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30 janeiro 2009

Cinco perguntas para... Daniel Amanajás


Daniel Amanajás nasceu em Macapá (AP), no dia 31 de janeiro (parabéns e muita festa!!!!). Mas desde a década de 90, foi morar em Belém (PA), onde graduou-se em Administração. Além de estudar com afinco, conheceu Denille (que estava concluindo a faculdade de Farmácia) e encontrou tempo para namorar com ela. No período de 2002 a 2004, os dois mudaram para Brasília (DF), onde casaram. Depois retornaram para a capital paraense, onde, em 2007, nasceu Enzo.

Durante seu período brasiliense, aproveitaram para fazer uma segunda graduação. Ele escolheu Direito, Denille, Odontologia. A conclusão do curso de Denille ocorreu no final de 2008, no Pará. Já o de Daniel será em 2010, no Amapá. Daniel também enveredou pelo caminho da blogosfera. Abriu um blog pessoal (www.navileinad.blogspot.com) com uma dupla missão: postar a poesia (também crônicas) que brota da sua vida e traduzir para o português a obra de Navi Leinad, poeta argentino residente na Amazônia. Detalhe: a modéstia é tão evidente que preferiu dar ao blog o nome do amigo argentino.

Mas a poesia e a crônica não são as únicas artes presentes na vida de Daniel. O moço descende de uma família de músicos muito relevantes no estado do Amapá. Atualmente, segundo notícias confidenciais, ele estuda a possibilidade de lançar um livro de poemas. Contudo, no momento, seu maior empenho é mesmo cuidar de Enzo.

Tive a honra de conversar com Daniel Amanajás sobre poesia e outros assuntos num diálogo muito agradável que vocês acompanham agora.Gentilmente, Daniel disponibilizou para os leitores e leitoras do blog um poema de sua safra. O texto Incumbência segue no final da conversa. Vamos à entrevista?


Aroldo (A): Macapá é um tema recorrente na sua obra?

Daniel (D): Certamente. Muitas recordações, lugares, fatos, pessoas, política. Macapá sempre está presente nos meus textos. Nunca deixei de visitar a cidade, e toda vez que estou lá me dá vontade de escrever sobre o que vejo, o que vivencio, o que sinto. Claro que Belém também faz parte dos meus temas, já que praticamente metade da minha vida eu passei aqui, mas Macapá tem mais influência.

A: De que forma a experiência vivida em Brasília influenciou no seu modo de perceber a Amazônia?

D: O centro-oeste é uma região belíssima, sinto saudade de lá. Gostei muito de ter vivido alguns anos no DF, mas as influências nortistas permaneceram na minha personalidade. O povo da capital federal tem muitas identidades. São pessoas de todos os lugares do Brasil, cada um com seu sotaque, com sua cultura, e muitas vezes encontrei misturas bem interessantes. Toda essa diversidade fez com que eu passasse a me interessar mais pelas coisas da floresta, pela nossa cultura. Ficou mais evidente pra mim qual era a minha origem. Saudade? Pode ter sido também, mas o certo é que passei a ter mais orgulho de dizer que sou do Norte, paraense de coração e torcedor fiel do Paysandu Sport Club. Amapaense até o fundo da alma, nascido e criado no bairro do Laguinho.

A: De que forma Denille e Enzo influenciam no seu fazer artístico?

D: São minhas maiores inspirações.

A: Você descende de uma família que faz da música a sua herança. Como se dá sua relação com esta arte?

D: Interessante falar sobre isso. Quando criança não quis fazer escola de música, e minha mãe, na época professora no conservatório, não insistiu. Mas no final da década de 80 acabei fazendo parte por dois anos da banda de música da Escola Integrada de Macapá, o antigo e eterno GM. Tocava requita (ou requinta), uma espécie de clarinete menor e de som mais agudo. Vale lembrar que essa talvez tenha sido a banda escolar mais importante da história do Amapá, mérito este devido ao meu bisavô, Mestre Oscar Santos, que por muitos anos foi o regente, sendo o pioneiro do gênero de bandas marciais no Estado. Dessa época só o que me restou foi uma certa aptidão para instrumentos de sopro, tanto que até hoje gosto de tocar flauta doce, mas só “de ouvido”, não leio mais partitura, o que é uma pena. Sei que tenho uma forte tendência musical e sempre tive vontade de aprender a tocar contra-baixo. Quem sabe esse ano eu realizo esse desejo? Estamos prestes a inaugurar a escola de música da minha mãe.

A: Pode contar como teve início seu trabalho como tradutor da obra de Leinad?

D: Ainda estava morando em Brasília quando tive o primeiro contato com a obra do argentino. Comecei a usar seus textos para descrever momentos eternizados em fotos que colocávamos no nosso fotolog pessoal (www.flogao.com.br/denidani). A identificação foi instantânea e sempre em perfeita sintonia com o que eu queria expressar nas imagens. Quando voltamos para Belém decidi publicá-las em um blog, que está no ar desde 2006.




Incumbência

Daniel Amanajás


Dois corpos, dois corações

Separados e distantes

Existências combinadas

Indispensável expiação

Encontros e desencontros

Limitando a missão.


Duas vidas, duas afeições

Unidas por desígnio

Intuito de evolução

Oportuna incumbência

Deu-nos a Criação

Uma nova existência

Amplifica a provação.


Três essências, uma inquietação

Um ser, dois em atenção

Doce encargo

Edificante obrigação.

29 janeiro 2009

Vinícius e Marta


A maioria dos brasileiros já ouviu falar em Vinícius de Moraes (1913-1980). Se não conhece o nome e a história do poeta, provavelmente, já deve ter lido ou ouvido algum verso dele. Para alguns, ele é o letrista de muitos clássicos da bossa nova. É verdade. Porém isso é muito pouco. Antes de se enveredar pela senda da música popular, Vinícius, também chamado de Poetinha, teve uma carreira literária. Foi amigo de poetas ilustres como Mário de Andrade, Oswald de Andrade, Carlos Drummond de Andrade, Manoel Bandeira, Cecília Meireiles; de escritores como Jorge Amado, Rubem Braga, João Cabral de Melo Neto. Artistas plásticos como Cândido Portinari, Di Cavalcanti e o arquiteto Oscar Niemeyer. Também esteve ligado a intelectuais como Sérgio Buarque de Holanda, Antônio Candido e outros que não recordo os nomes.


Diplomata por formação, fez sua entrada na literatura em 1933 com o livro O caminho para a distância. Suas obras iniciais evidenciavam traços da formação humanista recebida dos educadores jesuítas. Todavia o contato com artistas da chamada Geração de 45 o influenciam no sentido de produzir uma literatura marcadas por versos em linguagem mais simples, sensual e, por vezes, carregados de temas sociais. Profissionalmente, durante os noa 40 e 40, atua nas representações diplomática brasileiras nos Estados Unidos, França e Uruguai.


Em 1954, conhece o maestro Tom Jobim com quem escreve a peça musical Orfeu da Conceição, qu depois se tornaria filme,dirigido pelo francês Marcel Camus. O filme, com o título de Orfeu Negro, com canções de Tom e Vinícius na trilha sonora, ganhou o Oscar de melhor filme de 1960. Do encontro entre eles nasceu a canção Chega de Saudade, que, gravada por Elizeth Cardoso e, posteriormente, por João Gilberto, foi considerada a primeira canção do movimento que, em 1958, seria conhecido como Bossa Nova.


Além de Jobim desenvolveu parcerias como outros músicos: Carlos Lyra, Baden Powell, Ary Barroso, Moacir Santos, Edu Lobo, Chico Buarque. Porém sua parceria mais intensa foi com o músico paulista Antônio Pecci Filho, o Toquinho, com quem viria a formar uma dupla nos anos 70, que durou 11 anos, escreveu 120 canções, lançou 25 discos e realizou mais de mil espetáculos no Brasil e em outros países.


No dia 9 de julho de 1980, Vinícius começou a se sentir mal na banheira da casa onde morava, na Gávea, vindo a falecer pouco depois. Na véspera da morte, ele passara o dia anterior com o parceiro Toquinho planejando os últimos detalhes do volume 2 do álbum "Arca de Noé". Em 1981, este LP foi lançado. Mesmo após a morte, a obra musical de Vinicius manteve-se prestigiada na música brasileira.


O poetinha não conheceu Marta Alves, a moça baiana, cuja beleza ilustra este texto. Se a conhecesse, com certeza, a transformaria em sua musa, escreveria para ela poemas como o soneto que segue abaixo. Deixo para vocês um pouco da beleza dupla evidenciada na poesia de Vinícius de Moraes e na figura de Marta.

Aroldo José Marinho



Soneto do amor total

Vinícius de Moraes



Amo-te tanto,meu amor...não cante

O humano coração com mais verdade...

Amo-te como amigo e como amante

Numa sempre diversa realidade.


Amo-te afim,de um calmo amor prestante

E te amo além,presente na saudade

Amo-te enfim com grande liberdade

Dentro da eternidade e a cada instante.


Amo-te como um bicho,simplesmente

De um amor sem mistério e sem virtudes

Com um desejo maciço e permanente.


E de ter amar assim,muito e amiúde

É que um dia em teu corpo de repente

Hei de morrer de amar mais do que pude.

Aniversário de Sampa




São Paulo, a capital do estado mais desenvolvido da União fez aniversário. Agora a cidade é uma senhora de 455 anos, completados no dia 25 deste mês. Houve festa em tudo quanto foi lugar. Desde o tradicional bolo imenso, feito pela comunidade do bairro do Bexiga, passando pela decisão da Copa São Paulo de Juvenis (a dita Copinha) até os shows de música popular na Avenida Paulista. Óbvio que as comemorações da cidade quatrocentona vararam a madrugada.
Esse clima de festa me fez lembrar 1993, quando eu visitava Sampa pela primeira vez. Peguei um pouco dessa coisa boa que é o aniversário da cidade. Naquele ano, o daí 25 caiu numa segunda-feira. Tinha vontade de participar, de alguma forma, das comemorações. Havia algo de tentador: o show que Daniela Mercury faria, às 18:00, na Avenida Paulista. A vontade era grande. Mas ir ao show era uma missão, totalmente, impossível!
Na noite do 25, deveria seguir para o aeroporto de Cumbica para pegar o avião de volta para Belém, onde morava. Se eu fosse aao show da genial cantora baiana, certamente, perderia o vôo. No horário marcado para começar o show, eu deveria estar dentro do trem de metrô que me levaria até a estação onde eu pegaria o ônibus especial que ia para ao aeroporto. Com algum pesar, aceitei a impossibilidade.
Para não ficar totalmente alheio à festa, me dei um prêmio de consolação: depois do almoço, fui dar um passeio no parque do Ibirapuera, próximo do meu local de hospedagem. Cheguei e vi o parque lotado. Muitas pessoas caminhavam ou passeavam de bicicleta (a ciclovia tinha sido inaugurada na parte da manhã). Enfim, tudo estava agradável. Olhei para o relógio. Eram 16:30. Infelizmente, não poderia ficar muito tempo no Ibirapuera para não seguir atrasado para o aeroporto. Voltei para casa, peguei minhas coisas. Caminhei até à estação de metrô do Paraíso.
De lá fui até a estação da Praça da República onde me aguardava o ônibus que seguiria para o aeroporto. Chegando em Cumbica, fiz o procedimento padrão e aguardei o momento de embarcar. Neste momento, com certeza, devia estar rolando uma super-festa na Paulista. Fiquei com inveja de quem esteve lá. Mas não sou o tipo de gente que vive de choro e com vela.
Apesar de muito breve, de algum modo participei do aniversário de Sampa. Me senti paulistano. Comecei a me aproximar da cidade e do estado. Talvez esta afirmação pareça insossa. Então, esclareço que, antes de 1993, como muitos nortistas, eu tinha uma visão muito afetiva da cidade do Rio de Janeiro e não lançava meu olhar, de forma alguma, para a capital paulista. Era aquele coisa bem maniqueísta: se você simpatizar com o Rio, não lembrará de São Paulo e vice-versa.
Segui o pensamento da maioria. Fazia uma imagem genial do RJ e ignorava Sampa. Todavia esta viagem fez foi marcante. Me fez ver a beleza e a grandeza da cidade fundada por pelo padre Anchieta. Andei pela cidade. Visitei alguns dos seus lugares (lembro quando estive no cruzamento da Ipiranga com a São João, não resisti e me pendurei na placa com os nomes das vias). Fiz novos amigos. A redescoberta da Sociedade Esportiva Palmeiras me fez senti totalmente em casa. Claro que não passei a odiar o povo carioca. Contudo, meu coração passou a bater mais forte pela cidade dos paulistanos.
O tempo passou. Voltei mais duas vezes em São Paulo. De novo, o afeto se repetiu. Amei e fui amado. Escrevi alguns textos (um deles, chamado “Paulistano amor”) que foram dedicados à Sampa e ao seu povo diverso e especial. Depois disso, fiquei com a impressão de, numa outra encarnação, ter sido habitante daquela cidade.
Feliz aniversário!

Aroldo José Marinho

27 janeiro 2009

Cinco Perguntas Para... Paola Vannucci

Faço uma saudação de alegria aos leitores e leitoras deste blog. Com alegria venho lhes comunicar que, sentindo necessidade de dinamizar este espaço, tive uma idéia bem bacana. Ocasionalmente, entrevistarei alguma pessoa que, por um ou outro motivo, considero interessante. Faço isso na intenção de apresentar aos meus leitores e leitoras os pensamentos e as idéias de gente que tem algo de saudável ou proveitoso para oferecer.
A sessão de entrevista foi batizada com o singelo título de: Sessão CINCO PERGUNTAS PARA.... Há blogs e espaços jornalísticos que só divulgam o chatíssimo trio bobagem, bobagem em mais bobagem. Então, decidi ir na contramão dessa tendência idiota.
Começo a sessão conversando com Paola Vannucci. A próxima entrevista pode ser com você.
Quem é Paola? Vamos conhecê-la?
Aroldo José Marinho


Paola Vannucci (a moça do sorriso bonito aí da foto) é uma paulistana baseada em Curitiba (PR). Na capital paranaense, se dedica a prover duas crianças com carinho e boa educação. Também escreve textos poéticos que são postados num blog pessoal.

No ano passado, ela participou de um projeto virtual com outros autores. O fruto do projeto foi o lançamento de uma coletânea de poemas. Gentilmente, Paola disponibilizou o poema A próxima onda, um dos textos da citada obra, para que meus leitores e leitoras possam saborear um pouco da sua arte. Sobre este e outros assuntos, Paola conversou comigo.
Segue abaixo o diálogo que tivemos.

Aroldo (A): No ano passado, você participou de do lançamento de uma coletânea de poemas. Pode contar sobre este fato?
Paola (P): Foi muito marcante pra mim participar de uma coletânea poética. Tinha sido convidada virtualmente pela Magali Oliveira, mentora e organizadora deste evento cultural. no qual ela procura, por todo o país, novos poetas de graus imprescindíveis. Este projeto chama-se Antologia dos Poetas Virtuais. Este fato me marcou porque foi a primeira vez na ida que publico meus escritos e me apresentei de público renomado. Não há emoção maior, do que estar no palco recitando um dos meus poemas para uma cidade linda como Santo Antonio de Pádua (RJ)com todas as presenças ilustres daquela cidade. Este fato me proporcionou uma nova visão de trabalho.

A: Além de poesia, você escreve outros gêneros literários?
P: Eu escrevi um romance. E também escrevo artigos e os publico em meu blog pessoal (www.pvannucci.blogspot.com).

A: Você vive profissionalmente da literatura?
P: Não vivo da literatura, atualmente, sou estudante e estagiaria em Pedagogia, além dos serviços que executo de digitação.

A: Quais são sues projetos para o futuro?
P: Publicar meu romance e também de organizar todos os meus poemas para compor em um livro único.

A: Deseja fazer mais alguma afirmação?
P: A única afirmação que tenho a fazer é que a vida está para ser vivida, independentemente dos objetivos e sonhos para cada pessoa. Somos livres e independentes e temos que realizar tudo o que queremos, conquistar todos os horizontes possíveis.


A PRÓXIMA ONDA

Vejo desespero em seus olhos
que lacrimejam a dor da nossa perda.
Vejo alegria no porvir, pois a lição da vida me ensinara
que o que sempre quis foi você
e simplesmente você voltará na próxima onda.
O sol que reflete no mar
é como se fosse um espelho a me dizer
que nosso amor nunca acabará.
As ondas que agora chegam,
trazem seu perfume a banhar-me.
Será mesmo você chegando?
Não estou sofrendo agora
porque sei do seu desejo.
E saberei esperar a sua chegada.
A noite caiu finapara me dizer:
- Faça um poema pra ele....

Escrevo palavras todos os dias
para que você me olhe,
E diz:
Nunca deveria ter saído da sua vida.
O espelho reflete nosso amor!!!
O desespero fora esquecido.
Paola Vannucci
02/05/2008

25 janeiro 2009

Alta velocidade




A manhã do domingo, dia 09 de dezembro, foi bastante especial. Brasília serviu como palco de mais uma etapa do campeonato brasileiro de stock car. Muitas pessoas foram para o autódromo da cidade assistir à prova. Eu também estive lá. Esta foi minha primeira ida a um grande prêmio automobilístico. Tive a felicidade de ir como convidado de Ney e Marilde, casal amigo muito envolvido com as corridas. De quebra, ganhei uma credencial que me permitiu ir aos boxes das equipes falar com os pilotos, circular entre os jornalistas, gente como Reginaldo Leme, que aparece comigo mais o casal que me levou.

A corrida foi disputada sem grandes complicações. J. Ricardo, que havia conseguido a pole no treino classificatório, foi o vencedor da prova. Em nenhum momento saiu da liderança. Ninguém o ameaçou. Ricardo mereceu a vitória, não há como negar. Palmas para ele que, por sinal, foi o vencedor da temporada. Todavia ele não mereceu as atenções sozinho.

Quem estava se despedindo das pistas da stock car, era Ingo Hoffman (o cara que divide o espaço comigo na foto), com 12 títulos, o super-campeão da categoria. O Alemão, como é chamado por alguns, decidiu que era a hora de pendurar o capacete e assistir às corridas como chefe de equipe, consultor ou assumir qualquer outra função. Muitas homenagens foram feitas para ele. Todas justas. O cara é muito legal. valeu Ingo!

Como não há muito que comentar sobre a corrida em si, meu olhar me fez voltar ao tempo da adolescência. Quando morava em Macapá, minha terra natal, no antigo território do Amapá (AP). Junto com meus irmãos Célio, Beto; mais os primos Guara, Preto, Oscar, Emerson, Helder, Alan e Daniel. Éramos garotos com alguma informação e um desejo imenso de conhecer o mundo e dialogar com as suas situações.

Apesar de Macapá ser uma cidade capital, éramos desprovidos de muitas possibilidades. As notícias chegavam com atraso, os fatos pareciam bem distantes. Mesmo assim, nós procurávamos aprender com esse pouco. Ouvíamos rock na única rádio Fm da cidade. Víamos os clipes numa emissora que dedicava 15 minutos para o som jovem. O cinema exibia filmes sempre com atraso. Filmes que, muitas vezes, eram parecidos com os exibidos na sessão da tarde.

Além da cultura, nossos olhos se voltavam para o esporte. O futebol carioca atraía a atenção da maioria de nós. Mas também era legal assistir aos grandes prêmios de fórmula 1 que a Globo transmitia aos domingos. Galvão Bueno narrava e o Reginaldo fazia os comentários. Oferecíamos nossa torcida para Nelson Piquet, Ayrton Senna, Maurício Gugelmin, Roberto Puppo Moreno, entre os pilotos que consigo recordar.

O tempo passou e diversas situações modificaram nossas vidas. A Constituição de 1988 transformou o Amapá em estado. Nós também mudamos. Eu, meus irmãos e a maioria dos primos, fomos morar em Belém, no vizinho Pará. Fomos nos preparar para o vestibular. Entramos para a vida universitária. Ampliamos nossos olhares. Nos tornamos pessoas do mundo.

Belém nos inseriu na vida jovem. Nos fez superar nossos espantos, compreender nossas limitações. Chegamos meninos e lá nos tornamos homens. Posteriormente, na idade adulta, começamos a definir os rumos que nossas vidas tomariam até os dias atuais. No meu caso, vim para Brasília.

As recordações citadas nos parágrafos anteriores me vieram à mente durante minha estada no autódromo. Só uma vez senti emoção semelhante: foi em 1999 quando vi o show de retorno da formação original da Plebe Rude. Foi bom ter ido ao grande prêmio de stock car. Deu para relembrar a adolescência. Fez enorme bem para minha alma. A felicidade só não foi, de fato, completa, porque não estava acompanhado de meus irmãos e meus primos.
Harold

22 janeiro 2009

Uma língua reformada

O ano de 2009 chegou trazendo além dos votos de festa e sucesso costumeiros, uma informação para o mundo que fala a língua portuguesa. A partir deste janeiro, as regras do idioma lusitano foram unificadas. Tem valor para Brasil, Portugal e demais países lusófonos. Os defensores da medida dizem que agora será possível trabalhar pela difusão do idioma que, segundo Wikipedia, é o terceiro mais falado no mundo ocidental. A tentativa de unificação não é um fato novo.
Começou nas décadas finais do século XX. Agora vamos dar tempo ao tempo para saber se tal reforma é válida ou é só mais uma dessas atitudes ineficazes.
Entre as mudanças citadas na tal reforma há a volta das letras k,y e z ao alfabeto português. O banimento do trema, dos acentos circunflexo e agudo de algumas palavras. Agora as palavras terão uma grafia não acentuada mas sem prejuízo quanto à pronúncia. Além destas, há outras modificações na reforma. Todavia não recordo no momento. Mesmo sabendo pouco sobre o fato, desejo expressar minha opinião.
Particularmente, não percebo nenhuma vantagem trazida pela reforma. Apesar de alguns lingüísticas e gramáticos que a unificação permitirá a consolidação e divulgação, certamente, ela não fará do português a língua mais importante ou charmosa do mundo. Não vai fazer com que os países fora do âmbito lusófono queiram aumentar as relações comerciais com a Comunidade do Países de Língua Portuguesa (CPLP). Enfim, não trará vantagem prática nenhuma.

Também não se pode esquecer que o que torna bonita uma língua é a forma como os falantes se apropriam dela. Já imaginou se ingleses, norte-americanos, irlandeses, australianos e demais nações que adotam o inglês falassem ou escrevessem da mesma forma? Que coisa horrível seria se os sotaques dos países da África francófona fossem regrados pela bel vontade da matriz pariense.
Sinceramente, não acredito na forma desta reforma. Também não farei esforço para assimilá-la. Não acredito que algum brasileiro ache normal ler as palavras redacção, facto, objecto, que são constantes na forma lusitana. Viva nós que falamos com o charme brasileiro e os estrangeiros que, volta e meia, declaram que o português falado aqui é melhor do que o ensinado em Lisboa e arredores.
Mas o que fazer com a tal da reforma? Primeiro, reconhecer que a intenção foi boa e agradecer os esforço dos partidários da unificação. Segundo, respeitar e se interessar pela diversidade cultural dos países lusófonos. Terceiro, deixar de lado as preocupações ortográficas e cultivar uma sadia convivências com os outros países que também falam o idioma de Camões.
Aroldo José Marinho