Nesta semana mais dois capítulos de debates foram escritos na disputa pela prefeitura de Macapá no segundo turno. Novamente, os protagonistas foram o prefeito Clécio Luís (Rede) e o ex-senador Gilvam Borges (PMDB). Ambos tentaram convencer o eleitorado da capital de que são as melhores opções para dirigir a cidade nos próximo quatro anos. Os debates, em alguns momentos viraram embates, ou combates. Recheados de situações mais apropriadas aos programas humorísticos do que às discussões de idéias.
O primeiro capítulo aconteceu na tarde de quarta-feira (26), nos estúdios da rádio Diário Fm. Luís e Borges responderam perguntas sobre temas acordados pela equipe da rádio com suas assessorias de campanha. Por serem pessoas acostumadas a enfrentar microfones, poderia se supor que o prefeito e o ex-senador dariam ao público um programa de discussão de muitas idéias interessantes para Macapá. Porém a fronteira que separa a suposição da realidade é grande.
Em termos de desempenho, Luís respondeu com tranquilidade a maior parte das perguntas. Todavia não se pode fazer a mesma afirmação sobre seu adversário. Em nenhum momento, Borges conseguiu responder aos temas de forma direta e concisa. Argumentou sempre de maneira vaga, malandramente, dando sempre um jeito para, em suas respostas, incluir farpas à atual administração do município.
Provavelmente, a intenção do ex-senador era criar um clima que pudesse desestabilizar Luís. Sua postura me lembrou comportamento de zagueiros uruguaios que, fora das vistas dos árbitros, passam o jogo inteiro provocando atacantes brasileiros. Estes, depois de muitos provocados, finalmente, revidam as agressões, na frente do juiz. Resultado: cartão vermelho para o agredido e vitória do agressor. Se era esta a estratégia de Borges, com certeza, não surtiu efeito desejado. Poucas foram as vezes em que Luís ficou desconcertado. Acredito que o único efeito prático das situações deste debate foi ajudar muitos indecisos a fazerem opção pelo candidato da Rede. Dados da pesquisa encomendada pelo Ibope, o portal G1 e a Rede Amazônica de Televisão (http://noticias.uol.com.br/ultimas-noticias/agencia-estado/2016/10/28/em-macapa-clecio-luis-tem-56-e-gilvam-borges-37-revela-pesquisa-ibope.htm), divulgada na sexta-feira (28), parecem endossar este entendimento.
Na noite de sexta-feira, já sabendo da preferência do eleitorado revelado pela última pesquisa, Luís (56%) e Borges (37%) foram para o embate final nos estúdios da Tv Amapá. Considerando o debate da quarta-feira anterior, não foram verificadas mudanças significativas nas posturas dos candidatos. Luís mostrou maior tranquilidade ao enfrentar as provocações de Borges. Focou a fala nas ações realizadas em sua gestão municipal. Seu opositor não modificou estratégia, várias vezes, tentou vender a idéia de que era um herói popular, representante do povão, execrado pelas elites e assim por diante. Provavelmente, sua participação não conseguiu agregar novos eleitores à sua campanha.
Chega o domingo (30), despedida de outubro e da eleição. Se não houver surpresa, Clécio Luís terá novo mandato. Diferente de 2012, quando concorreu com um prefeito que foi conduzido ao cárcere da Polícia Federal, ele não é mais uma novidade, um candidato transformado em bandeira ética para evitar que Macapá virasse piada nacional. Os tempos são outros! Candidato à reeleição, mudou de partido e liderou uma coligação que, do ponto de vista ideológico, foi questionada por eleitores esclarecidos. O êxito de sua nova gestão pode ampliar seu espaço político no contexto das eleições majoritárias. Todavia um possível fracasso estimulará a população, em novos pleitos, a dar voto de confiança aos seus opositores. Eis a nova caminhada de Luís.
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