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14 fevereiro 2010

Pena Branca

No dia 8 do corrente, a canção popular deste país ficou órfão do talento de Pena Branca. Seu nome de batismo era José Ramiro Sobrinho. O músico, que nasceu em Igarapava, interior paulista, em 1939, partiu para o plano celeste, vítima de infarto.

Ficou conhecido por causa da dupla Pena Branca e Xavantinho, que formou com seu irmão Ranulfo Ramiro da Silva. Com a morte do irmão em 1999, partiu para a carreira solo.

Sobre sua morte, reproduzo texto que foi escrito na edição do dia 10/02 no jornal Correio Braziliense.
Harold

O lamento dos violeiros
Sérgio Maggio

Os violeiros Zé Mulato & Cassiano amanheceram tristes. O dia de ontem foi de nostalgia para a dupla que admirava profundamente Pena Branca, que morreu no fim da tarde de segunda-feira ao passar mal em sua residência, no Jaçanã, Zona Norte de São Paulo. Ele assistia a programa de esportes quando sofreu um ataque cardíaco. O pensamento dos dois estava com o parceiro de vida e de estrada.

— A gente perde um reforço muito forte, um espelho. Pena Branca conseguiu guardar a simplicidade magistral e a autenticidade, lamenta Zé Mulato.

— É um companheiro de luta, um amigo de coração. É mais um pedacinho do nosso mundo caindo, completa Cassiano.

Além da amizade, os dois são profundamente gratos a Pena Branca & Xavantinho (morto em outubro de 1999). Os irmãos vieram a Brasília para show no Clube do Violeiro Caipira, em 1994, e encontraram Zé Mulato & Cassiano sem gravar. Apresentaram os violeiros à gravadora Velas e eles acabaram ganhando o extinto e prestigiado Prêmio Sharp de Música de 1998 com o disco Meu céu, no qual as duplas se encontraram até para compor.

— Na época, eles estavam no auge e exigiram que a gravadora assinasse o contrato com a gente. Foi a nossa grande chance, depois de quase 13 anos sem conseguir fazer um disco. Era uma amizade, um apoio moral. Por todo lado, eles avisavam que eram fãs da nossa dupla, lembra Zé Mulato.

— A gente visitava muito a casa de Pena Branca, encontrava em shows, nos programas de televisão, na estrada. Ele gostava de convidar a gente para comer uma rabada, uma costelada. Dizia: Esse trem ainda mata nós, conta Cassiano.

Em Brasília, o Clube do Violeiro Caipira planeja um tributo a Pena Branca. O presidente, Volmi Batista, era amigo e fã da dupla. Ele sabe e toca todo o repertório, além de ser amigo da família. Quando Xavantinho ficou doente, até se ofereceu para substitui-lo ao lado de Pena Branca.

— Foi em tom de brincadeira porque Pena Branca já estava acompanhado do Viola de Nós (Uberlândia). Nós trouxemos a dupla em 1994 e 1999 (dois meses antes da morte de Xavantinho). Depois, Pena Branca voltou em 2002 para a Folia de Reis do DF, conta Volmi Batista, que comanda o programa Viola e violeiros, das 6h às 7h na Rádio Cultura, no qual pretende homenageá-lo nos próximos dias.

Pena Branca & Xavantinho eram irmãos e cantavam juntos desde 1962, tornando-se uma das principais duplas caipiras do país. Eram a referência para violeiros de norte a sul. Ganharam visibilidade nos anos 1980, quando participaram do Festival MPB Shell, da TV Globo, com a música Que terreiro é esse?, de Xavantinho, que foi classificada para a final. No mesmo ano, lançaram o primeiro LP: Velha morada (Warner), com destaque para Cio da terra (Milton Nascimento e Chico Buarque) e a faixa-título (de Xavantinho). Depois, trilharam uma estrada de prestígio com prêmios como o Sharp de Música e o APCA. A dupla encerrou as atividades em 1999 e Pena Branca seguiu solo com o respeito de sempre.


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