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26 outubro 2006

A Cidade e Você

Faz tempo que nao posto novo material no blog. Acho que estou em crise criativa. Mas, para não deixar o espaço sem uso, vou postar um texto escrito há 10 anos, quando eu morava em Belém. Por favor, leiam e opinem. Pode ser elogio, pode ser crítica. O importante é saber o que vocês pensam dos meus textos.
Tudo de bom!
Harold




A Cidade e Você
Aroldo José
A chuva cai e eu caminho,
A cidade é intensa,
Minha vontade é imensa
E eu caminho pelas calçadas.

Queria tanto que ontem fosse feriado,
Para eu dormir o dia inteiro
E sonhar que lhe tenho
A todo momento,
Sobretudo quando bate em meu peito
A batida do sofrimento.

A cidade que não é a minha cidade
Tem mistérios.
Mas eu só quero descobrir
Qual é o caminho mais rápido
Para chegar em casa.

O time do povo quer o craque de volta,
O irresponsável moleque deseja voltar ao ninho
E, eu só quero você.
Seus olhos claros me olhando,
Dizendo que é bom viver,

Sua casa e nossa casa,
Sua dor e minha alegria,
Seu sangue e meu pouco caso,
Sua pontaria certeira
E minha cabeça levando pontos.

A chuva caiu, vai cair de novo.
Tempo frio e chocolate quente,
Prá gente beber perto da lareira.

Vamos aquecer nossos corpos
Ao som das suas mentiras
Que rimam com a minha insegurança.

Depois, o mundo me tratará como gênio
E lhe chamará de musa.
Seremos tão felizes
Que lhe darei de presente uma blusa
E você me chamará de paixão.

Vou fechar a janela
Prá chuva não molhar nossa casa,
Inundando nossa solidão
E nossa vontade de amar.
Belém, 26/10/96

11 outubro 2006

A Voz

Saudações para os fãs e as fãs da Legião Urbana no dia em que se completam 10 anos da partida de Renato Russo rumo à morada dos justos. Infelizmente, não pude preparar um texto especial para esta data. Por isso, me desculpo geral e, apresento um texto escrito no período em que morei em Belém (PA). Ao mesmo tempo em que homenageio o Trovador Solitário do Planalto, faço homenagem também aos queridos familiares Célio Alício, Ivan Daniel e Aline Maria. Sem eles, não me seria possível conhecer o respeitar a obra da Legião Urbana e de seu poeta maior.
O amor vence tudo!
Aroldo José Marinho


A Voz

Aroldo José

A voz que canta é profunda,

Dá alegria ao ouvinte,

Mas está cansada de olhar a janela

E ver nuvens cinzentas;

A água do rio ao lado é turva

E há gente que nela quer entrar.


A voz soluça de pena e rancor,

O que era melodia virou barulho,

Diamante falso e cena banal.

O que era vida virou outra vida

Que nunca foi vida.


A voz que falava, agora só sussurra

gemidos inexplicáveis,

Por que será que é tão bonito

Ver um artista sofrer?


Não queria olhar para o céu,

As estrelas não têm brilho,

A luz da lua foi cortada

Porque ninguém pagou a conta

Enquanto o homem de óculos

Gritava no beco escuro:

"-- Ma che bella vita!"


A voz canta no rádio,

Há um novo tempo, tudo é novo,

A rua é nova, o amor é novo,

Mas minha dor continua a mesma.



Quem bebeu o chopp sorriu,

Mas não soube dizer porquê

Que tudo que é estranho

Deve permanecer estranho.



Agora as cinzas voam,

Os carros passam pela via principal;

Mudei de casa

E no planalto tudo continua igual.



Só vou ligar a televisão

Quando estiver pronto para

ver meu rosto feliz,

Beijando a boca da esperança.

Belém, 23/10/96

Para Renato Russo