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31 julho 2009

A festa palmeirense

No domingo (16/07), foi realizada mais uma rodada do campeonato brasileiro de futebol. O charme da rodada foi o enfrentamento entre Corinthians e Palmeiras, no maior clássico paulista. Coube às duas equipes da capital jogar em Presidente Prudente. O time corinthiano jogou como mandante. A mídia promoveu o jogo exaltando Ronaldo e sua equipe. Parece que esqueceram que o adversário merecia respeito e citação. Mas Deus é diferente da mídia estúpida e sempre faz justiça aos melhores.
O jogo começou e o povo que queria ver o Ronaldo, viu. Viu ele sair de campo no primeiro tempo. Ele disputou um lance e machucou a mão. Todavia este mesmo povo viu algo mais interessante: o despertar de Obina. No jogo em que Jorginho se despedia do cargo de treinador, o jogador baiano tomou conta e virou o cara do jogo. Foi o responsável pela vitória palmeirense. Os três gols por ele marcados são a prova incontestável da superiodade da equipe verde.
O jogo começou com Palmeiras jogando com três volantes. O que parecia uma formação totalmente defensiva iludiu os adversários. Aos poucos, o time verde foi tomando conta da partida. Esse domínio não demorou para ser traduzido em gols. O primeiro veio aos 31 minutos do primeiro tempo. Obina pulou mais do que a defesa do outro time, deslocou o goleiro e marcou de cabeça. O gol animou Obina e companheiros que fizeram algumas tentativas. Então o juiz apitou o final do primeiro tempo.
Para o outro tempo as equipes voltaram com as posturas que tiveram no anterior. E lá foi o Verdão para cima. Eis que surge um penalti. Obina foi designado para bater. O juiz apitou. Ele bateu direitinho e saiu para o abraço. Mas o juiz mandou ele voltar e repetir a cobrança. Houve invasão de área. Aos 15 minutos, Obina bateu, de novo, e marcou.
Dois gols de vantagem foi o bastante para desnortear o Corinthians. A equipe verde aproveitou para aumentar a pressão. Numa bola de contra-ataque o time chegou rápido na área do adversário. Cleiton Xavier poderia mandar para as redes. Mas viu Obina livre e passou a bola. O terceiro gol de Obina, aos 19 minutos, foi festejado euforicamente. O adversário perdeu o controle, teve um jogador expulso. Depois foi só tocar a bola e fazer olé.
No meio de tanta euforia, preciso fazer minha penitência. Eu fui um dos torcedores que recebeu com desconfiança a contratação de Obina. Pensei que o Flamengo estava se desfazendo dele e botando Palmeiras como gaiato na história. Me enganei. Peço perdão por ter sido precipitado no meu julgamento. Perdão por ter julgado. Não sou juiz. Agora estou redimido. Por isso, proclamo com alegria: Viva santo Obina!!!!!!!
Aroldo José Marinho
Palmeiras de obina

24 julho 2009

Bandeira sempre Bandeira



Salve amigos e amigas do blog!
Hoje, orgulhosamente, abro espaço para um texto do grande Manuel Bandeira (foto à esquerda), um dos maiores poetas do nosso país. Nascido em Recife, em 1886, Bandeira era um homem de talento diversificado. Também atuou como escritor, crítico literário e de arte, professor e tradutor. Participou do grupo que criou a Semana de Arte Moderna de 1922, marco do modernismo brasileiro.

O poeta é mais um desses casos em que um grande talento foi inibido por motivos de saúde. Os problemas que a tuberculose lhe trouxe impuseram limites para que Bandeira pudesse exercer sua produção com maior tempo e segurança.

Depois que concluiu o curso de Humanidades em Recife, seguiu para São Paulo. Queria ser arquiteto. Iniciou o curso. Porém a tuberculose lhe fez abandonar a universidade. Foi procurar tratamento em cidades como Campos do Jordão e Campanha, cujo clima é apropriado para o combate da doença. Mas não houve melhora significativa. Por isso, foi buscar ajudar no sanatório de Clavadel, na Suíça.

Ele era dono de um estilo simples e direto. Seu trabalho aborda temáticas cotidianas e universais. Uma certa melancolia, associada a um sentimento de angústia, permeia sua obra. Nela em que procura uma forma de sentir a alegria de viver. Doente dos pulmões, Bandeira sofria de tuberculose e sabia dos riscos que corria diariamente, e a perspectiva de deixar de existir a qualquer momento é uma constante na sua obra.

Em 1968, Manuel Bandeira passou para o andar superior da existência. O motivo foi a úlcera gástrica que o acometeu, aos 82anos de idade, no Rio de Janeiro. Foi sepultado no cemitério São João Batista, no mausoléu da Academia Brasileira de Letras.

Para vocês, ofereço um bonito texto. Tive acesso indireto através de Roséli Bueno. Li e achei genial. Para ilustrá-lo, a presença inspiradora de Marianne Eloise Hewlett (foto). Espero que da combinação de beleza de texto e foto desperte suspiros e sei lá o que mais em vocês. Rs!

Poemeto erótico
Manoel Bandeira
Teu corpo claro e perfeito,
- Teu corpo de maravilha,
quero possuí-lo no leito
Estreito da redondilha ...

Teu corpo é tudo que cheira ...
Rosa ... flor de laranjeira ...

Teu corpo, branco e macio,
É como um véu de noivado ...

Teu corpo é pomo doirado ...

Rosal queimado de estio,
Desfalecido em perfume ...

Teu corpo é a brasa do lume ...

Teu corpo é chama que flameja
Como à tarde os horizontes ...

É puro como nas fontes
A água clara que serpeja,
Que em cantigas se derrama ...

Volúpia de água e da chama ...

A todo o momento o vejo ...
Teu corpo ... a única ilha
No oceano do meu desejo ...

Teu corpo é tudo que brilha,
Teu corpo é tudo que cheira...
Rosa, flor de laranjeira ....







16 julho 2009

Saber viver


Orgulhosamente, ofereço para vocês um pouco da bela poesia da maravilhosa Cora Coralina. Nascida Ana Lins dos Guimarães Peixoto Bretas, na Cidade de Goiás (GO), ela começou a escrever seus poemas e contos aos i4 anos. Alguns dos textos foram publicados nos jornais de sua cidade. Publicou o primeiro livro denominado Tragédia na roça.
O Brasil passou a conhecer e admirar seu trabalho depois que foi citada por Carlos Drummond de Andrade (um dos santos venerados neste blog). Seu primeiro livro a ter edição nacional foi Poemas dos becos de Goiás, que reúne os poemas que consagraram o estilo da autora e a transformaram em uma das maiores poetisas da língua portuguesa do século 20. O livro publicado em 1965 pela Editora José Olympio. Nesse período, a autora já tinha 75 anos.
Cora Coralina faleceu em abril de 1985, na cidade de Goiânia.


Saber Viver
Cora Coralina
Não sei... Se a vida é curta
Ou longa demais pra nós,
Mas sei que nada do que vivemos
Tem sentido, se não tocamos o coração das pessoas.

Muitas vezes basta ser:
Colo que acolhe,
Braço que envolve,
Palavra que conforta,
Silêncio que respeita,
Alegria que contagia,
Lágrima que corre,
Olhar que acaricia,
Desejo que sacia,
Amor que promove.

E isso não é coisa de outro mundo,
É o que dá sentido à vida.
É o que faz com que ela
Não seja nem curta,
Nem longa demais,
Mas que seja intensa,
Verdadeira, pura... Enquanto durar

10 julho 2009

De Beth e Clarice

Na noite de ontem, fui ao CCBB para assistir a pré-estréia da peça Simplesmente eu. Clarice Lispector. O trabalho em questão é, na verdade, um monólogo baseado na obra da grande escritora. Quem topou realizar essa árdua tarefa foi a atriz Beth Goulart (comigo na foto). Além de atuar, ela dirigiu e selecionou os textos que fazem parte do monólogo. Beth me contou que fez pesquisa lendo alguns dos livros de Clarice, suas entrevistas e correspondências.

O que vi em cena foi a atuação segura de uma atriz que faz a platéia caminhar rumo à emoção. Beth pegou cada um dos presentes pela mão e nos botou dentro do universo lispectoriano. O texto é, ao mesmo tempo, poético e filosófico. Mas também nos oferece momentos de humor. Tudo na justa medida. Impossível não rir de algumas as afirmações e conclusões defendidas pela personagem Clarice. A mulher Beth dá veracidade às essas falas.

Do ponto de vista técnico, Goulart revela ser uma diretora competente. Sua condução do texto é envolvente, dá a impressão de que ela nasceu dentro do universo Lispector. Nesse sentido, os detalhes de figurinos, cenário e iluminação colaboram bastante. O envolvimento é tão grande que, algumas vezes, bati palmas silenciosas para a atriz. Num outro momento, me uni à platéia que ofereceu aplausos calorosos depois que Beth fez uma cena onde o choro da personagem encontrou eco nas pessoas presentes.

Eu poderia erscrever mais sobre a pré-estréia da peça. Todavia me parece desnecessário e inoportuno. Gostei tanto da peça que a tendência é eu escrever coisas belas sobre Beth Goulart e o espetáculo. Contudo essa atitude seria extremada, podendo gerar incompreensão em algumas das pessoas que lêem este blog.
Aroldo José Marinho


08 julho 2009

Um novo grupo

O conjunto aqui apresentado é português e atende pelo nome de Sal. Dentre os membros do quarteto, Fernando Júdice (baixo) e José Peixoto (violão) são conhecidos do público brasileiro. Aqui já estiveram como membros do grupo Madredeus (que assisti em 1999, na Esplanada dos Ministérios). O time é completado por Ana Sofia Varela, considerada uma das melhores vozes da nova geração do fado, e Vicky, reverenciado como um dos melhores percussionistas lusos.

O grupo Sal lançou um cd homônimo em 2007. No repertório há a mistura da herança musical portuguesa com elementos das canções da Andaluzia e do mundo árabe. Essa mistura produz uma música que é, ao mesmo tempo, melódica, bela e singular. Os textos das canções foram escritos pelo poeta Tiago Torres da Silva, que exprimem algo agradável de se ouvir. A canção aqui postada, Ai de mim, é um excelente exemplo da afirmação que fiz.

Outro aspecto que encanta no trabalho do Sal é a instrumentação acústica. Para lhes provar a veracidade de minha impressão, segue o vídeo.
Aroldo José Marinho

Sal- Ai de mim