parlamento para se explicar.
Lupi, é óbvio, negou todas as acusações. Procurou mostrar força quando, reunidos com políticos do Partido Democrático Trabalhista (PDT), disse que só sairia do governo abatido à bala. Também negou conhecer as pessoas que a revista indicou serem suas parceira na suposta corrupção. Depois fez alguns reparos no discurso. Foi o bastante para que começassem a correr boatos sobre sua iminente queda.
Se há denúncias, convém investigá-las. Se houver comprovação da veracidade dos fatos, será necessário punir os culpados. Assim funciona a justiça nos países desenvolvidos e democráticos. Contudo, boas doses de serenidade são necessárias à oposição e à imprensa.
Parece estranho que os partidos contrários ao governo de Dilma Rousseff façam o discurso da ética. Sinceramente, não recordo se eles assumiam esta postura nos períodos anteriores à era Lula, quando, com seu apoio, ajudavam a decidir os destinos da nação. Será que o discurso moralizante é apenas uma atitude oportunista?
Novamente, a imprensa tenta assumir o papel destinado à justiça. Cabe a imprensa divulgar os fatos, estimular o debate e as investigações. Mas a função de julgar, absolver ou condenar é própria dos representantes da lei. Quando a imprensa dá a si própria funções judiciárias, passa a ser um organismo tendencioso. Por isso, convém desconfiar das suas intenções quando faz determinadas denúncias.
A construção da democracia passa pela ética, pela moralidade e construção do sentimento de justiça. Não há necessidade de botar o cinismo e o oportunismo na ordem do dia. Que essa seja uma lição rapidamente assimilável em todos os setores da sociedade brasileira.
Aroldo José Marinho
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