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25 fevereiro 2010

A água da Amazônia está sendo roubada?

Durante os nove anos em que residi em Belém, tomei contato com o trabalho do jornalista Lúcio Flávio Pinto, 44 anos. Sociólogo de formação, o cara trabalhou para importantes jornais brasileiros. Entre eles, O Estado de S. Paulo, onde por 18 anos foi correspondente na Amazônia. No meu período de pré-verstibular, eu era leitor assíduo do Jornal Pessoa, editado por Pinto.

Além de escriba talentoso, ele é uma das pessoas que mais entende de Amazônia neste país. Ler seus textos traz um ganho duplo: a gente se instrui sobre pertinente assunto e, de quebra, aprende a escrever textos bons e afasta o fantasma da redação de vestibular de nossas vidas.

Saí de Belém e não soube mais notícia dele. Hoje, meio que por acaso, soube que Lúcio é colunista do Yahoo. Lá, assina a coluna Cartas da Amazônia. É desta coluna que transcrevo texto para aprensentar Lúcio Flávio Pinto aos leitores e leitoras do blog

Boa leitura!
Harold


A água da Amazônia está sendo roubada?

Estima-se que 1,5 bilhão de seres humanos já não disponham de água suficiente para suas necessidades essenciais. Significa que, de cada 5 habitantes da Terra, um não tem água nem para beber. Esse contingente, que equivale à população do maior país do mundo, a China, vai precisar resolver esse problema vital de alguma maneira. Pela via pacífica ou através da força. A próxima guerra será pela água, anuncia um número crescente de profetas, baseados mais na correlação lógica de fatores do que numa análise minuciosa e específica das situações.

Este é o mesmo método que utilizam para apontar o sítio dessa próxima guerra: a Amazônia. Nada mais lógico: a bacia amazônica, que se espraia por nove países da América do Sul, mas tem dois terços das suas águas drenadas no território do Brasil, representa 68% da massa de água doce superficial do nosso país e de 8% a 25% (conforme as diferentes avaliações) do total do planeta. Sua principal riqueza ou está escondida no subsolo, em depósitos de minérios, ou na sua floresta tropical, um terço do que ainda subsiste sobre a superfície terrestre. E a mais rica em biodiversidade. Um tesouro difícil de ser protegido, sujeito a todas as formas de roubo.

A mais nova seria a do bem mais abundante e de fácil apropriação. Seguidas denúncias, apregoadas pelas vozes mais distintas, têm assegurado que já seria “assustador” o tráfico de água doce da Amazônia para o exterior. O alerta mais recente foi feito no final do ano passado pela revista jurídica Consulex. Ela garantia que algumas empresas já praticam com desenvoltura essa forma de roubo, que já tem denominações como hidropirataria e bioinvasão.

A atividade ilegal estaria sendo praticada por navios com capacidade de armazenar 250 milhões de litros (ou 250 mil metros cúbicos) de água, que uma empresa da Noruega forneceria para clientes na Grécia, Oriente Médio, Ilha da Madeira e Caribe. Por sair pela metade do custo da dessalinização, o roubo de água teria se tornado atraente no comércio com países carentes de água doce superficial.

A matéria da revista é rica em detalhes e conjecturas, mas não o bastante para convencer sobre o que relata, ecoando denúncias já numerosas. Claro que o acervo de água da Amazônia é questão transcendental. Exige atenção, seriedade, prioridade e investimentos. Todos esses elementos são de enorme deficiência atualmente. O Brasil tem mais de 120 comitês de bacia. Só um deles fica na Amazônia e tem ação urbana, na cidade de Manaus. É um despropósito paradoxal com o significado mundial da bacia amazônica.

Os escassos investimentos em manejo de água na região não permitem um conhecimento adequado sobre os seus recursos hídricos. O interesse mundial cresce numa velocidade muito superior à da atenção nacional. Mesmo as denúncias mais detalhadas, como a da Consulex, porém, ainda se revelam meramente especulativas, quando não totalmente fantasiosas. Devem servir de alerta para o problema, se – e quando – ele surgir.

Até agora, não há nenhum caso comprovado de roubo de água amazônica em território nacional, incluindo o mar de 200 milhas. Os grandes navios (1.200 por ano) entram na região em busca de outros recursos naturais, principalmente minérios e madeira, atracando em cinco portos de grande movimentação. Não têm espaço característico – nem tonelagem necessária – para acumular água – e em escala comercial.

A única área que poderia proporcionar essa pirataria é a foz do Amazonas, onde está a maior ilha fluvial do mundo, a de Marajó, com 50 mil quilômetros quadrados. Nela, o grande rio chega a despejar mais de 200 milhões de litros de água por segundo, no auge da cheia. Não há qualquer caso concreto de um superpetroleiro que tenha estacionado nesse local para se abastecer de um volume como os 250 milhões de litros citados. Pode parecer muito, mas esse volume de água equivale a menos de meio segundo de descarga na vazão máxima natural que o rio Tocantins já alcançou no local onde foi construída a barragem da hidrelétrica de Tucuruí, a quarta maior do mundo, em 1980.

Não parece um grande negócio, capaz de justificar o investimento e o risco, ainda que o patrulhamento da costa amazônica seja deficiente (o que induziu no projeto de criação da nova esquadra da Marinha, prevista para ter sua sede em São Luís do Maranhão e não em Belém, como pareceria mais lógico). A Capitania dos Portos do Pará assegura que fiscaliza todos os navios que entram e saem da região e que, por amostragem, acompanha a qualidade da água que carregam em seus porões como lastro. As normas internacionais autorizam essa operação, que constitui prática comum e nada tem a ver com objetivo comercial ou mesmo roubo com objetivo científico.

A água que o Amazonas despeja no Oceano Atlântico é rica em material particulado em suspensão. Mas qualquer pequena coleta pode ser suficiente para um estudo completo sobre o que contém – e isso é feito por meios legais, normais e saudáveis (embora não na escala recomendável). Quanto ao uso para outros fins, pelo menos para a costa dos Estados Unidos, o Amazonas já dá sua contribuição em larga escala – e gratuita. Avançando até 100 quilômetros no oceano, suas águas derivam para o norte pela força da corrente marítima, indo parar no litoral da Flórida.

Se não é para nos roubar água potável (com volumosa quantidade de sólidos em suspensão), então essa pirataria seria para recolher água rica em nutrientes para algum objetivo ainda não identificado (e, talvez, jamais identificável, por irreal). O campo ainda está aberto à imaginação e à especulação. Para delimitá-lo, a melhor atitude para o bem do país é, sem deixar de se manter atento, investir no conhecimento dos nacionais sobre sua própria riqueza.

O Brasil deve acompanhar com atenção e sempre com atualização o que pensam (e o que fazem) os estrangeiros sobre a – e na – Amazônia. Dispondo de mais recursos e com objetivos mais bem definidos, eles podem servir de espelho para refletir melhor o que os brasileiros e, em particular, os amazônidas, nem sempre conseguem ver, por falta de meios humanos, técnicos e científicos equivalentes.

O mais importante, porém, é saber e acompanhar o que os próprios nacionais pensam ou fazem, em numerosos casos dilapidando os recursos naturais ou os utilizando de forma irracional. Campeão em estoque de água doce do mundo, o Brasil é medíocre no seu manejo. Em Belém, que, por sua localização, serve de porta de entrada da Amazônia, um dos problemas que sua população – de quase 1,5 milhão de habitantes – enfrenta é a falta de água boa para beber, apesar da vasta massa que forma o estuário onde ela se situa. Este é o triste paradoxo atual, cuja visualização e compreensão as sempre vivas teorias conspirativas dificultam.


Fantástico e Nirvana 2

Segue segunda parte da matéria que Álvaro Pereira Júnior fez sobre o Nirvana para o programa Fantástico.
Cordialmente!
Harold


Fantástico e Nirvana

Segue primeira parte da matéria que Álvaro Pereira Júnior fez para o Fantástico sobre a passagem do grupo Nirvana no Brasil.
Tudo de bom!
Harold


Letra e tradução

Segue postagem da canção com letra e tradução.
Harold

Pennyroyal Tea
Kurt Cobain

I'm on my time with everyone
I have very bad posture

Sit and drink Pennyroyal Tea
Distill the life that's inside of me
Sit and drink Pennyroyal Tea
I'm anemic royalty

Give me a Leonard Cohen afterworld
So I can sigh eternally
I'm so tired I can't sleep
I'm a liar and a thief
Sit and drink Pennyroyal Tea
I'm anemic royalty

I'm on warm milk and laxatives
Cherry-flavored antacids

Sit and drink Pennyroyal Tea
Distill the life that's inside of me
I'm anemic royalty (x2)


Chá que custa um centavo

Kurt Cobain

Eu passo tempo com todo mundo,

Minha postura é muito ruim.


Eu sento e bebo um chá que custa um centavo,

Destilo a vida dentro dele.

Eu sento e bebo um chá que custa um centavo,

Eu sou uma realeza anêmica.


Me dê um Leonard Cohen pós-vida

Para que eu possa supirar eternamente.

Estou tão cansado que não consigo dormir.

Eu sou um mentiroso e um ladrão.

Eu sento e bebo um chá que custa um centavo,

Eu sou uma realeza anêmica.


Eu vivo na base do leite quente e laxantes,

Antiácidos e saborosas cerejas.


Eu sento e bebo um chá que custa um centavo,

Destilo a vida dentro dele.

Eu sou uma realeza anêmica.



Recordando Nirvana após 15 anos de saudade

Alguém me lembra que no dia 20 de fevereiro de 1967 nasceu Kurt Cobain. Para quem não está ligando o fato, Cobain foi um dos fundadores de Nirvana, uma das bandas norte-americana mais influentes da história dos anos 90, que encerrou suas atividades em 1994, após o suicídio do vocalista e guitarrista. Ele foi aclamado como um compositor que conseguia transfomar em texto as angústias e inconformismos da geração juvenil daquele período.


Confesso que não acompanhei com intensidade o trabalho de Nirvana. Mas não nego que algumas de suas canções sempre me fotos chamaram atenção. Cito três: Lithium, Jesus doesn't want me for a sunbeam e Pennyroyal tea. Há pessoas que dizem que essas canções são tristes, desesperançadas. Algumas são mesmo. Todavia seus conteúdos não perderam sentido nem beleza artística.

Para esta postagem escolhi Pennyroyal tea, que eu passei a gostar quando ganhei de presente o album MTV unplugged in New York, de 1994. Gosto muito deste disco.

Harold





23 fevereiro 2010

A inveja que não mata

Não sou um homem invejoso. Juro! Isso não combina com o meu caráter. Todavia, hoje vou ter que confessar uma inveja que me persegue há bastante tempo. Sim! Assumo para vocês que eu gostaria de ter composto a canção Um violeiro toca. Este é o motivo de eu sentir inveja dos compositores Almir Sater e Renato Teixeira. Os caras esceveram uma das mais belas canções brasileiras. Para mostrar que a canção é tudo isso e mais algumas coisas, segue postagem.

Tudo de bom sempre!
Harold


Entrevista de Charles Gavin

Reproduzo entrevista postada no blog de Antonio Carlos Miguel, colunista de O Globo, em 22/02/10. Juro que não sabia desta notícia, que é sobre o desligamento de Charles Gavin, baterista dos Titãs, da estrutura da banda.
Harold


Dez dias após o anúncio de sua saída dos Titãs, “por motivos pessoais”, o baterista Charles Gavin (na foto, de Marizilda Cruppe) explicou, numa longa conversa por telefone, suas razões. Basicamente, o cansaço com a vida na estrada, a vontade de ficar mais tempo no Rio ao lado da mulher e das duas filhas pequenas, Dora (nascida em 2002) e Sofia (nascida em 2005).

Como Gavin conta, nos últimos anos, com a crise da indústria do disco, cada vez mais é o mercado de shows que garante o ganha-pão dos músicos. Então, a vida virou uma rotina de hotel, aeroporto/rodoviária, avião/ônibus/van...

— Entre 2008 e 2009, em meio à turnê do “Ao vivo MTV” e a préprodução e a gravação, em São Paulo, do disco “Sacos plásticos”, eu vinha ao Rio apenas para trocar de mala. Falei com a minha analista que estava com pânico ou depressão, mas ela me disse que o que eu tinha era estresse mesmo. Foi quando percebi que era a hora de parar — relembra Gavin.

A separação, amigável, foi acertada no fim do ano passado. A última apresentação com o grupo, num show fechado, para uma empresa, aconteceu no dia 9 de fevereiro, em São Paulo, no teatro Via Funchal. Os quatro Titãs remanescentes, Toni Bello, Paulo Miklos, Branco Mello e Sérgio Britto, já retomaram os palcos, com um substituto, Mario Fabre, indicado pelo irmão de Charles, o que confirma a boa relação entre eles, após 25 anos de convivência e muito trabalho

— Entrei nos Titãs em 1 de janeiro de 1985!

A seguir, a transcrição com os principais trechos da entrevista-desabafo de Gavin, que, já trabalha na quarta temporada do programa “O som do vinil” (que apresenta no Canal Brasil); está finalizando o documentário que dirigiu para o Canal Brasil sobre a gravadora Elenco; lançará em março o DVD de Tom Zé; e, até maio, botará nas lojas, pela Sony Music, mais um lote de dez relançamentos de discos raros da música brasileira.

“Foi uma decisão muito difícil, a mais difícil da minha vida. Eu me senti como amputando um braço, após 25 anos de convívio nos Titãs. Mas, essa é uma decisão que eu vinha amadurecendo desde 2002, quando nasceu a minha primeira filha. Na época, senti um baque grande. Uma banda de rock passa muito tempo na estrada, principalmente as bandas brasileiras, que fazem da estrada seu ganha-pão. Decidi ter filhos mais tarde para poder me dedicar mais a eles, mas somos uma das bandas que mais trabalha no showbiz, fazemos quase 300 shows por ano. Eu pensava que, depois de sair do estágio bebezinho, poderia botar as crianças na estrada, como os filhos dos outros Titãs viveram, mas o mercado mudou demais. Atualmente, fazemos um show em Salvador e, no dia seguinte, temos que estar no interior do Paraná, em seguida, seguir para o interior de Goiás...

Guardo ótimas lembranças desses 25 anos, conheci o Brasil como poucos, tocamos em todos estados da união e isso realmente não tem preço. Por outro lado, nos últimos anos, senti vontade de ter um tempo meu, perdi vários shows perdi no Rio, como o do Police, que adoraria ter visto, por estar tocando em outros lugares.

No primeiro semestre de 2009, achei que iria enlouquecer, passava em casa apenas para trocar de mala. Olhava pro teto do quarto de hotel e me perguntava: ‘O que estou fazendo aqui?’. Então, disse que precisaria de uma licença de um, dois anos. Mas, infelizmente, não dá para ficar dois anos de licença. São muitas decisões importantes que devem ser tomadas, artísticas e de produção, pelo grupo. Mas quis sair pela porta da frente e, se amanhã me der vontade, poder ir a um show, subir ao palco, tocar numa faixa de algum disco dos Titãs.

Após acertarmos a minha saída, guardamos isso entre nós, e conseguimos um desfecho da melhor maneira possível. Saí dos Titãs, mas não vou parar de tocar bateria. E, com as pessoas sabendo disso, os convites vão aparecer. Quanto aos trabalhos paralelos, vão continuar.”

22 fevereiro 2010

Father and son- A tradução

Seguem a letra da canção de Cat Stevens e sua respectiva tradução. Enquanto traduzia, percebi o quanto é belo o conteúdo da letra. Quando tiver meus filhos, com certeza, vou oferecê-la para eles.
De quebra, inseri uma apresentação do artista, em 2008, já como Yusuf Islam. Num concerto apra a comunidade islâmica, ele interpreta a canção aqui evidenciada.
Bom programa!

Harold
Father and son
Cat Stevens
It's not time to make a change
Just relax, take it easy
You're still young, that's your fault
There's so much you have to know
Find a girl, settle down
If you want, you can marry
Look at me, I am old
But I'm happy
I was once like you are now
And I know that it's not easy
To be calm when you've found
Something going on
But take your time, think a lot
I think of everything you've got
For you will still be here tomorrow
But your dreams may not
How can I try to explain
When I do he turns away again
And it's always been the same
Same old story
From the moment I could talk
I was ordered to listen
Now there's a way and I know
That I have to go away
I know I have to go
It's not time to make a change
Just sit down and take it slowly
You're still young that's your fault
There's so much you have to go through
Find a girl, settle down
If you want, you can marry
Look at me, I am old
But I'm happy
All the times that I've cried
Keeping all the things I knew inside
And it's hard, but it's harder
To ignore it
If they were right I'd agree
But it's them they know, not me
Now there's a way and I know
That i have to go away
I know I have to go.
Tradução
Pai e filho
Este não é o tempo para realizar mudança.
Por isso, relaxe, fique calmo.
Você, ainda é jovem, esse é que é o seu problema.
Existe muita coisa para você conhecer.
Arrume uma garota, construa uma casa .
Se quiser, pode casar.
Olhe para mim que estou velho,
Porém eu sou feliz.
Eu já fui como você é hoje.
E eu sei que não é fácil
Ficar calmo quando você percebe
Que alguma coisa está acontecendo.
Mas dê um tempo, pense bastante.
Eu acredito que tudo que você tem nos dias de hoje
Ainda, estará aqui amanhã.
Porém os seus sonhos podem não está mais aqui.
Como posso tentar lhe explicar?
Quando eu tento, ele se distancia novamente.
É sempre assim,
A mesma história.
Quando eu poderia falar,
Me mandaram ouvir.
Agora eu sei que existe um caminho.
Eu sei que tenho que partir.
Este não é o tempo para realizar mudança.
Apenas sente-se, faça isso devagarzinho.
Você, ainda é jovem, esse é que é o seu problema.
Existe muita coisa para você encarar profundamente.
Arrume uma garota, construa uma casa .
Se quiser, pode casar.
Olhe para mim que estou velho,
Porém eu sou feliz.
As vezes em que eu chorei,
Conservei dentro de mim todas as coisas que eu conhecia.
E isso é difícil, mas é muito difícil,
De ignorar.
Se eles estivessem certos, eu concordaria.
Mas isso é com eles, não comigo.
Agora eu sei que existe um caminho.
Eu sei que tenho que partir.
Eu tenho que partir.
http://www.youtube.com/v/4cpX1ZjuaiA&hl=pt_BR&fs=1&">

Father and son

Hoje posto a canção Father and son, de Cat Stevens. Esse compositor e cantor inglês foi muito famoso nos anos 70. Entre vocês há pessoas que conhecem, um pouco, algo da biografia de Stevens. Nascido em 1948, seu nome de batismo é Steven Demetre Georgiou. Filho de pai grego e mãe sueca, criado no contexto da miscelânea de fé cristã: seu pai era membro da igreja ortodoxa, a mãe professava o luteranismo. Para completar, o filho foi enviado para uma escola católica. Essa mistura, de certo modo, o levou a procurar algo que fosse, aos seus olhos, inovador.

Começou a carreira artística na década de 60. Porém foi na década seguinte que seu trabalho alcançou reconhecimento de público e crítica em muitos países. Desse período, destaco dois trabalhos: o disco Mona Jakon Bone, de 1970, e a trilha sonora do filme Harold & Maude- Ensina-me a viver, de Hal Ashby, que Stevens gravou em 1971.

Encerrou a carreira artística em 1977. O motivo dessa atitude foi sua conversão ao islamismo. Além de da música, ele se despediu do nome conhecido, adotou o nome muçulmano de Yusuf Islam e passou a se dedicar às comunidades islâmicas da Inglaterra.

Segue uma lembrança da época em que sua música eternecia muitos corações.
Harold

Cat Stevens- Father and son



20 fevereiro 2010

É ou não é?

Não tenho muito conhecimento na área de cinema. Minha praia é a música. Mesmo assim, me atrevo a dizer que nunca apareceu na tela mulher mais bonita do que Brigitte Bardot. Esta é a minha opinião. Mas não creio que possa haver discordância. Se alguém duvidar, ofereço esta postagem. É uma cena do filme E Deus criou a mulher (Et Dieu... créa la femme), de Roger Vadim. O filme foi feito em 1956. Bardot, aos 21 anos, era uma deusa em ascensão.

Prá que tanto comentário? A cena diz tudo e ponto final.
Aroldo José Marinho

Brigitte Bardot no filme E Deus criou a mulher

Download:
FLVMP43GP

18 fevereiro 2010

Jeans

O texto aqui postado foi escrito por Carlos Augusto Cacá e publicado no livro Fadas Guerreiras, da LGE Editora, em 2003. O autor é egresso de uma realidade social pouco favorecida. Trabalhou como jornaleiro, garçom, faxineiro, alfaiate e bancário. Foi um dos fundadores do centro acadêmico do curso de Ciências Sociais na UnB. Também atuou em diversos grupos de teatro amador do DF.
Ligado aos movimentos sociais, sempre teve atuação próxima do MST e militância no sindicato bancário.
Agora chegou a vez dos leitores e leitoras do blog conhecerem, um pouco do trabalho de Cacá. O texto é ilustrado pela bela figura de Juliana Santos.
Harold


Jeans
Carlos Augusto cacá
Lembra propaganda antiga
Falando de liberdade.
Lembra cintura, barriga,
Umbigo, pêlos, vontade.

O jeans veste as bonitas,
As alegres e as tristonhas.
Veste até as esquisitas
E as que gostam de maconha.

Indigo-blues popular,
Símbolo de juventude,
Que faz lual sem luar.
Não abre mão da atitude.

Saia, pra pernas bonitas.
Pantalona, pra elegância,
Santropê mostra a barriga.
De cós alto, a abundância.

O jeans pode mostrar tudo,
Pra quem tem corpo bem-feito.
E, se eu fiquei mudo,
Foi por te ver desse jeito.

Seu jeans é especial.
Parece um jeans normal,
Mas, no fundo, me comove.
Não é por ser desbotado
É que eu fico emocionado
Com tudo que ele envolve.

14 fevereiro 2010

Valeu Pena!!!

Aqui está a minha homenagem ao grande Pena Branca. Aqui ele canta um clássico do cancioneiro rural deste país.
Obrigado por tudo Pena! Valeu!!!
Harold

Pena Branca- Cuitelinho

Download:
FLVMP43GP

Pena Branca

No dia 8 do corrente, a canção popular deste país ficou órfão do talento de Pena Branca. Seu nome de batismo era José Ramiro Sobrinho. O músico, que nasceu em Igarapava, interior paulista, em 1939, partiu para o plano celeste, vítima de infarto.

Ficou conhecido por causa da dupla Pena Branca e Xavantinho, que formou com seu irmão Ranulfo Ramiro da Silva. Com a morte do irmão em 1999, partiu para a carreira solo.

Sobre sua morte, reproduzo texto que foi escrito na edição do dia 10/02 no jornal Correio Braziliense.
Harold

O lamento dos violeiros
Sérgio Maggio

Os violeiros Zé Mulato & Cassiano amanheceram tristes. O dia de ontem foi de nostalgia para a dupla que admirava profundamente Pena Branca, que morreu no fim da tarde de segunda-feira ao passar mal em sua residência, no Jaçanã, Zona Norte de São Paulo. Ele assistia a programa de esportes quando sofreu um ataque cardíaco. O pensamento dos dois estava com o parceiro de vida e de estrada.

— A gente perde um reforço muito forte, um espelho. Pena Branca conseguiu guardar a simplicidade magistral e a autenticidade, lamenta Zé Mulato.

— É um companheiro de luta, um amigo de coração. É mais um pedacinho do nosso mundo caindo, completa Cassiano.

Além da amizade, os dois são profundamente gratos a Pena Branca & Xavantinho (morto em outubro de 1999). Os irmãos vieram a Brasília para show no Clube do Violeiro Caipira, em 1994, e encontraram Zé Mulato & Cassiano sem gravar. Apresentaram os violeiros à gravadora Velas e eles acabaram ganhando o extinto e prestigiado Prêmio Sharp de Música de 1998 com o disco Meu céu, no qual as duplas se encontraram até para compor.

— Na época, eles estavam no auge e exigiram que a gravadora assinasse o contrato com a gente. Foi a nossa grande chance, depois de quase 13 anos sem conseguir fazer um disco. Era uma amizade, um apoio moral. Por todo lado, eles avisavam que eram fãs da nossa dupla, lembra Zé Mulato.

— A gente visitava muito a casa de Pena Branca, encontrava em shows, nos programas de televisão, na estrada. Ele gostava de convidar a gente para comer uma rabada, uma costelada. Dizia: Esse trem ainda mata nós, conta Cassiano.

Em Brasília, o Clube do Violeiro Caipira planeja um tributo a Pena Branca. O presidente, Volmi Batista, era amigo e fã da dupla. Ele sabe e toca todo o repertório, além de ser amigo da família. Quando Xavantinho ficou doente, até se ofereceu para substitui-lo ao lado de Pena Branca.

— Foi em tom de brincadeira porque Pena Branca já estava acompanhado do Viola de Nós (Uberlândia). Nós trouxemos a dupla em 1994 e 1999 (dois meses antes da morte de Xavantinho). Depois, Pena Branca voltou em 2002 para a Folia de Reis do DF, conta Volmi Batista, que comanda o programa Viola e violeiros, das 6h às 7h na Rádio Cultura, no qual pretende homenageá-lo nos próximos dias.

Pena Branca & Xavantinho eram irmãos e cantavam juntos desde 1962, tornando-se uma das principais duplas caipiras do país. Eram a referência para violeiros de norte a sul. Ganharam visibilidade nos anos 1980, quando participaram do Festival MPB Shell, da TV Globo, com a música Que terreiro é esse?, de Xavantinho, que foi classificada para a final. No mesmo ano, lançaram o primeiro LP: Velha morada (Warner), com destaque para Cio da terra (Milton Nascimento e Chico Buarque) e a faixa-título (de Xavantinho). Depois, trilharam uma estrada de prestígio com prêmios como o Sharp de Música e o APCA. A dupla encerrou as atividades em 1999 e Pena Branca seguiu solo com o respeito de sempre.


A nossa folia é outra

O país inteiro caiu na folia. Normal! Estamos no período de carnaval. Nnehum fato novo. Porém para nós que vivemos no Distrito Federal (DF) esta farra tem um sabor de novidade, que é motivcado pela prisão do governador José Roberto Arruda. Esse momento é histórico: jamais um governador brasileiro foi preso no exercício de seus mandato. E olha que Arruda fez por merecer. As denúncias de corrupção estão aí gravadas e divulgadas no You Tube.

Já que estamos na folia. Vamos nos divertir com uma canção de Chico Buarque. Gravada para a trilha sonora do filme homônimo, de 1972, dirigido por Carlos Diegues, com a participação no clipe do ator HUgo Carvana, a canção, neste momento, soa como uma homenagem às pessoas do DF que acreditam na ética, na honra e, sobretudo, na ação isenta e veloz da justiça.

Viva a nossa folia!
Harold

Chico Buarque- Quando o carnaval chegar



A notícia da semana

A grande notícia do dia 11 no Distrito Federal (DF) foi a prisão do governador José Roberto Arruda. Esse aí, que aparece na foto com cara de bom moço, Ele e mais algumas pessoas do meio político foram flagradas em gravações de imagens no exato momento em que, supostamente, recebiam propina de um assessor governamental. A justiça determinou seu encarceramento imediato.
Segue abaixo postagem feita no blog do jornalista Ricardo Noblat (http://oglobo.globo.com/pais/noblat/posts/2010/02/11/decretada-prisao-de-arruda-265560.asp). Vale a pena fazer a leitura.
Abraços!
Aroldo José Marinho




Decretada prisão de Arruda

STJ manda Polícia Federal prender governador e mais cinco pessoas

De Andrei Meirelles, da ÉPOCA:

O Superior Tribunal de Justiça decretou a prisão preventiva do governador de Brasília, José Roberto Arruda, e de mais cinco pessoas pela tentativa de suborno do jornalista Edmilson Edson dos Santos, o Sombra, testemunha do escândalo do panetone.

O ministro Fernando Gonçalves, relator do inquérito da Operação Caixa de Pandora, acatou pedido da subprocuradora Geral da República Raquel Dodge para a prisão do governador, do ex-deputado Geraldo Naves, do ex-secretário de Comunicação do DF Wellington Morais, do diretor de Operações da Centrais Elétricas de Brasília, Haroaldo Brasil de Carvalho, e de Rodrigo Arantes, sobrinho e secretário particular de Arruda.

Antonio Bento, preso em flagrante pela Polícia Federal ao entregar uma sacola com R$ 200 mil a Edson Sombra, já está detido no presídio da Papuda. A Corte Especial do STJ acaba de ser convocada pelo presidente do Tribunal, ministro César Asfor, para referendar a decisão de Fernando Gonçalves.

Na quinta-feira (4), a Polícia Federal prendeu o funcionário aposentado Antonio Bento da Silva em uma confeitaria de Brasília. Ele foi flagrado entregando R$ 200 mil em espécie em uma sacola ao jornalista Edmilson Edson dos Santos, o Sombra.

Esse dinheiro seria a primeira parcela de um total de R$ 1 milhão para que Sombra assinasse um documento desqualificando a denúncia do ex-delegado Durval Barbosa no escândalo do panetone. Em depoimento prestado à PF, a que ÉPOCA teve acesso, Bento diz ter intermediado a tentativa de suborno convencido de que a ordem teria partido do próprio governador Arruda.

A situação de Arruda começou a se complicar com a prisão, em 4 de janeiro, do funcionário aposentado Antonio Bento da Silva em uma confeitaria de Brasília. Ele foi flagrado entregando R$ 200 mil em espécie em uma sacola ao jornalista Edmilson Edson dos Santos, o Sombra.

Esse dinheiro seria a primeira parcela de um total de R$ 1 milhão para que Sombra assinasse um documento desqualificando a denúncia do ex-delegado Durval Barbosa no escândalo do panetone.

Em depoimento prestado à Polícia Federal, a que ÉPOCA teve acesso, Bento diz ter intermediado a tentativa de suborno convencido de que a ordem teria partido do próprio governador Arruda.Antonio Bento diz que há três semanas foi procurado por Rodrigo Arantes – sobrinho e secretário particular do governador.

Segundo Bento, em nome de Arruda, Rodrigo lhe pediu para fazer a proposta de suborno ao jornalista Edson Sombra, principal parceiro de Durval Barbosa nas denúncias sobre o esquema de propina em Brasília.

Bento disse que, durante essa negociação, esteve seis vezes com Rodrigo, além de também falar com o sobrinho de Arruda por telefone. Na véspera de sua prisão, ele fechou o acordo com Sombra, depois foi se encontrar com Rodrigo Arantes na Granja de Águas Claras, residência oficial do governador, para acertar detalhes sobre o pagamento do suborno.

No depoimento, Antonio Bento afirmou que “Rodrigo agiu em nome do governador Arruda”. Auxiliares do governador dizem que Rodrigo é como um filho para Arruda e, se de fato ele, participou da tentativa de suborno, estaria cumprindo ordens. “É zero a possibilidade do Rodrigo tomar qualquer iniciativa sem o aval do Arruda”, afirma um assessor do governador.

No depoimento, Antonio Bento disse que, na quarta-feira (3), recebeu o dinheiro das mãos de um portador enviado por Rodrigo, por volta das 22h30, nas imediações da churrascaria Porcão. No dia seguinte, ele foi preso ao repassar os R$ 200 mil para Sombra.

13 fevereiro 2010

É a minha condição

Sei de gente que não gosta de Lulu Santos. Admito que não sou um admirador de sua obra nem acompanho de perto sua carreira. Todavia eu gosto desta canção. Ele foi bastante feliz quando a compôs. Eu acredito no discurso que está dito nela .
Tudo de bom!
Harold

Lulu Santos- Condição

12 fevereiro 2010

Trailer oficial do filme A fita branca


A fita Branca

Comentário de filme 3

O comentário seguinte também é sobre A fita branca, de Michael Haneke. Desta feita, quem opina é a jornalista Isabela Boscov, da revista Veja. Vamos assistir?
Harold

Comentário de Isabela Boscov

Comentário de filme 2

Posto o comentário de Neusa Barbosa, articulista do CineWeb, do Jornal Estado de São Paulo. Ela escreveu sobre o filme A fita branca, de Michael Haneke, que estréia hoje nos cinemas brasileiros. Creio que é útil fazer esta leitura.
Harold

Indicado ao Oscar, A fita branca revê raízes dos nazismo

Produção ganhou a Palma de Ouro em Cannes, é favorita ao Oscar de filme estrangeiro e disputa fotografia

SÃO PAULO - Com o drama "A Fita Branca", o diretor Michael Haneke ("Caché", "Violência Gratuita") conquistou a Palma de Ouro em Cannes 2009 e duas indicações para o Oscar 2010 - filme estrangeiro e fotografia, aliás, um excelente trabalho em preto-e-branco do renomado Christian Berger.

Parceiro habitual do cineasta, Berger visitou São Paulo no final do ano passado, ministrando um workshop durante a Mostra Internacional de Cinema. O filme entra em circuito nacional.

A história, de autoria do próprio Haneke, ambienta-se numa pequena aldeia alemã, no princípio do século 20, pouco antes do estouro da 1.ª Guerra Mundial. A placidez do lugar na verdade, não passa de aparência. Este pequeno mundo isolado, que parece viver segundo uma série de regras morais e religiosas, está corrompido no seus sentimentos e valores mais profundos.

Os primeiros sinais são claros. O médico local (Rainer Bock) sofre uma grave queda do cavalo depois que alguém esticou um fino fio metálico entre duas árvores, no seu caminho para casa. Gravemente ferido, ele corre risco de morte, ficando seus filhos aos cuidados da parteira local (Susanne Lothar).

O incidente, que parece isolado, multiplica-se em outros - como a morte aparentemente acidental de uma lavradora a serviço do barão (Ulrich Tukur, de "Amém"), o mais poderoso proprietário rural da região, de quem praticamente todos os camponeses dependem para trabalhar.

O filho da lavradora reage, acreditando que o barão é culpado pela morte da mãe, destruindo sua larga plantação de repolhos. Logo mais, mesmo crianças, como Sigi (Fion Mutert), filho do barão, e Karli (Eddie Grahl), o filho da parteira, que sofre de síndrome de Down, são vítimas de violências.

Um conjunto de episódios que choca a comunidade, muito rígida e estruturada na moral protestante, sob a liderança de um pastor (Burghart Klausner, de "O Leitor").

O único a destoar do padrão de comportamento local é o jovem professor primário (Christian Friedel), que veio de uma aldeia perto dali. Espécie de voz sutil da razão, ele é também o único a estranhar a liderança exercida por Klara (Maria-Victoria Dragus), filha mais velha do pastor, sobre as demais crianças do lugar.

Não é difícil perceber o quanto essas crianças são oprimidas por uma educação severa e cruel, que as submete a dolorosos castigos físicos, obrigando-as a um respeito absoluto pela hierarquia, que não lhes permite qualquer opinião ou comentário sobre coisa alguma. O machismo dominante exerce um peso ainda maior sobre meninas e mulheres.

Nessa pequena comunidade, chama a atenção também a aparente distância de uma Justiça organizada. O poder político é exercido pelo mesmo barão que domina a região economicamente e mantém em suas terras as mesmas relações medievais de trabalho existentes há séculos. Mesmo a polícia fica de fora, a não ser quando os eventos criminosos tornam-se frequentes demais para continuarem a ser abafados.

Não é difícil enxergar aqui uma fábula sobre as raízes do nazismo, que em poucas décadas tomaria conta da Alemanha, seguindo os mesmos monstruosos princípios da justiça com as próprias mãos contra os alvos tidos como "culpados" por algum tipo de ruptura da ordem social tida como ideal - bem como a busca da eliminação dos mais fracos e dos deficientes.

De qualquer modo, "A Fita Branca" pode ser visto como uma crítica profunda a vários tipos de autoritarismo. Por isso, é o tipo de filme para o qual espectadores atentos poderão encontrar diversas interpretações.

Comentário de filme

Boa tarde!
No ano passado, durante o Festival Internacional de Cinema de Brasilia (FIC), assistir, em primeira mão o Filme A fita branca (Dias weisse band), do diretor Michael Haneke, que, no ano passado, foi ganhador da Palma de Ouro do Festival de Cinema de Cannes.
Vi o filme. Achei genial! Por isso, recomendo para todos assistirem. Vou assistir novamente. Agora posto o comentário feito pelo crítico de cinema do jornal Correio Braziliense, na edição de hoje.
Harold


A fita branca ****
As raízes do mal
Pedro Brandt

Muito se falou sobre A fita branca, novo filme do diretor austríaco Michael Haneke (o mesmo de A professora de piano e Caché), ser sobre as raízes do nazismo. Essa interpretação é possível, mas o longa-metragem (ganhador da Palma de Ouro em Cannes em 2009) fala essencialmente sobre o surgimento do mal no ser humano.

Às vésperas da Primeira Guerra Mundial, os moradores de uma cidadezinha alemã se deparam com incidentes estranhos e sem explicação. Primeiro, o médico do vilarejo sofre um acidente ao cair do cavalo — que tropeça em uma linha amarrada entre as árvores perto de sua casa. Em momentos distintos, duas crianças são sequestradas e torturadas. Um celeiro é incendiado. Isso gera na população um sentimento de insegurança e desconfiança.

O mistério que permeia a trama é tão importante para A fita branca quanto o cenário psicológico apresentado por Haneke: relações patriarcais marcadas pela rigidez, punição moral (vem daí o título do filme) e violência.

O diretor conduz o longa com elegância e primor técnico, o que se percebe na belíssima fotografia em preto e branco, na direção de arte, no figurino e na direção do elenco — que imprime em cena atuações bastante realistas. Ainda que os argumentos de Haneke possam ser contestados, ao final do filme, além do mal-estar causado pela forte temática abordada, fica o convite à reflexão. A fita branca concorre ao Oscar de melhor filme estrangeiro.


11 fevereiro 2010

O último discurso


Como é do conhecimento geral, a médica Zilda Arns (que aparece nas fotos com as diversas crianças que ela transformou em seus filhos), fundadora da Pastoral da Criança, faleceu no 12 de janeiro passado, vítima do terremoto no Haiti. Ele foi ao paí centro-americano fazer uma conferência como convidada da conferência episcopal haitiana. Ela faleceu dentro de uma igreja, compartilhando sua excepcional experiência de como salvar crianças pobres da desnutrição e da morte.

Acredito que ela é um grande exemplo de fraternidade e doação sem limites ao mais necessitados. Sua atuação deve servir como referência para mim e demais pessoas. gente que tem uma imensa sede de transformação social mas que, infelizmente, muitas vezes, fica parada. Não consegue fazer com que belo discurso se torne uma ação concreta e transformadora. Como presente, segue, na íntegra o último discurso proferido por Zilda Arns.

Aroldo José Marinho

Agradeço o honroso convite que me foi feito. Quero manifestar minha grande alegria por estar aqui com todos vocês em Porto Príncipe, no Haiti, para participar da assembleia de religiosos.

Como irmã de dois franciscanos e de três irmãs da Congregação das Irmãs Escolares de Nossa Senhora, estou muito feliz entre todos vocês. Dou graças a Deus por este momento.

Na realidade, todos nós estamos aqui, neste encontro, porque sentimos dentro de nós um forte chamado para difundir ao mundo a boa notícia de Jesus. A boa notícia, transformada em ações concretas, é luz e esperança na conquista da Paz nas famílias e nas nações. A construção da Paz começa no coração das pessoas e tem seu fundamento no amor, que tem suas raízes na gestação e na primeira infância, e se transforma em fraternidade e responsabilidade social.

A Paz é uma conquista coletiva. Tem lugar quando encorajamos as pessoas, quando promovemos os valores culturais e éticos, as atitudes e práticas da busca do bem comum, que aprendemos com nosso mestre Jesus: "Eu vim para que todos tenham vida e a tenha em abundância" (Jo 10.10).

Espera-se que os agentes sociais continuem, além das referências éticas e morais de nossa Igreja, ser como Ela, mestres em orientar as famílias e comunidades, especialmente na área da saúde, educação e direitos humanos. Deste modo, podemos formar a massa crítica das comunidades cristãs e de outras religiões, em favor da proteção da criança desde a concepção, e mais excepcionalmente até os seis anos, e do adolescente. Devemos nos esforçar para que nossos legisladores elaborem leis e os governos executem políticas públicas que incentivem a qualidade da educação integral das crianças e saúde, como prioridade absoluta.

O povo seguiu Jesus porque ele tinha palavras de esperança. Assim, nós somos chamados para anunciar as experiências positivas e os caminhos que levam as comunidades, as famílias e os pais a serem mais justos e fraternos.

Como discípulos e missionários, convidados a evangelizar, sabemos que força propulsora da transformação social está na prática do maior de todos os mandamentos da Lei de Deus: o Amor, expressado na solidariedade fraterna, capaz de mover montanhas: "Amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a nós mesmos" significa trabalhar pela inclusão social, fruto da Justiça; significa não ter preconceitos, aplicar nossos melhores talentos em favor da vida plena, prioritariamente daqueles que mais necessitam. Somar esforços para alcançar os objetivos, servir com humildade e misericórdia, sem perder a própria identidade. Todo esse caminho necessita de comunicação constante para iluminar, animar, fortalecer e democratizar nossa missão de fé e vida. Cremos que essa transformação social exige um investimento máximo de esforços para o desenvolvimento integral das crianças. Esse desenvolvimento começa quando a criança se encontra ainda no ventre sagrado da sua mãe. As crianças, quando estão bem cuidadas, são sementes de Paz e Esperança. Não existe ser humano mais perfeito, mais justo, mais solidário e sem preconceitos que as crianças.

Não é por nada que disse Jesus: "... se vocês não ficarem iguais a estas crianças, não entrarão no Reino dos Céus" (MT 18,3). E "deixem que as crianças venham a mim, pois deles é o Reino dos Céus" (Lc 18, 16).

Hoje vou compartilhar com vocês uma verdadeira história de amor e inspiração divina, um sonho que se fez realidade. Como ocorreu com os discípulos de Emaús (Lc 24, 13-35), "Jesus caminhava todo o tempo com eles. Ele foi reconhecido a partir do pão, símbolo da vida." Em outra passagem, quando o barco no Mar da Galileia estava prestes a afundar sob violentas ondas, ali estava Jesus com eles, para acalmar a tormenta. (Mc 4, 35-41).

Com alegria vou contar o que "eu vi e o que tenho testemunhado" há mais de 26 anos desde a fundação da Pastoral da Criança, em setembro de 1983.

Aquilo que era uma semente, que começou na cidade de Florestópolis, no Estado do Paraná, no Brasil, se converteu no Organismo de Ação Social da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, presente em 42 mil comunidades pobres e nas 7 mil paróquias de todas as Dioceses da Brasil.

Por força da solidariedade fraterna, uma rede de 260 mil voluntários, dos quais 141 mil são líderes que vivem em comunidades pobres, 92% são mulheres, e participam permanentemente da construção de um mundo melhor, mais justo e mais fraterno, a serviço da Vida e da Esperança. Cada voluntário dedica em média 24 horas ao mês a esta Missão transformadora de educar as mães e famílias pobres, compartilhar o pão da fraternidade e gerar conhecimentos para a transformação social.

O objetivo da Pastoral da Criança é reduzir as causas da desnutrição e a mortalidade infantil, promover o desenvolvimento integral das crianças, desde sua concepção até o seis anos de idade. A primeira infância é uma etapa decisiva para a saúde, a educação, a consolidação dos valores culturais, o cultivo da fé e da cidadania com profundas repercussões por toda a vida.

Um pouco de história

Sou a 12ª de 13 irmãos, cinco deles são religiosos. Três irmãs religiosas e dois sacerdotes franciscanos. Um deles é Dom Paulo Evaristo, o Cardeal Arns, Arcebispo emérito de São Paulo, conhecido por sua luta em favor dos direitos humanos, principalmente durante os vinte anos da ditadura militar do Brasil.

Em maio de 1982, ao voltar de uma reunião da Organização das Nações Unidas (ONU), em Genebra, Dom Paulo me chamou pelo telefone à noite. Naquela reunião, James Grant, então diretor executivo da Unicef (Fundo das Nações Unidas para a Infância), falou com insistência sobre o soro oral. Considerado como o maior avanço da medicina no século passado, esse soro era capaz de salvar da morte milhões de crianças que poderiam morrer por desidratação devido a diarreia, uma das principais causas da mortalidade infantil no Brasil e no mundo. James Grant conseguiu convencer a Dom Paulo para que motivasse a Igreja Católica a ensinar as mães a preparar e administrar o soro oral. Isso podia salvar milhares de vidas.

Viúva fazia cinco anos, eu estava, naquela noite histórica, reunida com os cinco filhos, entre os nove e dezenove anos, quando recebi a chamada telefônica do meu irmão Dom Paulo. Ele me contou o que havia passado e me pediu para refletir sobre isso. Como tornar realidade a proposta da Igreja de ajudar a reduzir a morte das crianças? Eu me senti feliz diante deste novo desafio. Era o que mais desejava: educar as mães e famílias para que soubessem cuidar melhor de seus filhos!


Creio que Deus, de certo modo, havia me preparado para essa missão. Baseada na minha experiência como médica pediatra e especialista em saúde pública e nos muitos anos de direção dos serviços públicos de saúde materna-infantil, compreendi que, além de melhorar a qualidade dos serviços públicos e facilitar às mães e crianças o acesso a eles, o que mais falta fazia às mães pobres era o conhecimento e a solidariedade fraterna, para que pudessem colocar em prática algumas medidas básicas simples e capazes de salvar seus filhos da desnutrição e da morte, como por exemplo a educação alimentar e nutricional para as grávidas e seus filhos, a amamentação materna, as vacinas, o soro caseiro, o controle nutricional, além dos conhecimentos sobre sinais e sintomas de algumas doenças respiratórias e como as prevenir.

Me vem à mente então a metodologia que utilizou Jesus para saciar a fome de 5.000 homens, sem contar as mulheres e as crianças. Era noite e tinham fome. Os discípulos disseram a Jesus que o melhor era que deixassem suas casa, mas Jesus ordenou: "Dai-lhes vós de comer". O apóstolo Felipe disse a Jesus que não tinham dinheiro para comprar comida para tanta gente. André, irmão de Simão, sinalou a uma criança que tinha dois peixes e cinco pães. E Jesus mandou que se sentassem em grupos de cinquenta a cem pessoas (em pequenas comunidades). Então pensei: Por que morrem milhões de crianças por motivos que podem facilmente ser prevenidos? O que faz com que eles se tornem criminosos e violentos na adolescência?

Recordei o início da minha carreira, quando me desafiei a querer diminuir a mortalidade infantil e a desnutrição. Vieram a minha mente milhares de mães que trocaram o leite materno pela mamadeira diluída em água suja. Outras mães que não vacinavam seus filhos, quando não havia ainda cesta básica no Centro de Saúde. Outras mães que limpavam o nariz de todos os seus filhos com o mesmo pano, ou pegavam seus filhos e os humilhavam quando faziam xixi na cama. E ainda mais triste, quando o pai chegava em casa bêbado. Ao ouvir o grito de fome e carinho de seus filhos, batiam neles mesmo quando eram muito pequenos. Sabe-se, segundo resultados de pesquisas da OMS (Organização Mundial da Saúde), cuja publicação acompanhei em 1994, que as crianças maltratadas antes de um ano de idade têm uma tendência significativa para violência, e com frequência cometem crimes antes dos 25 anos.

A Igreja, que somos todos nós, o que devíamos fazer?

Tive a confiança de seguir a metodologia de Jesus: organizar as pessoas em pequenas comunidades; identificar líderes, famílias com grávidas e crianças menores de seis anos. Os líderes que se dispusessem a trabalhar voluntariamente nessa missão de salvar vidas, seriam capacitados, no espírito da fé e da vida, e preparados técnica e cientificamente, em ações básicas de saúde, nutrição, educação e cidadania. Seriam acompanhados em seu trabalho para que não desanimassem. Teriam a missão de compartilhar com as famílias a solidariedade fraterna, o amor, os conhecimentos sobre os cuidados com as grávidas e as crianças, para que estas fossem saudáveis e felizes. Assim como Jesus ordenou que considerassem se todos estavam saciados, tínhamos que implantar um sistema de informações, com alguns indicadores de fácil compressão, inclusive para líderes analfabetos ou de baixa escolaridade. E vi diante de mim muitos gestos de sabedoria e amor apreendidos com o povo.

Senti que ali estava a metodologia comunitária, pois podia se desenvolver em grande escala pelas dioceses, paróquias e comunidades. Não somente para salvar vidas de crianças, mas também para construir um mundo mais justo e fraterno. Seria a missão do "Bom Pastor", que está atento a todas as ovelhas, mas dando prioridade àquelas que mais necessitam. Os pobres e os excluídos.

Naquela maravilhosa noite, desenhei no papel uma comunidade pobre, onde identifiquei famílias com grávidas e filhos menores de seis anos e líderes comunitários, tanto católicos como de outras confissões e culturas, para levar adiante ações de maneira ecumênica, pois Jesus veio para que "todos tenham Vida e Vida em abundância" (João 10,10). Isso é o que precisa ser feito aqui no Haiti: fazer um mapa das comunidades pobres, identificar as crianças menores de 6 anos e suas famílias e líderes comunitários que desejam trabalhar voluntariamente.

Desde a primeira experiência, a Pastoral da Criança cultivou a metodologia de Jesus, que é aplicada em grande escala. No Brasil, em mais de 40 mil comunidades, de 7 mil paróquias de todas as 272 diocese e preladias. Está se estendendo a 20 países, que são, na América Latina e no Caribe: Argentina, Bolívia, Colômbia, Paraguai, Uruguai, Peru, Venezuela, Guatemala, Panamá, República Dominicana, Haiti, Honduras, Costa Rica e México; na África: Angola, Guiné-Bissau, Guiné Conakry e Moçambique; e na Ásia: Filipinas e Timor Leste.

Para organizar melhor e compartilhar as informações e a solidariedade fraterna entre as mães e famílias vizinhas, as ações se baseiam em três estratégias de educação e comunicação: individual, de grupo e de massas. A Pastoral da Criança utiliza simultaneamente as três formas de comunicação para reforçar a mensagem, motivar e promover mudanças de conduta, fortalecendo as famílias com informações sobre como cuidar dos filhos, promovendo a solidariedade fraterna.

A educação e comunicação individual se fazem através da 'Visita Domiciliar Mensal nas Famílias' com grávidas e filhos. Os líderes acompanham as famílias vizinhas nas comunidades mais pobres, nas áreas urbanas e rurais, nas aldeias indígenas e nos quilombos, e nas áreas ribeirinhas do Amazonas. Atravessam rios e mares, sobem e descem montes de encostas íngremes, caminham léguas, para ouvir os clamores das mães e famílias, para educar e fortalecer a paz, a fé e os conhecimentos. Trocam ideias sobre saúde e educação das crianças e das grávidas; ensinam e aprendem. Com muita confiança e ternura, fortalecem o tecido social das comunidade, o que leva à inclusão social.

Motivados pela Campanha Mundial patrocinadas pela ONU (Organização das Nações Unidas), em 1999, com o tema "Uma vida sem violência é um direito nosso", a Pastoral da Criança incorporou uma ação permanente de prevenção da violência com o lema "A Paz começa em casa". Utilizou como uma das estratégias de comunicação a distribuição de seis milhões de folhetos com "10 Mandamentos para alcançar a paz na família", debatíamos nas comunidades e nas escolas, do norte ao sul do país.

As visitas, entre tantas outras ações, servem para promover a Amamentação Materna - que ensina o diálogo e a compartilhar, principalmente quando se dá como alimento exclusivo até os seis meses e se continua dando como alimento preferencial além de um ano, inclusive além dos dois anos, complementarmente com outros alimentos saudáveis. A sucção adapta os músculos e ossos para uma boa dicção, uma melhor respiração e uma arcada dentária mais saudável. O carinho da mãe acariciando a cabeça do bebê melhora a conexão dos neurônios. A psicomotricidade da criança que mama no peito é mais avançada. Tanto é assim que se senta, anda e fala mais rápido, aprende melhor na escola. É fator essencial para o desenvolvimento afetivo e proteção da saúde dos bebês, para toda a vida. A solidariedade desponta, promovida pelas horas de contato direto com a mãe. Durante a visita domiciliar, a educação das mulheres e de seus familiares eleva a autoestima, estimula os cuidados pessoais e os cuidados com as crianças. Com essa educação das famílias se promove a inclusão social.

A educação e a comunicação grupal ocorre mensalmente em milhares de comunidades. Esse é o Dia da Celebração da Vida. Momento dedicado ao fortalecimento da fé e da amizade entre famílias. Além do controle nutricional, estão os brinquedos e as brincadeiras com as crianças e a orientação sobre a cidadania. Nesse dia, as mães compartilham práticas de aproveitamento adequado de alimentos da região de baixo custo e alto valor nutritivo. As frutas, folhas verdes, sementes e talos, que muitas vezes não são valorizados pelas famílias.

Outra oportunidade de formação de grupo é a Reunião Mensal de Reflexão e Evolução dos líderes da comunidade. O objetivo principal desta reunião é discutir e estabelecer soluções para os problemas encontrados.

Essas ações integram o sistema de informação da Pastoral da Criança para poder acompanhar os esforços realizados e seus resultados através de Indicadores. A desnutrição foi controlada. De mais de 50% de desnutridos no começo, hoje está em 3,1%. A mortalidade infantil foi drasticamente reduzida e hoje está em 13 mortos por mil nascidos vivos nas comunidades com Pastoral da Criança. O índice nacional é 2,33, mas se sabe que as mortes em comunidades pobres, onde estão a Pastoral da Criança, é maior que é na média geral. Em 1982, a mortalidade infantil no Brasil foi 82,8 mil nascidos vivos. Estes resultados têm servido de base para conquistar entidades, como Ministério da Saúde, Unicef, Banco HSBC, e outras empresas. Elas nos apoiam nas capacitações e em todas as atividades básicas de saúde, nutrição, educação e cidadania. O custo criança/mês é de menos de US$ 1.

Em relação à educação e à comunicação de massas apresentarei três experiências concretas de como a comunicação é um instrumento de defesa dos direitos da infância.


Materiais impressos

O material impresso foi concebido especificamente para ajudar a formação do líder da Pastoral da Criança. Os instrutores e os multiplicadores servem como ferramenta de trabalho na tarefa de guiar as famílias e comunidades sobre questões de saúde, nutrição, educação e cidadania. Além do Guia da Pastoral da Criança, se colocaram em marcha publicações como o Manual do Facilitador, Brinquedos e Jogos, Comida e as Hortas Familiares, alfabetização de jovens e adultos e mobilização social.

O jornal da Pastoral da Criança, com tiragem mensal de cerca de 280 mil, ou seja 3 milhões e 300 mil exemplares por ano, chega a todos os líderes da Pastoral da Criança. É uma ferramenta para a formação contínua.

O Boletim Dicas abarca questões relacionadas com a saúde e a educação para cidadania. Foi especialmente concebido para os coordenadores e capacitadores da Pastoral da Criança. Cada publicação chega a 7.000 coordenadores.

Para ajudar na vigilância das mulheres grávidas, a Pastoral da Criança criou os laços de amor, cartões com conselhos sobre a gravidez e partos saudáveis. Outros materiais impressos de grande impacto social é o folheto com os 10 mandamentos para a Paz na Família. 12 milhões de folhetos foram distribuídos nos últimos anos.

Além desses materiais impressos, se enviam para as comunidades da Pastoral da Criança material para o trabalho de pesagem das crianças, objetos como balanças e também colheres de medir para a reidratarão oral e sacos de brinquedos para as crianças brincarem no dia da celebração da vida.

Material de som e video

Outra área em que a Pastoral da Criança produz materiais é de som e a produção de filmes educativos. O Show ao vivo da Rádio da Vida, produzido e gravado no estúdio da Pastoral da Criança, chega a milhões de ouvintes em todo o Brasil. Com os temas de saúde, de educação na primeira infância e a transformação social, o programa de rádio Viva a Vida se transmite semanalmente 3.740 vezes. Estamos "no ar" 2.310 horas semanais em todo Brasil. Além disso, o Programa Viva a Vida também se executa em vários tipos de sistemas de som de CD e aparados nas reuniões de grupo.

A Pastoral da Criança também produz filmes educativos para melhorar e dar conhecimento de seu trabalho nas bases. Atualmente há 12 títulos produzidos sobre prevenção da violência contra as crianças, comida saudável, gravidez e participação dos Conselhos Municipais de Saúde, preservação da AIDS e outros.

Campanhas

A Pastoral da Infância realiza e colabora em várias campanhas para melhorar a qualidade de vida das mulheres grávidas, famílias e crianças. Estes são alguns exemplos:

a. Campanhas de sais de reidratação oral

b. Campanha de Certidão de Nascimento: a falta de informação, a distância dos cartórios e a burocracia fazem com que as pessoas fiquem sem certidões de nascimentos. A mobilização nacional para o registro civil de nascimento, que une o Estado brasileiro e a sociedade, para garantir a cada cidadão o nome e os direitos.

c. Campanha para promover o aleitamento materno: o leite materno é um alimento perfeito que Deus colocou à disposição nos primeiros anos de vida. Permanentemente, a Pastoral da Criança promove o aleitamento materno exclusivo até os seis meses e, em seguida, continuá-lo com outros alimentos. Isso protege contra doenças, desenvolve melhor e fortalece a criança.

d. Campanha de prevenção da tuberculose, pneumonia e hanseníase: as três doenças continuam a afetar muitas crianças e adultos em nosso país. A Pastoral da Criança prepara materiais específicos de comunicação para educar o público sobre sintomas, tratamento e meios de prevenção dessas doenças.

e. Campanha de Saneamento: o acesso à água potável e o tratamento de águas residuais contribuem para a redução da mortalidade infantil. A Pastoral da Criança, em colaboração com outros organismos, mobiliza a comunidade para a demanda por tais serviços a governos locais e usa os meios ao seu dispor para divulgar informações relacionadas ao saneamento.

f. Campanha de HIV/Aids e sífilis: o teste do HIV/Aids e sífilis durante o pré-natal permite a redução de 25% para 1% do risco de transmissão para o bebê. A Pastoral da Criança apoia a campanha nacional para o diagnóstico precoce dessas doenças.

g. Campanha para a Prevenção da morte súbita de bebês "Dormir de barriga para cima é mais seguro": Com a finalidade de alertar sobre os riscos e evitar até 70% das mortes súbitas na infância, a Pastoral da Criança lançou essa grande campanha dirigida às famílias para que coloquem seus bebês para dormir de barriga para cima.

h. Campanha de Prevenção do Abuso Infantil: Com essa campanha, a Pastoral da Criança esclarece as famílias e a sociedade sobre a importância da prevenção da violência, espancamentos e abuso sexual. Essa campanha inclui a distribuição de folheto com os dez mandamentos para a paz na família, como um incentivo para manter as crianças em uma atmosfera de paz e harmonia.

i. Campanha - 20 de novembro, dia de oração e de ação para as crianças: A Pastoral da Criança participa dos esforços globais para a assistência integral e proteção a crianças e adolescentes, em colaboração com a Rede Mundial de Religiões para a Infância (GNRC).

Em dezembro de 2009, completei 50 anos como médica e, antes de 2002, confesso que nunca tinha ouvido falar em qualquer programa da Unicef ou da Organização Mundial de Saúde (OMS), ou de outra agência da Organização das Nações Unidas (ONU), que estimulasse a espiritualidade como um componente do desenvolvimento pessoal. Como um dos membros da delegação do Brasil na Assembleia das Nações Unidas em 2002, que reuniu 186 países, em favor da infância, tive a satisfação de ouvir a definição final sobre o desenvolvimento da criança, que inclui o seu "desenvolvimento físico, social, mental, espiritual e cognitivo". Este foi um avanço e vem ao encontro do processo de formação e comunicação que fazemos na Pastoral da Criança. Neste processo, vê-se a pessoa de maneira completa e integrada em sua relação pessoal com o próximo, com o ambiente e com Deus.

Estou convencida de que a solução da maioria dos problemas sociais está relacionada com a redução urgente das desigualdades sociais, com a eliminação da corrupção, a promoção da justiça social, o acesso à saúde e à educação de qualidade, ajuda mútua financeira e técnica entre as nações, para a preservação e restauração do meio ambiente. Como destaca o recente documento do papa Bento 16, "Caritas in veritate" (Caridade na verdade), "a natureza é um dom de Deus e precisa ser usada com responsabilidade". O mundo está despertando para os sinais do aquecimento global, que se manifesta nos desastres naturais, mais intensos e frequentes. A grande crise econômica demonstrou a inter-relação entre os países.

Para não sucumbir, exige-se uma solidariedade entre as nações. É a solidariedade e a fraternidade aquilo de que o mundo precisa mais para sobreviver e encontrar o caminho da paz.

Final

Desde a sua fundação, a Pastoral da Criança investe na formação dos voluntários e no acompanhamento de crianças e mulheres grávidas, na família e na comunidade.


Atualmente, existem 1.985.347 crianças, 108.342 mulheres grávidas de 1.553.717 famílias. Sua metodologia comunitária e seus resultados, assim como sua participação na promoção de políticas públicas com a presença em Conselhos de Saúde, Direitos da Criança e do Adolescente e em outros conselhos levaram a mudanças profundas no país, melhorando os indicadores sociais e econômicos. Os resultados do trabalho voluntário, com a mística do amor a Deus e ao próximo, em linha com nossa mãe terra, que a todos deve alimentar, nossos irmãos, os frutos e as flores, nossos rios, lagos, mares, florestas e animais. Tudo isso nos mostra como a sociedade organizada pode ser protagonista de sua transformação. Neste espírito, ao fortalecer os laços que ligam a comunidade, podemos encontrar as soluções para os graves problemas sociais que afetam as famílias pobres.

Como os pássaros, que cuidam de seus filhos ao fazer um ninho no alto das árvores e nas montanhas, longe de predadores, ameaças e perigos, e mais perto de Deus, deveríamos cuidar de nossos filhos como um bem sagrado, promover o respeito a seus direitos e protegê-los.

Muito Obrigada!
Que Deus esteja convosco!"

Dra. Zilda Arns Neumann

(Médica pediatra e especialista em Saúde Pública Fundadora e Coordenadora da Pastoral da Criança Internacional Coordenadora Nacional da Pastoral da Pessoa Idosa)



Um exemplo que fica

Como muitos entre vocês, sabem, não é do meu feitio acompanhar a mídia quando esta enfatiza falecimentos, sobretudo, os que que ocorrem em situações de tragédias. Faço assim para fugir do sensacionalismo que toma conta da imprensa nesses período. Por este motivo, não publiquei nenhuma nota referente ao falecimento da médica Zilda Arns Neumann, 75 anos, fundadora e coordenadora internacional da Pastoral da Criança e coordenadora nacional da Pastoral da Pessoa Idosa. Ela foi vitimada no terremto que abalou o Haiti, país da Améric Central em 12/01 deste ano.

Lamentei a morte dela. Sempre nutri carinho por ela e respeitei seu trabalho que é, na minha opinião, um dos melhores exemplos de cidadania neste país que, algumas vezes, não sabe respeitar os seus filhos. Pessoas como dona Zilda são eternamente abençoadas. A irmã de Dom Paulo Evaristo Arns, cardeal arcebispo emérito de São Paulo, era especialista em Saúde Pública. Uma das suas metas era salvar crianças pobres da mortalidade infantil, da desnutrição e da violência em seu contexto familiar e comunitário. Para tanto, desenvolveu uma metodologia própria de multiplicação do conhecimento e da solidariedade entre as famílias mais pobres. Sua referência era o milagre bíblico da multiplicação dos dois peixes e cinco pães que saciaram cinco mil pessoas, como narra o Evangelho de São João.

Doutora Zilda, obrigado por tudo. Que o seu exemplo possa servir de referência para todos nós. Com certeza, houve muita alegria no céu no dia de sua chegada lá. Valeu!!!
Aroldo José Marinho

10 fevereiro 2010

Sessão Vintage

Senhoras e Senhores!
Com vocês, Mini Box Lunar!!!!!!!!!!!!!!!!!!!


Mini Box Lunar- Sessão Vintage

Resistência

Resistência

Aroldo José

Teve gente que sonhou só um pouco,
Piscou um olho e aceitou as imposições.
Entendeu sua função na vida em sociedade,
Hoje é só mais um feliz tijolo no muro.

Eu ainda recordo daquela brincadeira,
No meu aparelho só tocam belas canções
Que me ensinam a viver bem este dia
E caminhar de manhã bem cedo pelo atalho.

Aprendi a lição ouvindo a velha piada:
Depois da monotonia, o tempo muda,
A chuva chega para molhar a rua.

Para lavar as incertezas que estavam grudadas
Dentro de nossas lembranças
Nos impedindo de perceber a luz.

Macapá, 31/12/09

Para os Novos Baianos

Descobrindo um novo box

Ontem li no caderno Ilustrada, da Folha de São Paulo, uma matéria sobre a banda Mini Box Lunar, originária do estado do Amapá. Não posso afirmar que a existência dessa banda, do meu estado de origem, seja novidade para mim. No ano passado, um dos meus primos citou o trabalho do sexteto. Porém eu não conhecia nenhuma canção gravada pelo grupo. Passeando pelo You Tube, vi alguns clipes e me entusiasmei. Fui no santo Google saber mais coisas sobre meus conterrâneos. Lá encontrei matéria publicada na edição brasileira da Rolling Stone. É essa matéria que reproduzo abaixo.
Tudo de bom sempre!
Harold

Doçura Psicodélica

Por Alex Antunes


Do Amapá, MINI BOX LUNAR surge como a revelação do pop amazônico


Foto: ALEXANDRE BRITO
Doçura Psicodélica
Música originada do isolamento

O acre não é mais o limite. Já testado e aprovado em festivais como Se Rasgum (PA) e Grito Rock (MT), o Mini Box Lunar, a mais recente surpresa musical "fora do eixo", vem de Macapá, capital do Amapá. O clima cabaré de "A Boca", o folk carnavalizado de "Amarelasse/ A Viola e o Pandeiro", a melancolia espacial de "Gregor Samsa", a sanfona e os delicados solos de cordas de "Sessão Vintage" são algumas das mais de 20 jujubas pop do sexteto, formado por quatro instrumentistas que se revezam nos instrumentos e duas vocalistas. Uma delas, Heluana, conta que eram duas duplas de compositores - ela e Otto e Jenifer "JJ" e Sady - que trocavam figurinhas enquanto tocavam violão nas madrugadas ou tramavam uma banda de cover dos Mutantes, Arnaldo Baptista e Secos & Molhados. "Coisa de corações partidos, drogas, falta de perspectivas...", tenta explicar JJ, sobre o surgimento da banda na cidade isolada pela selva e pelas águas e que apresenta o maior índice de suicídios entre as capitais. Mas a rebeldia local não se traduziu em barulho ou grosseria. "A banda gosta dessa beleza quase infantil, sem pretensão", fala Alexandre, que completa a formação com Taiguara.

Na verdade, Macapá possui uma cena pequena, em que todos se conhecem - o tecladista Otto e o baterista Taiguara tocam com uma dezena de bandas locais ("mini box" é o nome local para designar os mercadinhos de bairro). Nessa terra ilhada cheia de gente que vem de longe (JJ é de Salvador, Alexandre de Brasília, Taiguara e Sady de Belém, Otto do interior do Pará - só Heluana nasceu no Amapá), a lenta destilação de rock e MPB resultou em uma doçura psicodélica e tipicamente amazônica. "É a viagem da canção que surge do interstício da melodia e da palavra", descreve Heluana, citando outro Arnaldo - o Antunes.