

Esse clima de festa me fez lembrar 1993, quando eu visitava Sampa pela primeira vez. Peguei um pouco dessa coisa boa que é o aniversário da cidade. Naquele ano, o daí 25 caiu numa segunda-feira. Tinha vontade de participar, de alguma forma, das comemorações. Havia algo de tentador: o show que Daniela Mercury faria, às 18:00, na Avenida Paulista. A vontade era grande. Mas ir ao show era uma missão, totalmente, impossível!
Na noite do 25, deveria seguir para o aeroporto de Cumbica para pegar o avião de volta para Belém, onde morava. Se eu fosse aao show da genial cantora baiana, certamente, perderia o vôo. No horário marcado para começar o show, eu deveria estar dentro do trem de metrô que me levaria até a estação onde eu pegaria o ônibus especial que ia para ao aeroporto. Com algum pesar, aceitei a impossibilidade.
Para não ficar totalmente alheio à festa, me dei um prêmio de consolação: depois do almoço, fui dar um passeio no parque do Ibirapuera, próximo do meu local de hospedagem. Cheguei e vi o parque lotado. Muitas pessoas caminhavam ou passeavam de bicicleta (a ciclovia tinha sido inaugurada na parte da manhã). Enfim, tudo estava agradável. Olhei para o relógio. Eram 16:30. Infelizmente, não poderia ficar muito tempo no Ibirapuera para não seguir atrasado para o aeroporto. Voltei para casa, peguei minhas coisas. Caminhei até à estação de metrô do Paraíso.
De lá fui até a estação da Praça da República onde me aguardava o ônibus que seguiria para o aeroporto. Chegando em Cumbica, fiz o procedimento padrão e aguardei o momento de embarcar. Neste momento, com certeza, devia estar rolando uma super-festa na Paulista. Fiquei com inveja de quem esteve lá. Mas não sou o tipo de gente que vive de choro e com vela.
Apesar de muito breve, de algum modo participei do aniversário de Sampa. Me senti paulistano. Comecei a me aproximar da cidade e do estado. Talvez esta afirmação pareça insossa. Então, esclareço que, antes de 1993, como muitos nortistas, eu tinha uma visão muito afetiva da cidade do Rio de Janeiro e não lançava meu olhar, de forma alguma, para a capital paulista. Era aquele coisa bem maniqueísta: se você simpatizar com o Rio, não lembrará de São Paulo e vice-versa.
Segui o pensamento da maioria. Fazia uma imagem genial do RJ e ignorava Sampa. Todavia esta viagem fez foi marcante. Me fez ver a beleza e a grandeza da cidade fundada por pelo padre Anchieta. Andei pela cidade. Visitei alguns dos seus lugares (lembro quando estive no cruzamento da Ipiranga com a São João, não resisti e me pendurei na placa com os nomes das vias). Fiz novos amigos. A redescoberta da Sociedade Esportiva Palmeiras me fez senti totalmente em casa. Claro que não passei a odiar o povo carioca. Contudo, meu coração passou a bater mais forte pela cidade dos paulistanos.
O tempo passou. Voltei mais duas vezes em São Paulo. De novo, o afeto se repetiu. Amei e fui amado. Escrevi alguns textos (um deles, chamado “Paulistano amor”) que foram dedicados à Sampa e ao seu povo diverso e especial. Depois disso, fiquei com a impressão de, numa outra encarnação, ter sido habitante daquela cidade.
Feliz aniversário!
Aroldo José Marinho
Um comentário:
Muito bom artigo
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