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29 janeiro 2009

Aniversário de Sampa




São Paulo, a capital do estado mais desenvolvido da União fez aniversário. Agora a cidade é uma senhora de 455 anos, completados no dia 25 deste mês. Houve festa em tudo quanto foi lugar. Desde o tradicional bolo imenso, feito pela comunidade do bairro do Bexiga, passando pela decisão da Copa São Paulo de Juvenis (a dita Copinha) até os shows de música popular na Avenida Paulista. Óbvio que as comemorações da cidade quatrocentona vararam a madrugada.
Esse clima de festa me fez lembrar 1993, quando eu visitava Sampa pela primeira vez. Peguei um pouco dessa coisa boa que é o aniversário da cidade. Naquele ano, o daí 25 caiu numa segunda-feira. Tinha vontade de participar, de alguma forma, das comemorações. Havia algo de tentador: o show que Daniela Mercury faria, às 18:00, na Avenida Paulista. A vontade era grande. Mas ir ao show era uma missão, totalmente, impossível!
Na noite do 25, deveria seguir para o aeroporto de Cumbica para pegar o avião de volta para Belém, onde morava. Se eu fosse aao show da genial cantora baiana, certamente, perderia o vôo. No horário marcado para começar o show, eu deveria estar dentro do trem de metrô que me levaria até a estação onde eu pegaria o ônibus especial que ia para ao aeroporto. Com algum pesar, aceitei a impossibilidade.
Para não ficar totalmente alheio à festa, me dei um prêmio de consolação: depois do almoço, fui dar um passeio no parque do Ibirapuera, próximo do meu local de hospedagem. Cheguei e vi o parque lotado. Muitas pessoas caminhavam ou passeavam de bicicleta (a ciclovia tinha sido inaugurada na parte da manhã). Enfim, tudo estava agradável. Olhei para o relógio. Eram 16:30. Infelizmente, não poderia ficar muito tempo no Ibirapuera para não seguir atrasado para o aeroporto. Voltei para casa, peguei minhas coisas. Caminhei até à estação de metrô do Paraíso.
De lá fui até a estação da Praça da República onde me aguardava o ônibus que seguiria para o aeroporto. Chegando em Cumbica, fiz o procedimento padrão e aguardei o momento de embarcar. Neste momento, com certeza, devia estar rolando uma super-festa na Paulista. Fiquei com inveja de quem esteve lá. Mas não sou o tipo de gente que vive de choro e com vela.
Apesar de muito breve, de algum modo participei do aniversário de Sampa. Me senti paulistano. Comecei a me aproximar da cidade e do estado. Talvez esta afirmação pareça insossa. Então, esclareço que, antes de 1993, como muitos nortistas, eu tinha uma visão muito afetiva da cidade do Rio de Janeiro e não lançava meu olhar, de forma alguma, para a capital paulista. Era aquele coisa bem maniqueísta: se você simpatizar com o Rio, não lembrará de São Paulo e vice-versa.
Segui o pensamento da maioria. Fazia uma imagem genial do RJ e ignorava Sampa. Todavia esta viagem fez foi marcante. Me fez ver a beleza e a grandeza da cidade fundada por pelo padre Anchieta. Andei pela cidade. Visitei alguns dos seus lugares (lembro quando estive no cruzamento da Ipiranga com a São João, não resisti e me pendurei na placa com os nomes das vias). Fiz novos amigos. A redescoberta da Sociedade Esportiva Palmeiras me fez senti totalmente em casa. Claro que não passei a odiar o povo carioca. Contudo, meu coração passou a bater mais forte pela cidade dos paulistanos.
O tempo passou. Voltei mais duas vezes em São Paulo. De novo, o afeto se repetiu. Amei e fui amado. Escrevi alguns textos (um deles, chamado “Paulistano amor”) que foram dedicados à Sampa e ao seu povo diverso e especial. Depois disso, fiquei com a impressão de, numa outra encarnação, ter sido habitante daquela cidade.
Feliz aniversário!

Aroldo José Marinho