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20 novembro 2011

O Papa e o Papão

O texto que segue abaixo foi escrito por Syanne Neno. Ela é uma das mais competentes jornalista esportiva do estado do Pará. Quando morava em Belém, dava gosto abrir o caderno de esportes para ler as crônicas escritas por ela.

No texto que segue, Syanne fala com reverência e carinho de duas figuras expressivas à alma paraense: um santo e um time.

Vale a pena e se emocionar.

Tudo de bom sempre!

Aroldo José Marinho




O Papa e o Papão 

“Querido papa, eu sou aquela garotinha de short vermelho e camiseta branca que deu adeus pro senhor, na porta da Assembléia Paraense. Queria lhe pedir pra falar com papai do céu e pedir pro meu time voltar a ser campeão daqui. Ele não ganha título há um tempão! Obrigada, papa.”

A carta foi escrita em 1980, logo depois da visita de Karol Wojtyla a Belém. A autora da singela carta foi uma garotinha, na época com 8 anos, que teve a doce ilusão de ser reconhecida e lembrada pela maior autoridade religiosa mundial. Ora bolas, como o papa poderia esquecer “aquele” short vermelho e “aquela” camiseta branca que vestiam a pessoinha mais “importante” entre as milhares que estavam na rua vendo o papa passar? Entreguei a carta à minha irmã, com a promessa que ela chegaria ao Vaticano. Se chegou ou não, o que importa é que meu pedido foi atendido. O Paysandu daquele ano voltou a fazer a garotinha de camiseta branca sorrir e assim gastar menos chutes nas canelas dos moleques do colégio, que insistiam em lhe tirar do sério com encarnações.

Exatos vinte e cinco anos depois, o papa se foi. Se não era um santo, era quase e como tal, deve ter ido diretinho pro tal céu que nós, os católicos, aprendemos a visualizar. Não precisou de nenhum acerto de contas para repousar finalmente de uma longa e angustiante batalha pela vida. No dia seguinte, por uma dessas prazerosas coincidências que motivaram esse texto, o Paysandu era novamente campeão paraense depois de dois anos e meio sem saber o que é um título. E fiquei eu, aqui a lembrar, do tal dia em que a garotinha de short vermelho fez o papa conhecer o Papão da Curuzu através de uma carta.

Minha irmã não lembra se chegou a enviar a cartinha para o Vaticano, mas hoje, eu tenho certeza que sim. Se o indefectível tabu e a perda do jogo para o Boca nos fazem duvidar que Deus é bicolor, o Deus dos gramados, o profano, tão invocado por Nelson Rodrigues em suas crônicas, ahhh, esse é ahhh, esse é bicolor de quatro costados de asinhas. Afinal, mesmo com um título insosso, conseguido graças à ineficiência de um atacante adversário com nome de inseto, fez-se justiça no Mangueirão.A equipe com 8 pontos de vantagem em cima do rival, a de melhor elenco, foi a campeã! E a garotinha, que já não tem 8 anos, mas continua acreditando em sonhos embrulhados em papel, hoje tem essa história pra contar.

18 novembro 2011

A imprensa e a pureza das intenções

A imprensa divulgou notícias sobre mais um caso de corrupção envolvendo nomes de ministros do governo brasileiro. A bola da vez é Carlos Lupi, titular da pasta do Trabalho. Uma revista de circulação nacional deu a entender que ele usou de sua influência para favorecer terceiros. A denúncia deu ânimo à oposição de centro-direita, que exigiu à ida de Lupi ao parlamento para se explicar.

Lupi, é óbvio, negou todas as acusações. Procurou mostrar força quando, reunidos com políticos do Partido Democrático Trabalhista (PDT), disse que só sairia do governo abatido à bala. Também negou conhecer as pessoas que a revista indicou serem suas parceira na  suposta corrupção. Depois fez alguns reparos no discurso. Foi o bastante para que começassem a correr boatos sobre sua iminente queda.

Se há denúncias, convém investigá-las. Se houver comprovação da veracidade dos fatos, será necessário punir os culpados. Assim funciona a justiça nos países desenvolvidos e democráticos. Contudo, boas doses de serenidade são necessárias à oposição e à imprensa.

Parece estranho que os partidos contrários ao governo de Dilma Rousseff façam o discurso da ética. Sinceramente, não recordo se eles assumiam esta postura nos períodos anteriores à era Lula, quando, com seu apoio, ajudavam a decidir os destinos da nação. Será que o discurso moralizante é apenas uma atitude oportunista?

Novamente, a imprensa tenta assumir o papel destinado à justiça. Cabe a imprensa divulgar os fatos, estimular o debate e as investigações. Mas a função de julgar, absolver ou condenar é própria dos representantes da lei. Quando a imprensa dá a si própria funções judiciárias, passa a ser um organismo tendencioso. Por isso, convém desconfiar das suas intenções quando faz determinadas denúncias.

A construção da democracia passa pela ética, pela moralidade e construção do sentimento de justiça. Não há necessidade de botar o cinismo e o oportunismo na ordem do dia. Que essa seja uma lição rapidamente assimilável em todos os setores da sociedade brasileira.

Aroldo José Marinho

11 novembro 2011

Depois da tempestade, vem a bonança

Assim como muitos de vocês, no mês passado, soube da captura e morte de Muammar Kadhafi pelos rebeldes líbios. Pessoalmente, não sou a favor do justiçamento feito por mãos populares. Porém não nego que a notícia da morte do tirano não me trouxe nenhuma tristeza. Penso que foi um alivio para o mundo.

Lembro que, por volta das 09:00 (horário de Brasília) estava lendo alguns e-mails quando, acessei um site de notícias. Lá estava escrito que, numa incursão das tropas rebeldes, na cidade de Sirte, houve a captura do ditador. A fonte da notícia era o Conselho Nacional de Transição (CNT), que havia tirado o ditador do poder. Porém, não havia confirmação da Otan, dos Estados Unidos ou de outras fontes. O que só ocorreu lá pelas 15:00. Era verdade, uma nova história iria começar a ser escrita na Líbia.

Creio que muitas pessoas no mundo tiverm motivos para levantar os braços aos céus e agradecer a Deus o passamento do tirano. Ele mandou prender, torturar e matar qualquer pessoa que fizesse oposição à sua política megalomaníaca. Este é uma dos motivos que justificam a emoção sentida por muitos de seus compatriotas quando já não havia mais nenhuma dúvida sobre sua morte. Não sei se minha atitude é apropriada. Porém a festa dos líbios, em várias partes do mundo, me lembrou as festas que foram feitas quando o Brasil conquistou a Copa do Mundo de futebol, em 2002.

Todavia, depois da festa, vem a serenidade. Logo será comemorado o primeiro mês da morte de Kadhafi. A Líbia já assimilou a notícia, enterou o passado e começa a pensar no futuro. Um governo democrático será constituído na primeira eleição presidencial num período de 42 anos. Por isso, me uno a diversas pessoas para torcer que o novo governo ofereça liberdade concreta ao povo.

Que, em breve, possamos ouvir citações sobre a Lìbia sem que, necesariamente, o nome do país seja associado ao fantasma do ditador morto.

Aroldo José Marinho

Em novo drama, Brasil vira sobre a China e segue vivo na Copa do Mundo

A notícia que segue abaixo foi postada há pouco no site G1 (www.globoesporte.globo.com/volei/noticia/2011/11/em-novo-drama-brasil-vira-sobre-china-e-segue-vivo-na-copa-do-mundo.html). Faz referência ao jogo Brasil x China pela Copa do Mundo de vôlei, que se realiza no Japão. Novamente, a jogadoras brasileiras tiveram que aliar talento e garra.


Harold







11/11/2011 06:30 - Atualizado em 11/11/2011 06:33


 

Em duelo muito equilibrado e, mais uma vez marcado pela emoção, o Brasil derrotou a China por 3 a 2 (parciais de 25/23, 25/27, 21/25, 25/20 e 17/15), na manhã desta sexta-feira, em Sapporo, pela 6ª rodada da Copa do Mundo de Vôlei, que está sendo disputada no Japão. Com mais uma virada sensacional (tal como aconteceu contra Coreia e Sérvia), a seleção mostrou força na luta pelo título da competição e de uma vaga para os Jogos Olímpicos de Londres, em 2012.

As meninas brasileiras voltarão à quadra na virada de sexta para sábado (meia-noite) contra a líder Itália, que venceu todos os seis compromissos disputados e soma 17 pontos, cinco a mais que as brasileiras.

Diferentemente dos jogos anteriores, o Brasil começou “ligado” e, com destaque para Sheilla, abriu 5/0 e depois 14/6, também contando com o bloqueio da muralha Thaisa. O jovem time chinês, no entanto, buscou se encontrar e reagiu no set. Voltando a mostrar inconstância, a seleção viu às adversárias encostarem.

Com o placar em 23/22, o árbitro americano errou em um lance de ataque do quadro oriental, dando ponto para o Brasil, quando na realidade a bola desviou em Mari antes de tocar na antena. O lance acabou sendo capital, pois bastou manter a vantagem para o time de José Roberto Guimarães fechar em 25/23.

O panorama da segunda parcial foi de equilíbrio. Após iniciar com 2/0 contra, as brasileiras viraram e lideraram o marcador até 13/12, quando o quadro da China novamente igualou e depois virou em 18/17. Os instantes finais do set foram com as equipes se revezando na liderança do placar até as chinesas fecharem em 27/25.

Sob o comando da oposta Junjing Yang, a China começou avassaladora a terceira parcial, fazendo logo 5/0. A equipe nacional, por sua vez, parecia sentir a derrota no set anterior, e tinha em Mari uma peça destoante. Como nas partidas anteriores na competição, a excelente atacante não cumpria boa atuação, porém mostrou um saque poderoso, que levou o Brasil a uma reação, reequilibrando o duelo e ajudando a igualar a contagem em 9/9.
 
Novamente retomando as ações com jogo de muita velocidade, as chinesas voltaram à dianteira, abrindo 15/10. Mesmo com boa performance nos bloqueios, as meninas brasileiras não suportaram e, com seguidos erros no ataque, acabaram caindo por 25/21, levando a virada na partida.
 
 
O quarto set foi marcado pelo equilíbrio, com o Brasil finalmente passando à frente em 16/15 e depois ampliando para 18/15. Com defesas sensacionais, as brasileiras buscaram a vitórias e, em um ataque de Fabiana, definiram a parcial em 25/20.
 
Como reflexo do embate, o tie-break também foi marcado pelo equilíbrio. Após empate em 7/7, a China retomou a ponta, porém, em mais uma reação espetacular, a seleção brasileira venceu por 17/15 e matou o jogo, mostrando estar mais firme do que nunca na luta pelo título da Copa do Mundo e por uma vaga à Londres 2012. 

05 novembro 2011

Caroline Celico fala sobre música e religião no 'Programa do Jô'

Faço uma confissão. Sempre pensei que Caroline Celico, esposa de Kaká, jogador de futebol do Real Madrid, fosse uma protestante fanática e alienada. Mas as situações mundanas e negativas envolvendo os donos da igreja renascer devem ter feito ela repensar a vida. Pelo menos é o que sugere a declaração dela ao site The Christian Post (www.portuguese.christianpost.com/noticias/20111103/caroline-celico-revela-por-que-deixou-a-renascer-eu-me-achava-superior/):

“Não penso mais como aquela Carol, mais imatura, influenciável. Quero seguir o meu caminho com as minhas próprias pernas. Esse foi o motivo pelo qual saí da Renascer. Amadureci em coisas que eram tabu para mim. Eu me achava superior. E essa é das piores características que já tive na vida.” 

A notícia que li há pouco no site Uol (www.caras.uol.com.br/noticia/caroline-celico-fala-sobre-musica-e-religiao-no-programa-do-jo#image0) me obriga a repensar a opinião. Parece que algo bom aconteceu na vida dela. Vou torcer pelo êxito de Carol.

Segue o texto para a apreciação de vocês.


Harold




Caroline Celico fala sobre música e religião no 'Programa do Jô'

Em passagem pelo Brasil, Caroline Celico (24), esposa do jogador de futebol Kaká (29), participou na noite desta sexta-feira, 4, do Programa do Jô. Entre os assuntos abordados pelo apresentador, temas como: família, música e religião.

“Quando estava na igreja, eu pensava que só eu estava certa, não acreditava em nenhuma outra religião, hoje me sinto uma pessoa mais respeitosa com os outros e sei que a igreja de Cristo está em qualquer um”, revelou Carol, que pretende afastar de si qualquer rótulo. “Não sou evangélica, eu sou cristã. Hoje minha igreja é minha casa”.

Durante a entrevista a jovem também falou do CD e DVD que acaba de lançar. Kaká participou da música Presente de Deus e Claudia Leitte (31) cantou Mesma Luz. O trabalho foi gravado entre a Europa, Estados Unidos e Brasil e traz doze faixas. Toda a renda será destinada a um projeto chamado Amor Horizontal. “Mas não quero fazer show e não quero cantar, eu cantei”, explicou.

No programa, Carol contou que a família está sempre muito reunida, mesmo com a rotina de muitos treinos do marido.“Durante o tempo de recuperação do Kaká tivemos mais tempo para curtir a família, normalmente são muitos treinos e jogos, ele só tem trinta dias de férias, que acontece em julho”.

Uma coisa é uma coisa

Cabe a imprensa informar à sociedade civil fatos que acontecem no contexto desta e que podem ser pertinentes para  que a opinião pública possa se posicionar. Pelo menos, assim deveria ser. Porém o que se percebe é algo diferente. A imprensa assume o papel da justiça, julga os fatos e pressiona para receber o apoio da sociedade.

É neste contexto que acontece o escândalo da hora envolvendo Agnelo Queiroz, atual governador do Distrito Federal (DF), e Orlando Silva, ex-ministro dos esportes. Os dois foram associados a um esquema de corrupção e desvio de verbas de projetos federais envolvendo o Ministério dos Esportes com diversas Organizações Não Governamentais (ONGs) que atuam na área do desporto.

Se o governador Queiroz cometeu irregularidades, quando era o titular do ministério, é bom investigá-lo. Caso haja comprovação de culpa, deve ser punido na forma da lei. Assim deveria ser. Mas a imprensa não pensa dessa forma. Faz a denúncia de forma agressiva, quase determinando a culpabilidade do governador do DF. Essa atitude irresponsável dá pano para manga aos adversários do PT local, principalmente, os simpatizantes do ex-governador Joaquim Roriz.

Não acredito que Roriz e sua turma tenham coerência moral para cobrar postura ética de quem quer que seja. Essas pessoas, muitas vezes, vivenciaram situações confusas, constrangedoras e estranhas na hora de utilizar a coisa pública. Um exemplo didático da prática rorizista aconteceu em 2007, quando o então senador foi flagrado pela polícia civil do DF. Nas conversas, gravadas com autorização judicial, Roriz e o proprietário de uma importante companhia aérea, falavam ao telefone sobre duvidosas e altas somas de dinheiro.

Parece de bom tamanho que o cidadão comum faça crítica ou questione a postura de Queiroz. Todavia esse critério não é válido para muitas pessoas que participaram das decisões dos três últimos governos distritais. Lhes falta a credencial ética necessária. Coerência e vergonha na cara não devem nunca sair de moda.

No que diz respeito a Silva, a coisa foi mais pesada. As denúncias contra ele foram divulgadas numa revista de grande circulação. A fonte da revista foi um sujeito, ex-militante do partido de filiação do ex-ministro, que tinha sérias diferenças pessoais com ele. Todavia, em vez mostrar provas que respaldassem as acusações, a revista apenas acusou. Até o momento nenhuma gravação de imagem ou áudio ou documentos impressos atestando a culpa do ex-ministro foram apresentadas.

Enfim, a revista disseminou uma falação irresponsável, que acabou contagiando a opinião pública. Esta começou a fazer o linchamento moral do ex-ministro. Porém a coisa não pode acontecer dessa maneira. Se Silva é culpado, que as provas sejam todas apresentadas na justiça. Que a sua condenação ou absolvição aconteça dentro dos trâmites constitucionais. Se não for dessa maneira, ficaremos expostos à voracidade de uma imprensa tendenciosa, irresponsável e fascista. Sem nenhum compromisso com a sociedade civil.

Aroldo José Marinho

04 novembro 2011

USP está virando uma terra de ninguém

O texto que segue abaixo foi publicado em 04/11/11, no blog Balaio do Kotscho, (www.noticias.r7.com/blogs/ricardo-kotscho/2011/11/04/usp-esta-virando-uma-terra-de-ninguem/), editado por Ricardo Kotscho.

Boa leitura!

Harold



USP está virando uma terra de ninguém

As cenas de vandalismo, ocupação de prédios públicos, enfrentamentos com a polícia e o desrespeito à Justiça repetem-se todos os anos, tão previsíveis como o Natal e o Carnaval.

Os motivos podem variar de um ano para outro, mas os personagens desta zorra total são sempre os mesmos: parcelas minoritárias de estudantes, funcionários e professores, que transformaram o campus da Universidade de São Paulo numa terra de ninguém.

Estamos falando de uma comunidade de 200 mil pessoas: 5,5 mil docentes, 15,5 mil funcionários e 80 mil estudantes, além de 100 mil pessoas de fora que frequentam diariamente a Cidade Universitária em busca de suas atividades de lazer, educativas e culturais.

Desta vez, os revoltosos em busca de uma causa protestam, desde o dia 27 de outubro, contra a prisão de três estudantes de Geografia que a Polícia Militar pegou em flagrante fumando maconha.

Como acham que a Cidade Universitária é um território livre, sem lei e sem ter que dar satisfações a ninguém, as hordas radicalizadas ocuparam primeiro o prédio da administração da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, a popular FFLCH, onde estudei na década de 70, quando os estudantes lutavam contra a ditadura militar e enfrentavam a polícia sem capuzes em defesa da democracia.
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Em assembleia geral na última terça-feira (1º), por 559 votos a 458, a maioria dos estudantes reunidos em assembleia decidiu desocupar o prédio.

Mas a minoria derrotada não se conformou e resolveu invadir o prédio da reitoria, onde cerca de 150 estudantes continuam acampados infernizando a vida de mais de mil funcionários que não podem trabalhar. João Grandino Rodas, o valente reitor da USP, que desapareceu no meio da confusão, despacha agora em local ignorado.

No final da tarde de quinta-feira (3), a juíza Simone Rodrigues Casoretti, da 9ª Vara da Fazenda Pública, deu 24 horas de prazo para que os invasores deixem a reitoria, a partir do momento em que receberem a notificação, o que não tinha acontecido até as 8 h da manhã desta sexta-feira (4).

A liminar da juíza autorizou o uso de força policial para cumprir a reintegração de posse, mas isto não abalou as lideranças encapuzadas: em nova assembleia, na mesma noite, os estudantes decidiram continuar acampados no prédio da Reitoria.

Abrigados em grupos autodenominados Movimento Negação da Negação, Liga Estratégia Revolucionária e Partido da Causa Operária, estes seguidores de Bin Laden infernizam a vida não só de quem trabalha e estuda na USP, mas das cerca de 100 mil pessoas que circulam diariamente pela Cidade Universitária.

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Morei ao lado da USP por mais de 30 anos e acompanhei a progressiva degradação do campus, que registra um número cada vez maior de assassinatos, roubos e estupros, com a livre circulação de traficantes e o consumo de drogas a céu aberto, uma verdadeira "cracolândia" acadêmica.

O professor Grandino Rodas passa a maior parte do tempo brigando com a direção da Faculdade de Direito, que ocupou antes de ser nomeado reitor no governo de José Serra, e perdeu completamente o controle da situação.

Agora, os estudantes amotinados querem simplesmente a retirada da PM do campus da USP, como se fossem os donos do lugar, que é um patrimônio público custeado com os impostos pagos por todos nós.

Assim como acontece com os crimes de trânsito, o que fortalece os líderes da baderna é o sentimento de impunidade, já que não se tem notícia de qualquer punição após a repetição das cenas de violência que já fazem parte da paisagem da USP, a maior universidade da América Latina.

Nas três ou quatro palestras que fiz este ano na Cidade Universitária, a convite de professores e alunos, chamou-me a atenção o grau de desinformação e de desinteresse da grande maioria deles, mais preocupados com a falta de vagas nos estacionamentos sempre superlotados.

Até quando estas cenas de velho oeste se repetirão diante da omissão do poder público?