Pesquisar este blog

05 novembro 2011

Uma coisa é uma coisa

Cabe a imprensa informar à sociedade civil fatos que acontecem no contexto desta e que podem ser pertinentes para  que a opinião pública possa se posicionar. Pelo menos, assim deveria ser. Porém o que se percebe é algo diferente. A imprensa assume o papel da justiça, julga os fatos e pressiona para receber o apoio da sociedade.

É neste contexto que acontece o escândalo da hora envolvendo Agnelo Queiroz, atual governador do Distrito Federal (DF), e Orlando Silva, ex-ministro dos esportes. Os dois foram associados a um esquema de corrupção e desvio de verbas de projetos federais envolvendo o Ministério dos Esportes com diversas Organizações Não Governamentais (ONGs) que atuam na área do desporto.

Se o governador Queiroz cometeu irregularidades, quando era o titular do ministério, é bom investigá-lo. Caso haja comprovação de culpa, deve ser punido na forma da lei. Assim deveria ser. Mas a imprensa não pensa dessa forma. Faz a denúncia de forma agressiva, quase determinando a culpabilidade do governador do DF. Essa atitude irresponsável dá pano para manga aos adversários do PT local, principalmente, os simpatizantes do ex-governador Joaquim Roriz.

Não acredito que Roriz e sua turma tenham coerência moral para cobrar postura ética de quem quer que seja. Essas pessoas, muitas vezes, vivenciaram situações confusas, constrangedoras e estranhas na hora de utilizar a coisa pública. Um exemplo didático da prática rorizista aconteceu em 2007, quando o então senador foi flagrado pela polícia civil do DF. Nas conversas, gravadas com autorização judicial, Roriz e o proprietário de uma importante companhia aérea, falavam ao telefone sobre duvidosas e altas somas de dinheiro.

Parece de bom tamanho que o cidadão comum faça crítica ou questione a postura de Queiroz. Todavia esse critério não é válido para muitas pessoas que participaram das decisões dos três últimos governos distritais. Lhes falta a credencial ética necessária. Coerência e vergonha na cara não devem nunca sair de moda.

No que diz respeito a Silva, a coisa foi mais pesada. As denúncias contra ele foram divulgadas numa revista de grande circulação. A fonte da revista foi um sujeito, ex-militante do partido de filiação do ex-ministro, que tinha sérias diferenças pessoais com ele. Todavia, em vez mostrar provas que respaldassem as acusações, a revista apenas acusou. Até o momento nenhuma gravação de imagem ou áudio ou documentos impressos atestando a culpa do ex-ministro foram apresentadas.

Enfim, a revista disseminou uma falação irresponsável, que acabou contagiando a opinião pública. Esta começou a fazer o linchamento moral do ex-ministro. Porém a coisa não pode acontecer dessa maneira. Se Silva é culpado, que as provas sejam todas apresentadas na justiça. Que a sua condenação ou absolvição aconteça dentro dos trâmites constitucionais. Se não for dessa maneira, ficaremos expostos à voracidade de uma imprensa tendenciosa, irresponsável e fascista. Sem nenhum compromisso com a sociedade civil.

Aroldo José Marinho

Nenhum comentário: