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30 outubro 2016

Na reta final

Nesta semana mais  dois capítulos de debates foram escritos na disputa pela prefeitura de Macapá no segundo turno. Novamente, os protagonistas foram o prefeito Clécio Luís (Rede) e o ex-senador Gilvam Borges (PMDB). Ambos tentaram convencer o eleitorado da capital de que são as melhores opções para dirigir a cidade nos próximo quatro anos. Os debates, em alguns momentos viraram embates, ou combates. Recheados de situações mais apropriadas aos programas humorísticos do que às discussões de idéias.

O primeiro capítulo aconteceu na tarde de quarta-feira (26), nos estúdios da rádio Diário Fm. Luís e Borges responderam  perguntas sobre temas acordados pela equipe da rádio com suas assessorias de campanha. Por serem pessoas acostumadas a enfrentar microfones, poderia se supor que o prefeito e o ex-senador dariam ao público um programa de discussão de muitas idéias interessantes para Macapá. Porém a fronteira que separa a suposição da realidade é grande.

Em termos de desempenho, Luís respondeu com tranquilidade a maior parte das perguntas. Todavia não se pode fazer a mesma afirmação sobre seu adversário. Em nenhum momento, Borges conseguiu responder aos temas de forma direta e concisa. Argumentou sempre de maneira vaga, malandramente, dando sempre um jeito para, em suas respostas, incluir farpas à atual administração do município. 

Provavelmente, a intenção do ex-senador era criar um clima que pudesse desestabilizar Luís. Sua postura me lembrou comportamento de zagueiros uruguaios que, fora das vistas dos árbitros,  passam o jogo inteiro provocando atacantes brasileiros. Estes, depois de muitos provocados, finalmente, revidam as agressões, na frente do juiz. Resultado: cartão vermelho para o agredido e vitória do agressor. Se era esta a estratégia de Borges, com certeza, não surtiu efeito desejado. Poucas foram as vezes em que Luís ficou desconcertado. Acredito que o único efeito prático das situações deste debate foi ajudar muitos indecisos a fazerem opção pelo candidato da Rede. Dados da pesquisa encomendada pelo Ibope, o portal G1 e a Rede Amazônica de Televisão (http://noticias.uol.com.br/ultimas-noticias/agencia-estado/2016/10/28/em-macapa-clecio-luis-tem-56-e-gilvam-borges-37-revela-pesquisa-ibope.htm), divulgada na sexta-feira (28), parecem endossar este entendimento.

Na noite de sexta-feira, já sabendo da preferência do eleitorado revelado pela última pesquisa, Luís (56%) e Borges (37%) foram para o embate final nos estúdios da Tv Amapá. Considerando o debate da quarta-feira anterior, não foram verificadas mudanças significativas nas posturas dos candidatos. Luís mostrou maior tranquilidade ao enfrentar as provocações de Borges. Focou a fala nas ações realizadas em sua gestão municipal. Seu opositor não modificou estratégia, várias vezes, tentou vender a idéia de que era um herói popular, representante do povão, execrado pelas elites e assim por diante. Provavelmente, sua participação não conseguiu agregar novos eleitores à sua campanha.

Chega o domingo (30), despedida de outubro e da eleição. Se não houver surpresa, Clécio Luís terá novo mandato. Diferente de 2012, quando concorreu com um prefeito que foi conduzido ao cárcere da Polícia Federal, ele não é mais uma novidade, um candidato transformado em bandeira ética para evitar que Macapá virasse piada nacional. Os tempos são outros! Candidato à reeleição, mudou de partido e liderou uma coligação que, do ponto de vista ideológico, foi questionada por eleitores esclarecidos. O êxito de sua nova gestão pode ampliar seu espaço político no contexto das eleições majoritárias. Todavia um possível fracasso estimulará a população, em novos pleitos, a dar voto de confiança aos seus opositores. Eis a nova caminhada de Luís.

02 outubro 2016

Tudo de novo?

O primeiro turno das eleições municipais em Macapá chega ao seu final. Logo a contagem de votos indicará quais candidatos se enfrentarão no segundo turno. Também se saberá se as pesquisas eleitorais, de fato, expressaram com fidelidade a tendência do eleitorado da capital do estado do Amapá.

Na última pesquisa realizada pelo Ibope para a Rede Amazônica de televisão, divulgada na sexta-feira (30/09), era clara preferência do eleitorado pelo prefeito Clécio Luís (http://g1.globo.com/ap/amapa/eleicoes/2016/noticia/2016/09/ibope-votos-validos-clecio-tem-42-gilvam-21-e-aline-19.html). Candidato da Rede liderava com 42%, secundado por Gilvam Borges (PMDB) com 21%, num empate técnico com a terceira colocada Aline Gurgel (PRB), 19%. Os números deram a entender que a população, se não está totalmente satisfeita com sua administração, também não se sente tão decepcionada.

Os números da pesquisa indicaram que a disputa do segundo turno oporá a centro-esquerda à direita. Luís tentará sua reeleição contra Borges ou Gurgel. Nas projeções do Ibope, o atual prefeito será vencedor independente da pessoa com quem irá concorrer. Todavia nem sempre a voz das pesquisas, necessariamente, reflete a voz do povo.

A partir de amanhã (03/10) os que forem para o segundo turno iniciarão contatos para ampliar seus leques de influência. Se valer a lógica da eleição de 2012, provavelmente, Luís será novamente vencedor, com voto das pessoas de boa vontade e esclarecidas de Macapá. Contudo não se pode esquecer que, no pleito anterior, ele era uma grata surpresa do PSOL,  que não teve dificuldade para unificar a esquerda ao seu redor. Considerando sua transferência para a Rede e seu crescente diálogo com o DEM de sua vice, conseguirá ele ser, novamente, a personificação política de uma Macapá que deseja ser uma cidade que busca ser percebida como evoluída?

Cenas dos próximos capítulos!

Aroldo José Marinho  




Edmilson e quem?

Faltam algumas horas para Belém saber quem serão os candidatos que, no segundo turno, permanecerão na disputa para a prefeitura. Pesquisa encomendada pela Tv Liberal ao Ibope e divulgada em 01/10 (http://g1.globo.com/pa/para/eleicoes/2016/noticia/2016/10/ibope-votos-validos-edmilson-tem-33-zenaldo-23-e-eder-mauro-20.html), confirmou a liderança que o candidato Edmilson Rodrigues (PSOL) mostrou ter na pesquisas anteriores. A vantagem de Rodrigues sobre demais competidores é de 33%. No segundo lugar, aparece Zenaldo Coutinho (PSDB) com 23%, buscando à reeleição, seguido por Éder Mauro (PSD), 20%. A vantagem do segundo candidato para o terceiro configura um empate técnico entre ambos. Resta esperar abertura das urnas para saber quem será o adversário de Rodrigues no próximo round eleitoral.

Terminado o primeiro turno, os competidores que irão para o turno seguinte, começarão a conversar com os adversários que ficarão de fora da disputa. Momento de aplacar as animosidades surgidas durante a campanha e acentuadas nos debates. Apesar da batalha particular entre Coutinho e Mauro, é provável que, pela lógica de alianças da atual política brasileira, o perdedor ofereça seu apoio para aquele que for enfrentar Rodrigues. Num ensaio de futurologia presume-se que o deputado do PSOL receberá apoio de partidos alinhados à esquerda (PT, PCdoB, PCB e PSTU). O bloco que adversário deverá ser integrado pelos partidos que demonstram ser mais afinados com o atual governo federal (PSDB, PMDB, PSD, PRTB e Rede). 

Todavia não se pode afirmar que tendência ideológica será concretizada. Há sempre possibilidade do PSTU, como em outras ocasiões optar por não apoiar nenhuma candidatura no segundo turno. Também é viável a Rede declarar neutralidade e assim por diante. Ou então, o PMDB rachar ao meio, com suas lideranças apoiando candidatos diferentes.

As preocupações dos candidatos passam a ser outras e bem maiores. Apesar de todas as projeções eleitorais indicarem que Rodrigues será vencedor no segundo turno, independente do adversário ser Coutinho ou Mauro, ele sabe que haverá fogo pesado em sua direção. Assim como agora, o socialista liderou a corrida eleitoral em 2012. Mas foi derrotado no segundo turno pela união de caciques da dupla PMDB e PSDB. Portanto, há necessidade de tornar mais efetiva sua campanha na reta final.

O prefeito Coutinho, além da clara preferência do eleitorado por Rodrigues, tem contra si a impopularidade de sua administração. Eleitores que estiveram com ele no pleito anterior declararam estar decepcionados e que optarão por outro candidato. Isso não significa que, necessariamente, esses votos irão para seu adversário socialista. Uma possibilidade plausível é que haja notável quantidade de votos em branco ou nulos no segundo turno.   

A sorte está lançada! Se não houver algum fator de última hora, haverá mudança na direção da prefeitura de Belém. Se Rodrigues for vencedor, a mudança poderá ser ampla, desde o estilo de administrar até as  prioridades da gestão. Todavia, se Mauro for o eleito, as mudanças, provavelmente, serão mínimas. Havendo, na verdade, somente a troca de gestor e a manutenção do estilo de administrar. 


Aroldo José Marinho