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31 maio 2009

Futebol e musa 2


Na postagem anterior foi informado que a eleição da musa do Candangão 2009 acointeceu em dois escrutínios. Um na internet, pelos usuários do site Esporte Candango. O segundo, foi na Sociedade Futeboleira de Brasília, através de um juri composto por personalidades do Distrito Federal.

Sem dúvida, a escolha não deve ter sido uma tarefa fácil de realizar. Todas as candidatas mostraram graça e simpatia. Mas superada a dificuldade, o jurí escolheu como vencedora a bela Fernanda Espíndola, musa do Luziânia.

O clube pode não ter feito boa campanha no candangão, mas sua musa, sem sombra de dúvida, sempre será vencedora. A moça de 24 anos, tem jeito e características de musa. Mantém seus 60 kg bem distribuídos na altura de 1,68. Além de primar pela beleza, a moça, que é pianista, e admiradora dos homens inteligentes, também consegue encantar pelo jeito extrovertido.

Resumindo tudo: a escolha do juri foi merecidíssima. Bravo Fernanda!!!!!
Harold


Futebol e musa 1



O campeonato de futebol profissional do Distrito Federal (DF), carinhosamente chamado de Candangão, encerrou sua versão 2009 na tarde de sábado (03/05). O jogo final foi entre as equipes de Brasiliense e Brasília. A primeira precisava apenas empatar para conquistar o título pela sexta vez. Fez melhor, venceu por 2x1 e confirmou as previsões feitas pelos especialistas no início da competição. Além dessas equipes, o pódium foi completado pela Sociedade Esportiva do Gama, que alcançou o terceiro lugar.

Findo o campeonato veio o momento da confraternização, que foi realizada na segunda-feira (04/05), na Sociedade Futeboleira de Brasília. A festa foi promovida pela Federação Brasiliense de Futebol em parceria com o site Esporte Candango. Um dos objetivos da festa foi premiar os atletas que mais se destacaram em suas posições no decorrer da competição. Os votantes, membros da crônica esportiva, escolheram os seguintes atletas:

- Goleiro: GUTO – Brasiliense
- Laterais: JULIO CÉSAR – Brasiliense / KAKÁ – Brasília
- Zagueiros: AILSON - Brasiliense / PIU – Brasília
- Volantes: DIDÃO – Brasília / COQUINHO – Brasiliense
- Meio-Campistas: IRANILDO e ADRIANINHO – Brasiliense
- Atacantes: FABIO JÚNIOR – Brasiliense / CHEFE – Brasília
- Técnico: MARQUINHOS CARIOCA – Brasília
- Craque do campeonato: IRANILDO – Brasiliense
- Revelação: FERRUGEM – Gama

Depois da cerimônia de premiação, a festa, de fato, se tornou atraente. O foco passou a ser a escolha da musa do Candangão. As oito equipes participantes do campeonato apresentaram suas candidatas. Foram realizadas duas eleições. A primeira aconteceu na internet. Os internautas acessaram o site Esporte Candango e escolheram suas preferidas.

A vencedora foi a bela Márcia Cristina, representante do Brasiliense. Mérito é o que não falta para a eleita. Márcia é uma bela loura, de 31 anos, 1,70 m e 56 kg. Impossível não prestar atenção nesta moça que adora dançar. E quem não vai querer dançar com ela?
Aroldo José Marinho

Devagar com andor 2

Ontem (30/05) foi realizada a final do Britain's Got Talent, programa de calouros da televisão britânica, que revelou para o mundo a escocesa Susan Boyle. Esta mulher desempregada, de 47 anos, ganhou um espaço nunca imaginado, virou personalidade mundial. Os clipes de suas apresentações estão entre os mais assistidos no You Tube. A título de registro, só a sua primeira apresentação teve mais de 100 milhões de acessos.

Por tudo que aconteceu Susan era favoritíssima para vencer o concurso. Noventa e nove por cento de chance. E lá foi ela para o palco usando um vestido longo e brilhante , para interpretar a canção I dreamed a dream, do musical Os miseráveis. Porém sua bola bateu na trave. Para ela, o segundo lugar. O disputado prêmio de 100 mil libras, e a honra de se apresentar para a rainha Elizabeth II, no tradicional Royal Variety Show, ficaram para o grupo de dança Diversity.

Não sei se a escolha foi justa ou não. Para ser sincero, eu sabia da existência do Britain's Got Talent. Soube sobre Susan Boyle como a maioria das pessoas. Além da divulgação na mídia, alguém enviou para meu e-mail o vídeo da primeira aparição dela no programa. Confesso que fiquei encantado com o seu perfil social. Brasileiro é assim mesmo, a gente sempre torce pela pessoa que, socialmente, é mais desfavorecida.

Notícias recebidas ontem davam a entender que o sucesso havia subido à cabeça da senhorita Boyle. Que ela andava às turras com os jornalistas e tratando com frieza os fãs que o programa lhe deu. Não sei se as informações são verídicas. Sempre penso que tenho coisa mais útil para fazer do que prestar atenção excessiva às frivolidades da mídia. Porém, caso sejam, é lamentável constatar que o breve sucesso pode mexer com a cabeça de uma pessoa que, há pouco tempo, só existia no âmbito de sua vizinhança. De repente, estava ela cruzando o ocêano para dar entrevistas nos prestigiados talk shows de Oprah Winfrey e Larry King. Será que isso foi demais para Susan? Então recordo a velha máxima popular: Quem nunca comeu mel, quando come se lambuza. Será que é verdade? Tomara que não.

Apesar da derrota no programa, nada está perdido para Boyle. Ela já alcançou os 15 minutos de fama. Mesmo não levando o prêmio, sua vida não será mais a mesma. Entre as novidades estão os acordos milionários para gravar um disco e excursionar pelo Reino Unido e os Estados Unidos. Talento para fazer sucesso ela tem. Boa sorte!

Nunca é demais lembrar para Susan e todos que estão chegando agora nos grandes negócios sobre o valor da cabeça fria e da humildade. É preciso ir devagar com o andor que o santo é de barro.
Aroldo José Marinho

Susan Boyle- I dreamed a dream




Devagar com o andor 1

O campeonato brasileiro da série B (também chamado de segunda divisão) teve seu início há duas semanas. A novidade da edição atual é a presença do Vasco da Gama. O clube carioca fez péssima campanha na divisão principal, em 2008. Tudo reflexo da crise política que culminou com a saída do sinistro dirigente Eurico Miranda da presidência do clube. Por isso, foi rebaixado.

Para este ano, o time entra num novo contexto. Agora tendo como presidente Roberto Dinamite, considerado o ídolo maior do time. Sua missão é resgatar o Vasco da lama a que foi submetido pela administração anterior. Foi assim que o time fez sua estréia na série B. Enfrentou três adversários (Brasiliense, Ceará e Atlético-GO), venceu todos. Sinal de boa fase também observada na sua boa campanha na Copa do Brasil.

Então veio o jogo de ontem (30/05). Lá foi o vasco desfilar seu favoritismo na frente do paraná Clube, em Curitiba (PR). Por causa do jogo decisivo da Copa do Brasil, Dorival Júnior botou em campo uma equipe recheada de reservas. Acreditou no taco de seu elenco. Tudo bem organizado. Mas esqueceu de combinar com o adversário.

O resultado mostrou que cuidado nunca é demais: Paraná 3 x 1 Vasco. Duas máximas do esporte foram, novamente, comprovada: futebol se joga no campo, e, não se vence por antecipação. Os jogadores do Paraná lutaram, jogaram com dedicação, não temeram a boa fase do adversário.

É certo que o vasco precisava poupar os principais jogarores por causa da Copa do Brasil. Só não pode esquecer a obrigação de fazer excelente campanha na série B. Sua torcida exige isso. Bom não esquecer a sabedoria popular: devagar com o andor porque o santo é de barro.
Aroldo José Marinho



28 maio 2009

No Fest Noiva


Na noite de ontem,28/05, aconteceu a abertura de mais uma edição do Fest Noiva DF. Muitas pessoas das rodas sociais e culturais foram prestigiar o evento. Eu estava nesse meio também. Creio que foi um momento divertido e útil.

Apesar da grandeza do evento e da presença de personalidades, sem dúvida, o atrativo maior da festa foi outro. Foi uma moça, cuja figura nunca passará anônima. Quem é ela? Denise Ribeiro. Essa aí que aparece nas duas fotos.

Ela foi eleita Miss Distrito Federal no dia 08/03. Posteriormente, foi para a disputa nacional onde conquistou o terceiro lugar, mostrando que as moças do DF nada ficam a dever no quesito beleza para as moças das outras unidades do país.

As informações sobre nossa miss são primorosas. Denise ganhou a competição local defendendo o Lago Sul. É universitária do curso de Direito. Possui medidas minunciosas. Com 18 anos, sua altura é 1,78 e pesa 59 quilos.

Longa vida à nossa miss!
Aroldo José Marinho

Denise Ribeiro no miss Brasil 2009



A graça de Tati


A embaixada da França realizou na semana passada (18 a 23/05) uma mostra de filmes para homenagear Jacques Tati. Foram exibidos importantes filmes deste grande grande artista, que muito se destacou na cultura francesa. Primeiro como mímico. Depois como ator, roteirista e diretor. Ganhou a admiração do público e o respeito da crítica. Ele é considerado por muitos como o Chaplin do cinema francês. Assim como o mestre inglês, os personagens de Tati pouco uso faziam da fala. A comunicação era executada por seu corpos, gestos e olhares. Assim sua mensagem era sempre compreendida pela platéia.

Nascido Jacques Tatischeff em 1907, filho de pai russo e de mãe franco-holandesa. Tati iniciou sua vida pública no esporte. Sua estatura (1,87) lhe ajudou a se tornar um importante jogador de rugby, chegando a obter algum sucesso. Posteriormente, optou pelo mundo artístico.

Assim como Chaplin criou Carlitos, Tati também criou um personagem carismático: o senhor Hulot. Foi no filme As férias do sr. Hulot (Les vacances de monsieur Hulot), de 1953, que este senhor atrapalhado e recluso, deu o ar de sua graça. Hulot primava por ser avesso às invenções do mundo moderno, cultivar uma postura que lhe fazia ser diferente da classe média francesa e cultivar o encontro consigo mesmo e com a natureza. O filme recebeu diversos prêmios e concorreu ao Oscar na categoria de melhor roteiro original, escrito por Tati e Henri Marquet.

Outro grande filme foi realizado por ele em 1958,. Consideradao uma obra-prima, Meu Tio (Mon oncle), venceu o Oscar de melhor filme estrangeiro e o Prêmio Especial do Juri do Festival de Veneza.

Tati faleceu em novemro de 1982, aos 75 anos, de embolia pulmonar. Mas o legado de seu trabalho não desaparecerá. Ele representa um momento de muita criatividade no humor francês. Por isso, eu poderia escrever sobre a genialidade de Tati. mas é desnecessário. Como ele é um talento do cinema, melhor mesmo é vê-lo em cena. Melhor é vê-lo dsifarçado na pele do senhor Hulot. Melhor é curtí-lo.
Aroldo José Marinho


Jacques Tati- As férias do senhor Hulot



22 maio 2009

Aniversário de Frejat

Ontem foi aniversário de Roberto Frejat. O vocalista, guitarrista e também um dos compositores do grupo Barão Vermelho agora é um senhor de 47 anos. Como fã dessa genial banda, pensei que não seria bom deixar a data passar despercebida. Até mesmo como uma forma de mostrar gratidão pelas coisas que o Roberto fez e faz por todos nós que amamos esta banda. Se não fosse o suor dele, talvez nós não poderíamos dizer que Barão é a banda mais influente do rock Brasil dos anos 80.

Depois que Cazuza, seu parceiro em memoráveis e belas canções, partiu para a carreira solo, coube ao Roberto assumir os vocais, começar a juntar os cacos, animar todo mundo e seguir adiante. E olha que não foi fácil. Na cabeça de alguns idiotas do mundo da música, o grupo precisava suir para que Cazuza tivesse êxito sozinho. Deu certo! Mas o Barão também deu. Hoje não há dúvida de que nossa banda merece respeito geral.

Em 2001, Frejat inaugurou carreira solo. Fez um discos recheados de canções românticas e melódicas. Posteriormente, gravou mais dois cds. Todos com apurado nível técnico. Além dessa competência, ele sempre é citado como um excelente cara, alguém de quem é fácil gostar. Tanto é que recebeu um interessante apelido de Lenine: Tony Ramos do rock.

Me desculpo por só hoje registar o aniversário de Frejat. A vida é corrida. O tempo é pequeno e não pára, já dizia Cazuza. Por isso, sem mais delongas, segue minha homenagem para o aniversariante. A letra da canção é uma adaptação feita por Mauro Santa Cecília para um poema de Baudelaire. Que vocês também a recebam com alegria.

Feliz aniversário Frejat! saudações baronescas!

Harold


Roberto Frejat- Amor prá recomeçar



ENTREVISTA-Rita Lee

Reproduzo a entrevista que Rita Lee (foto) concedeu à repórter Márcia Abos, do jornal O Globo. A rainha do nosso rock divulga o lançamento do Dvd que gravou para o canal pago Multishow. Detalhe, esta é a primeira, num 12 anos, que ela concede uma entrevista que não seja por e-mail.
Vamos ao texto!
Harold



ENTREVISTA-Rita Lee

SÃO PAULO — Rita Lee resolveu quebrar um jejum de 12 anos sem dar entrevistas pessoalmente. A deixa foi o lançamento do DVD “Multishow ao vivo”, pela gravadora Biscoito Fino. Apesar de estar com uma forte gripe, a compositora e cantora recebeu a reportagem do GLOBO no estúdio que tem anexo à sua casa em São Paulo. Vestida com uma calça multicolorida, camiseta preta e, por cima, para se aquecer no frio paulistano, uma camisa larga de flanela, ela estava bem-disposta e teve paciência para responder a perguntas por mais de uma hora, sempre solícita. Falou de sexo, drogas e rock ‘n’ roll sem pudores e com seu peculiar senso de humor. Mas não deu sinais de pretender abandonar seu meio de comunicação favorito com a imprensa, o e-mail.
Márcia Abos

O GLOBO: Como foi selecionado o repertório do DVD "Multishow ao vivo"?
RITA LEE: A gente estreou a turnê “Pic nic” em janeiro de 2008. De lá para cá, para não ficar aquela coisa retinha, certinha, começamos a tirar e a pôr músicas, também acompanhando pedidos do público. Para o especial, fizemos um esqueleto dos hits que todo mundo quer ouvir e que a gente não sai do palco sem tocar, como “Ovelha negra”, “Doce vampiro”, “Lança-perfume”. As outras, a gente tirava e punha, como “Mutante” e “Cor de rosa choque”, que fazia tempo que não cantava.

Uma das inéditas é “Insônia”. Você sofre de insônia?
RITA: Sofria. Pastei demais. Na época do “Saia justa” (de 2002 a 2004, Rita foi uma das apresentadoras do programa do GNT) era uma coisa...
Tentei de tudo, menos remédios, porque não posso tomar, acabo tomando a farmácia inteira, não sei quando parar. A mesma coisa com bebida, com tudo. Ou fico careta ou caio de boca. Na época da insônia eu já tava careta. Estou careta há três anos e meio, desde que nasceu minha neta. O nascimento dela foi um marco zero, pensei: “Onde estou? Esse filme, eu já vi muito”. Mas a tomação tem um preço. Quando você para, é insônia total. Aí comecei a perceber que a insônia era uma namorada. Tinha um lado de rolar na cama, e ela está lá.

Você está totalmente careta, nem um vinho de vez em quando?
RITA: Não posso nada. Sou alcoólatra, então bebeu o primeiro, f... Meu pai e meu avô eram alcoólatras, minha irmã morreu de alcoolismo, overdose. Quando comecei a fazer a turnê do “Bossa ‘n’ roll”, baixou um Vinicius de Moraes, e eu estava ali com um uisquinho. Álcool é a droga mais pesada que já experimentei. E tem essa hipocrisia de ser liberado, “Se beber, não dirija”. Isso tudo é cínico.
Ou libera tudo ou proíbe tudo.
Quando nasceu minha neta, eu tava em um hospício. Porque rehab para mim é hospício, lugar de gente louca, que tem compulsão a tudo: comida, sexo, jogo, álcool, drogas.
Mas não me arrependo de ter feito tudo o que fiz, de ter tomado tudo o que tomei, de ter passado pelas esquinas por onde andei. Não tenho discurso de madalena arrependida.
Teve um lado bom de alcançar um arquivo que eu jamais alcançaria careta.
Mas é perigoso. Você consegue coisas maravilhosas, música, letra, a ousadia. Mas você abre a guarda e, nessa, vem o outro lado da moeda, que é o escuro. Era uma coisa Luke Skywalker, agora é Darth Vader.

Como é trabalhar em família, com seu filho Beto Lee e o marido, Roberto de Carvalho?
RITA: É o pai, o filho e a espírita santa (risos). É muito bom. Antes de o Beto ser meu filho, ele é um grande guitarrista. Vê-lo ao meu lado é muito louco. Lembro-me do Beto na coxia em um show há anos, no Maracanãzinho, com uma guitarrinha de plástico. Ele atravessava o palco na maior. É normal ele estar do lado.
Adoro os solos dele, fico babando, como mãe coruja e colega de trabalho que aprecia. E, do outro lado, o pai dele, nossa, é tão bom. Porque eles me dão uma segurança bacana, de “vamos nessa, mãe”.
Em suas composições recentes “Tão”, “Se manca” e “Insônia” há algo de reclamação, de resmungo.

Você está numa fase reclamona?
RITA: É coisa de idade. Sabe velho rabugento? A gente fica reclamão, implicante pra caramba. Reclamo de sair da minha casa. Aí eu falo, “putz, vou pegar avião”. Tenho medo, pavor. Quando eu enchia a cara, tudo bem. Mas agora, careta, tenho pânico, não acredito em avião. Acredito em disco voador, já vi, até. No hotel, olho para o travesseiro e falo: “Está cheio de ácaro de alguém, de outras pessoas, não os meus”. O barulho da geladeira no hotel... Vou reclamando até pisar no palco. No palco, acaba tudo. É muito louco. Palco é realmente outro planeta.

Como é viver um casamento de 33 anos?
RITA: Não tem receita. Tem mudanças, fases. Como naqueles joguinhos em que a gente passa de uma fase para outra. No começo, tinha aquela coisa de ciúme, aquela trepação de coelhinho. Agora é menos quantidade e mais qualidade. É uma coisa mais sutil. Ele é muito romântico, manda flores toda semana. A gente combina. Eu escrevo uma letra, e ele vem com uma música. É uma aventura morar, compor, ter tido filhos com ele.

E essa sua carioquice recente?
RITA: Meu amor pelo Rio vem desde criança. As primeiras lembranças que tenho, ainda vivas, são um filme em branco e preto. A calçada de Copacabana, a Guanabara, a Nara (Leão), que rima com Guanabara, a bossa nova, concurso de miss no Maracanãzinho, bailes de carnaval no Municipal, com aquelas estrelas de Hollywood, e, de repente, chegava Luz Del Fuego, abria o casaco, estava pelada e roubava a cena de todo mundo. Isso só acontecia no Rio quando era capital. Depois que a capital passou a ser Brasília, o Rio de Janeiro foi absolutamente abandonado.
Isso é terrível. O Rio é o cartão postal do Brasil, a capital do país de verdade. Tinha que voltar a ser capital federal, seria engraçado, leve, a cara do Brasil.

A relação com gravadoras é complicada?
RITA: Com a Biscoito Fino, não. Em gravadora sempre tem aquele produtor que tem um cunhado compositor, ele quer enfiar uma música dele no CD. É o fim da picada, mas eu sempre tirava isso de letra. Agora a Biscoito não é uma major, é uma coisa de amigo. São todos meio chegados, a gente pode dizer o que quer, e não se metem. Sempre fiz o que eu quis e briguei muito em gravadoras porque eram incompetentes. Não entendiam, não investiam nas pessoas certas, que mereciam. Depois, com o tempo, virou aquela clonagem.
Ivete Sangalo deu certo, maravilhosa, vieram os clones. O mesmo com dupla sertaneja. Então as gravadoras ficaram clonando em vez de ver os alternativos, a meninada.
Aí apareceu a internet, e eles se f...

O que você acha de pirataria, downloads na rede?
RITA: Adoro. Eu faço e pode fazer das minhas coisas tranquilo. É uma vitrine, tá ali. É assim que está, é muderno.
Toma chocolate e no paga lo que debes. Porque chocolate é de graça agora. Acho simpático, democrático.
Agora você ganha grana em show, porque disco não vende, é só baixar.
Em show você ganha, porque não tem uma Rita Lee pirata cantando.

Quais são seus novos projetos?
RITA: Quero fazer um trabalho de inéditas e retomar aquela ideia de bossanoviar. Queria bossanoviar músicas de cinema brasileiro, italiano, americano. Isso é um projeto paralelo.
Outro é fazer música instrumental, como é só isso que ouço, tenho vontade. Para o disco de inéditas, já temos o material, o negócio agora é parar entre um show e outro, garimpar as melhores e gravar.

A gravação do DVD, no Vivo Rio, apresentou um problema que tem sido rotina, da repetição de algumas músicas. O que você acha disso?
RITA: Isso é insuportável, brocha pra caramba. Mas não tem outro jeito.
As pessoas que estão assistindo são avisadas de que é gravação, mas para nós, que estamos no palco, é uma brochada legal.
Há mais de dez anos você não fala pessoalmente com jornalistas.

Por quê?
RITA: Faz 12 anos que não falo com repórteres. Falo por e-mail, acho tão mais confortável. É mais prático, é moderno, você não sai daí do seu lugar, eu não saio do meu, não tenho que passar batom, você não tem que enfrentar trânsito. Mas muita gente se queixa: “Ah, eu queria olhar cara a cara”. Mas para que olhar cara a cara? Para ver minhas rugas? E eu olhar para você para quê? Para sentir o bafo? Não é legal, desconcentra.
Escrevo muito melhor que que falo, e, se na primeira rodada de perguntas não deu, fazemos outras, até esgotar. Sua palavra não é distorcida.
E eu odeio telefone.

A tradução da música de Portishead

Espero que tenham gostado da canção que postei há pouco. Agora segue a tradução que preparei.
Abraços!
Harold


Caixa de glória
Geoff Barrow

Eu estou tão cansada de brincar,
brincar com de arco e flecha.
Vou levar meu coração para passear
E dar chance para outras garotas brincarem.
Já faz tempo que esta vontade tem me tentado.

Então
Me dê uma razão para te amar;
Me dê uma razão para ser uma mulher.
Eu quero somente ser uma mulher.

Deste momento em diante, me sinto desacorrentada.
Nós estamos olhando através desta nova moldura da mente
Tentando encontrar uma imagem diferente.
Bem que milhares de flores poderiam florescer,
Se mudar, e nos dar algum espaço

Por isso, então não deixe de ser um homem,
Apenas dê uma olhadinha lá fora quando você puder.
Semeie um pouco de ternura,
Não há nenhum problema se você chorar.

E tudo que eu quero ser: uma mulher.
Por isso, eu quero somente ser uma mulher,
Porque este é o começo da eternidade.
Agora é hora de superar!!!!
(Por isso, eu quero ser)

Um vídeo interessante

Hoje recebi um presente de Roséli Bueno, minha amiga, gaúcha, terna, genial e dona de um blog interessante, (www.cantinhodaroseli.blogspot.com). O presente era um vídeo que foi postado no You Tube. Cliquei na indicação. De repente, toca uma canção de Portishead. É uma banda inglesa de trip hop (?!), da qual nunca tinha ouvido falar.

O trio é composto por Beth Gibbons, Geoff Barrow e Adrian Utley em 1991. De lá para cá, lançou quatro discos, sendo um ao vivo (Roseland NYC Live, de 1998). Como o grupo, ainda, é uma descoberta para mim, não farei muitos comentários. Posto a canção Gloria Box, com sua letra. Para encerrar, cito o comentário que Roséli fez sobre a canção: "Especial ... Escutei ela hoje várias vezes ..."

Ouvi e gsotei bastante do presente. Valeu Roséli! Beijos!
Harold

Gloria Box
Geoff Barrow

I'm so tired of playing,
Playing with this bow and arrow,
Gonna give my heart away,
Leave it to the other girls to play.
For I've been a temptress too long,

CHORUS:
Just...
Give me a reason to love you,
Give me a reason to be a woman,
I just want to be a woman

From this time unchained,
We're all looking at a different picture,
Through this new frame of mind,
A thousand flowers could bloom,
Move over and give us some room

CHORUS

So don't you stop being a man,
Just take a little look from outside when you can,
Sow a little tenderness,
No matter if you cry

CHORUS

{Its all I want to be, a woman},
So I just want to be a woman,
For this is the beginning of forever and ever,
Its time to move over now,
(So I want to be)

{Back to start again and fades}

Portishead- Gloria Box


José, o justo


No primeiro dia deste mês foi comemorado o Dia do Trabalho, data celebrada em todo o mundo. Dia de festa e reflexão sobre o respeito aos operários e as operárias. Será que a sociedade aprendeu a tratar eles e elas com a dignidade que lhes é devida? Não sei dizer. Tomara que sim.

Soube que a Igreja Católica instituiu são José como padroeiro dos trabalhadores e trabalhadoras. Por ser devoto e também por ter o nome do santo, (que também é padroeiro de Macapá, cidade onde nasci) me interessei pelo tema. Quis escrever algo sobre a relação José- operários. Mas o tempo curto e frenético não me permitiu.

Mas minha intenção foi salva por MIra Alves, poeta e artista plástica talentosa. Ela me presenteou com um exemplar da revista editada pela paróquia de Santo Antônio, aqui de Brasília, dirigida pela Ordem dos Frades Menores (OFM). Na revista encontrei um texto escrito pelo frei Vilmar Rodrigues Batista sobre são José. Li. Considerei bastante pertinente. Então por perceber que o discurso do frei tem a ver com minha intenção, decidi postar seu texto. Segue abaixo.
Tudo de bom sempre!
Aroldo José Marinho


José, o Justo (Mt 1,19)

“Creio na comunhão dos santos”... Assim, caríssimos leitores (as), professamos no Credo, onde se encontram as verdades da nossa fé. Pelo nosso batismo abraçamos esta fé, nossa vocação para a santidade. Por isto, o Senhor mesmo nos garante: “Quem crer e for batizado será salvo”. Salvo são pois, todos os santos e santas que viveram com intensidade o seu batismo. Eis pois, o motivo pelo qual a Igreja proclama para o mundo, estes homens e estas mulheres como santos (as), como modelos para toda a Igreja. Por sinal, o Papa Bento XVI, no próximo mês de maio canonizará Frei Galvão, primeiro santo brasileiro. E com certeza, isto não é idolatria, e muito menos espiritismo. “CREMOS NA COMUNHÃO DOS SANTOS”...

Chega mais um 19 de março, e com ele a Igreja no mundo inteiro celebra a grande solenidade do seu padroeiro, “SÃO JOSÉ, O JUSTO”. Muitos fiéis festejam o seu próprio onomástico, homens e mulheres, pois este nome é dos mais populares em toda a cristandade. Porém, o protótipo é o José do Evangelho, o Pai legal de Cristo, o esposo puríssimo da mais nobre e alta de todas as criaturas, a Santíssima Virgem Maria, a Mãe do Senhor e nossa mãe.

O nome José é de origem hebraica e significa: “Deus acrescenta ou cumula de bens”. E, de fato, JOSÉ, o carpinteiro de Nazaré, teve crescimento contínuo de graças e privilégio. Pouco conhecemos sobre a vida de José; unicamente as rápidas referências transmitidas pelos Evangelhos. Matã foi o pai de Jacó. Jacó foi o pai de José, o ESPOSO de Maria, da qual nasceu Jesus, que é chamado o Messias (Mt 1, 15b-16). A origem de Jesus, o Messias, foi assim: Maria, sua mãe estava prometida em casamento a José... José, seu marido, era JUSTO. José, filho de Davi, não tenha medo de receber Maria como sua esposa... Quando acordou, José fez conforme o Anjo do Senhor havia mandado... Maria deu à luz um filho. E José deu a ele o nome de Jesus (Mt 1, 18-25).

O Anjo do Senhor apareceu em sonho a José e lhe disse: “Levante-se, pegue o menino e a mãe, e fuja para o Egito...”. Quando Herodes morreu, o anjo do Senhor apareceu em sonho a José, no Egito, e lhe disse: “Levante-se, pegue o menino e a mãe dele, e volte para a terra de israel, pois já estão mortos aqueles que já procuravam matar o menino”. José levantou-se, pegou o menino e a mãe dele, e voltou para a terra de Israel... por isso, depois de receber aviso em sonho, José partiu para a região da Galiléia e foi morar numa cidade chamada Nazaré (Mt 2,13ss). Os pais de Jesus iam todos os anos a Jerusalém, para a festa da Páscoa (Lc 2,41).

O pai e a mãe estavam maravilhados com o que se dizia do menino (Lc 2,33). Ao vê-lo, seus pais ficaram emocionados. Olhe, que seu pai e eu estávamos angustiados à sua procura. Jesus desceu então com seus pais, e permaneceu OBEDIENTE a eles (Lc 2,48ss).

Constatamos nestas referências bíblicas transmitidas pelo Evangelho que é o suficiente para destacar o papel primordial de São José na história da salvação. Podemos afirmar que José é o elo de ligação entre o Antigo e o Novo Testamento, e o último dos patriarcas. A missão de José na história da salvação constitui em dar a Jesus um nome, fazê-lo descendente da linhagem de Davi, como era necessário para cumprir as promessas. A primeira vez que José é nomeado no Evangelho, como vimos nas referências bíblicas acima, é na casa da anunciação em que Maria é chamada noiva de um homem da casa de Davi de nome José. Depois aparece quando Maria apresentava os sinais de sua divina maternidade e José lhe desconhecia a origem. E, como é do nosso conhecimento, ele foi tomado de terrível dúvida, na incerteza como agir; mas o Evangelista diz que, sendo ele “HOMEMA JUSTO”, não quis denunciar Maria de infidelidade; porém preferiu tomar uma solução que , salvando a honra de Maria, teria provocado odiosidade sobre sua própria pessoa. José decidiu sumir do lugar. Foi então que, em sonho, um anjo lhe esclareceu que tudo era plano de Deus, e casou com Maria, sem ter relações com ela. Depois desse fato, ainda se fala de José quando, novamente, o anjo lhe aparecia em sonho avisando das intenções diabólicas de Herodes que pretendia matar o menino Jesus e o manda fugir para o Egito. Pela última vez, é nomeado, quando recebeu ordem de voltar do Egito porque já tinha falecido o rei Herodes. Depois disso, só se fala dele indiretamente.

Aspecto curioso que não podemos deixar de considerar, os evangelistas não citam uma só palavra de José. Em todo esse contexto, aparece como o “homem do silêncio”, escondido, humilde e SANTO. Mas em compensação, ele é o homem do trabalho para sustentar sua família, daí o fato de a Igreja tê-lo feito padroeiro das famílias e modelo dos operários. José é homem reto, obediente, de fé profunda, inteiramente disponível à vontade de Deus; alguém que amou, creu e esperou em Deus e no Messias contra toda a esperança. José profissionalmente era um simples e modesto artesão da pequenina Nazaré. No entanto, esse pobre trabalhador; pela sua fé, honestidade e retidão foi escolhido entre todos os homens Pai oficial de Jesus, o esposo fiel e puro de Maria, Mãe do Senhor e Nossa Mãe, “Bendita entre as mulheres”.

Este é o santo incomparavelmente grande e simpático que veneramos na celebração de sua festa, 19 de março. Colaborador em tudo aquilo que era necessário para que se cumprissem os desígnios de Deus, disseste São José o teu sim com tua vida no silêncio da carpintaria em Nazaré da Galiléia. No silêncio, ao lado de Maria. No silêncio na gruta de Belém. No silêncio da fuga para o Egito, junto do menino que seria o Salvador do mundo.

Como artesão da celebração, ensina-nos também, a evitar os ruídos do marketing para que na simplicidade de nosso existir, saibamos dar apoio mais consistente ao querer divino.

São José, rogai por nós.


Frei Vilmar Rodrigues Batista, ofm


Nota de falecimento

A notícia que segue abaixo foi divulgada no site Uol. (www1.folha.uol.com.br/folha/ilustrada/ult90u569858.shtml), do jornal Folha de São Paulo. Sem dúvida, a música brasileira perde um grande talento. Mas o andar superior da existência ganha um grande reforço na área musical.
Leiam a notícia.
Harold


2/05/2009 - 07h52

Morre o músico Zé Rodrix, aos 61 anos, em São Paulo

da Folha Online

O cantor e compositor Zé Rodrix, 61, morreu na madrugada desta sexta-feira (22), em São Paulo. O músico deixa mulher, seis filhos e dois netos.

Drika Bourquim/Divulgação
Zé Rodrix ganhou destaque na música durante a década de 70, ao lado de Sá e Guarabyra
Zé Rodrix ganhou destaque na música durante a década de 70, ao lado de Sá e Guarabyra.

De acordo com informações do "Bom Dia São Paulo", o músico se sentiu mal e foi levado às pressas ao Hospital das Clínicas, onde morreu.

A assessoria de imprensa do hospital afirma que o músico deu entrada às 0h30 e morreu às 0h45. A causa da morte ainda não foi informada.

Rodrix, cujo nome de batismo é José Rodrigues Trindade, apareceu para o grande público em 1967, em um festival da Record.

Sua carreira ganhou destaque nos anos 70, quando trabalhou com o grupo Som Imaginário --banda criada para acompanhar uma turnê de Milton Nascimento-- e ao lado dos músicos Sá e Guarabyra. O trio se transformou em ícone do chamado "rock rural".

Entre as canções mais famosas de Zé Rodrix estão "Casa no Campo", famosa na voz de Elis Regina, "Mestre Jonas" e "Soy Latino Americano".

Nas décadas de 80 e 90, Rodrix abandonou a carreira musical para se dedicar à publicidade.

Em 2001, voltou a se reunir com os companheiros Sá e Guarabira para uma apresentação do "Rock in Rio". No mesmo ano, o trio lançou um DVD ao vivo, reunindo seus maiores sucessos: "Sá, Rodrix & Guarabyra: Outra Vez Na Estrada - Ao Vivo".





20 maio 2009

Obrigado Alfonsín

Há certas notícias que para serem comentadas com isenção, respeito e dignidade, é preciso deixar passar um tempo em relação à data que ocorreramo. Por exemplo, os anúncios sobre aniversários ou falecimentos. Creio que é uma postura boa para que se possa tentar escrever sobre os fato sem ser colhido pelo clima emocional que estes possam causar na maioria das pessoas. Por isso é que, só hoje, decidi postar texto sobre Raúl Alfonsín, falecido no dia 31 de março, em Buenos Aires, aos 82 anos. Ele foi vitimado por uma pneumonia agravada por um câncer pulmonar que o acometia desde 2007.

Talvez as pessoas que nasceram bem depois de 1983 não saibam que quem foi Alfonsín. Por isso é bom informar que ele foi presidente da Argentina logo depois que o vizinho país se libertou da ditadura militar que fez seu povo sofrer de 1976 a 1983. Neste período, os militares, aproveitando do desgaste do governo de Isabel Perón, assumiram o poder, dando início ao período de trevas, torturas e vergonha moral no país. Provavelmente, alguém entre os leitores e as leitoras desta postagem, ouviu falar que, naquela época as pessoas que faziam oposição à ditadura eram presas, torturadas, colocadas em aviões militares e depois jogadas no bem no meio do oceano Atlântico. E pensou que era mentira. Não faz sentido uma coisa dessa. Não faz mesmo. Mas era verdade sim. VERDADEIRA!!!! A milicada argentina fez isto e muitas outras coisas que os livros de histórias e alguns filmes políticos lhes informarão bem melhor do que eu.

Não contentes por privar as pessoas da democracia, os militares usaram o futebol para dar a impressão de que estava tudo bem no país. Aliás, este recurso foi usado também pela ditadura brasileira, em 1970. Os golpistas vendiam para pessoas comuns a idéia de que tudo estava bem e, enquanto isso, nos porões, promoviam torturas e diversos tipos desrespeito ao ser humano. Coisas como violentar mulheres grávidas na frente de seus maridos para que estes pudessem fornecer informações que interessasem aos militares. Curioso é que, volta e meia, ouço algum cretino dizer que na época da ditadura tudo era melhor. Juro que tenho pena de quem usa a boca com se fosse uma enorme privada.
A ditadura argentina, num acesso de megalomania, decidiu entrar em guerra contra a Inglaterra. Motivo: a soberania das ilhas Malvinas (Falklands, para os ingleses). Botando o país na guerra, eles acreditavam criar uma onda de patriotismos que fizessem as pessoas esquecerem do mal feito por eles à Argentina. Os oficiais governantes ficaram em Buenos Aires e mandaram os jovens para o front enfrentar um aparelhado exército inglês. Se esta pantomima acontecesse no futebol, poderíamos dizer que a Inglaterra venceu de goleada. Só que aqui, em vez de bola na rede, houve muito corpo de jovem argentino tombando.
Foi após a derrota nas Malvinas que começou a ganhar força o desejo de fazer a Argentina retornar à vida democrática. De cabeça baixa, os militares tiveram que aceitar que era o momento de entregar o poder para a sociedade. Foram marcadas eleições. É aqui que entra em cena o protagonista deste texto. Advogado de profissão, líder da União Cívica Radical (UCR), um partido de centro, foi um dos candidatos à presidência da república. Venceu! Governou a Argentina entre 1983 e 1989, período conturbado pelos ressentimentos causados por uma ditadura que perseguiu e matou milhares de dissidentes durante os sete anos que esteve no poder. Lembro que, em 1983, muitos brasileiros, entre eles, eu, ficaram morrendo de inveja dos hermanos. A ditadura deles começou bem depois da nossa e terminou antes.
O presidente eleito tomou atitudes importantes como a fundação Assembleia Permanente pelos Direitos Humanos (APDH), relevante na luta contra o autoritarismo e a repressão ilegal. Porém o ato que mais fascinou os amantes da democracia de todas as partes do mundo aconteceu em 1985. Deu condições para que a justiça fizesse o histórico julgamento da Junta Militar em 1985, que acabou com a prisão da cúpula da ditadura. Isso mesmo, ele mandou torturadores e seus chefes de pijama cadeia. Nesse período, muitos de nós, inclusive, eu, queriam um bem enorme para Alfonsín. Um respeito do tamanho do mundo.
Por causa das investigações, seu governo sofreu ameaça de desestabilização. Ocorreram rebeliões e levantes militares, executas pelos chamados cara pintadas. Felizmente, foram sufocadas por tropas leais e com a presença popular nas ruas. Nesse contexto, entre 1986 e 1987, o Executivo impulsionou a aprovação parlamentar das leis de Obediência Devida e Ponto Final, que isentaram de responsabilidade mais de mil de acusados de crimes de lesa-humanidade.
Os problemas econômicos tão comuns nos anos 80 estão entre os fatores que contribuiram para que ele fosse sucedido no porder por Carlos Meném. Sobre Meném, vale lembrar que seu governo foi marcado por atitudes e bravatas que fazem recordar o Brasil dirigido por Collor de Melo. Ainda: Meném ficou famoso por ordenar o despejo de sua esposa, da qual estava em vias de separação, da residência oficial. Sem comentários.
O dito popular costuma lembrar que vaso ruim não quebra. Mas vaso bom, às vezes, demorar a quebrar. Cito a frase para informar que, em 1999, Alfonsín sofreu um grave acidente de carro. Foi hospitalizado em coma. As chances de sobrevivência não eram grandes. Porém ele conseguiu se recuperou.
Comentar sobre Alfonsín me faz caminhar de volta á minha adolescência. Quando ele se tornou presidente argetino, eu tinha 16 anos, morava em Macapá (AP), minha cidade natal, e era estudante do segundo grau (atual ensino médio). Era um adolescente inquieto que estava começando a entender algumas coisas do mundo e se aborrecia com a monotonia da cidade. O pouco que sabia de política vinha das informações dadas por alguns amigos mais velhos, de formação progressista. É nesse contexto que eu comecei a perceber a grandeza de Alfonsín.
Como muitos brasileiros, eu curtia quando as equipes esportivas da Argentina eram derrotadas pelo mundo a fora. Fato ilustrativo é a festa feita em casa quando, na copa da Espanha, em 1982, o Brasil pegou a seleção de Maradona e meteu 3x1. E mais, o pequeno notável foi expulso. Mas do que adiantava a gente fazer festa em cima da seleção deles se, depois, os caras nos deram uma goleada ao voltarem primeiro à democracia do que nós. O fato deles mandarem os milicos para as barras da justiça nos emocionava. Então vinha na cabeça a pergunta: Oh Deus! Quando vamos poder fazer igual aos argentinos? A pergunta continua: Quando?

Pois é. Fui escrevendo muito. A emoção tomou conta e eu fui atrás. Mas texto de blog não pode ser extenso senão espanta os leitores e as leitoras. Por isso, é bom preparar o final. Raúl Alfonsín faleceu. Sua ida para o plano superior da existência merece muitas homenagens de herói. Viva Alfonsín, o homem da democracia!!! Um cara que teve compromisso com as coisas corretas e éticas. Que a sua postura como presidente sirva como exemplo para os atuais mandatários da América Latina.
Aroldo José Marinho
Obs: Roséli! depois você me conta o que sentiu quando soube do sequestro de Lilian Celiberti, Universindo Diaz e os filhos dela. Beijos!

18 maio 2009

Um som do 14 Bis

Muitos de vocês já ouviram falar no Clube da Esquina. Assim era chamado o agrupamento de músicos mineiros que gravitavam ao redor de Milton Nascimento, lá em Belo Horizonte. Só fera! Gente como Lô Borges, Beto Guedes, Toninho Horta e uma boa lista de solitas. Todavia só um conjunto conseguiu se estabelecer nesse contexto: o 14 Bis.

Foi como quinteto que a banda lançou seu primeiro disco em 1979. Ali estavam Flávio Venturini (teclados, violão, voz), Vermelho (teclados, voz), Sérgio Magrão (baixo, voz), Hely Rodrigues (bateria) e Cláudio Venturini (guitarra). Depois do disco inicial vieram outros, que trouxeram sucesso de público e reconhecimento da crítica.

Na influência do som da banda havia um pouco de coisas boas: Beatles, o barroco mineiro, as bandas de rock progressivo dos anos 70. Suas canções sempre mostraram belas melodias e arranjos primorosos, além de letras interessantes. Penso que ouvir 14 Bis é, sem dúvida, uma experiência confortadora. Lembro que, certa vez, na casa de minha amiga Ana Cecília, em Uberaba, em 1994, encontrei um vinil da banda. Ouvia direto e ficava feliz. Será que Ciça levou este disco para Goiânia?

Em 1988, o grupo lançou seu primeiro disco ao vivo. Foi seu último trabalho como quinteto. A partir daí, Flávio abraçou a carreira solo. Apesar do baque, os remanescentes não deixaram a peteca cair. Quem tem talento não se apequena na dificuldade, só cresce. Assim foi com eles. Venceram!!!

Como presente para os leitores e leitoras do blog, segue o clipe da canção Mesmo de brincadeira, que Cláudio escreveu com Mariozinho Rocha. Aqui há a participação do violinista Marcus Vianna, conhecido por escrever temas paras as novelas de Glória Perez e também por ser colaborador de Jayme Monjardim nas suas produções globais.

O curioso é que o arranjo da canção foi desenvolvido no country, a música caipira norte-americana. Este gênero nunca abordado nos trabalhos do grupo. Desnecessário dizer que o resultado foi bastante positivo. Resta apenas vocês curtirem.

Tudo de bom!
Harold

14 Bis- Mesmo de brincadeira

15 maio 2009

Agnelo e as incertezas petistas

A corrida rumo ao governo do Distrito Federal (DF) inquieta o Partido dos Trabalhadores (PT). A intenção do partido não é apenas fazer boa figura nas eleições de 2010. O PT ambiciona voltar a ocupar o Palácio do Buriti, sede do governo local. Já esteve lá no período 1994-1998, quando elegeu Cristovam Buarque. Seu governo teve caráter popular e priorizou a educação. Mesmo assim, Buarque não conseguiu a reeleição. Motivo: não prometeu aumento de salário para os servidores distritais. Seu oponente, Joaquim Roriz (PMDB), de aspirações populistas e demagógicas prometeu, foi eleito e não cumpriu.

De lá para cá, muitas coisas aconteceram na seara petista. O partido elegeu Lula para ser presidente da república e Buarque para o senado. Mas os problemas internos começaram a aparecer e minar o relacionamento entre os companheiros. Neste contexto, a permanência de Buarque no partido, se tornou insustentável. Insatisfeito, o senador foi para o PDT. Quanto ao DF, o governo foi parar nas mãos de José Roberto Arruda, o homem do painel, do Democratas (DEM), que venceu de lavada no primeiro turno.

Agora parece que a volta do PT ao comando do governo local é uma possibilidade plausível. Pelo menos, este é o pensamento corrente entre os analistas da cena política do DF. O que justifica tal pensamento? A filiação de Agnelo Queiroz (na foto à esquerda, ao meu lado) no partido de Lula, de cujo governo foi ministro dos Esportes. Ele deseja ser governador. Sabe que seu nome é bem avaliado pelo eleitorado. Porém teria que contornar um velho problema que sempre dificulta a união das esquerdas no DF: a intrasigência petista. O partido, em nenhuma situação admite perder a cabeça de chapa da coligação. Assim foi em 2006. Agnelo, na época, filiado ao PCdoB, precisou abrir mão de sua candidatura ao executivo, em favor da petista Arlete Sampaio, para disputar uma vaga no senado. O resultado mostrou o equívoco da coligação. Arruda deu uma goleada em Arlete enquanto que Roriz teve alguma dificuldade para vencer Agnelo.

Para as próximas eleições, com o incentivo de Lula, Agnelo deixou seus velhos camaradas de PCdoB, indo ao encontro dos novos companheiros petistas. Sua nova filiação era o aval para poder concorrer ao cargo de governador. Era!!! Por que era? Quando tudo já parecia sacramentado, eis que surge o deputado Geraldo Magela avisando sobre seu desejo de ser o candidato do PT. Em 2002, ele tentou mas foi derrotado no segundo turno por Roriz, numa eleição de aspectos bem duvidosos. Magela acredita que 2010 será o seu ano de sorte e, invoca sua condição de petista histórico, ligado ao presidente da república, para ter seu nome indicado na convenção.

Sabendo de sua condição de pássaro novo no ninho petista, e das pretensões de Magela, Agnelo decidiu abrir mão de sua candidatura em favor da unidade partidária. A notícia foi dada em primeira mão por RMS, no blog www.politicanodf.blogspot.com. Para aquele blog, Agnelo sinalizou ser o momento de não deixar que nenhuma pretensão pessoal abale a unidade que começa a ser construída no PT local. Sua desistência pegou de surpresa os analistas políticos e encheu de alegria os partidos adversários do PT. Ninguém acredita que Magela seja, de fato, um candidato competitivo. Há quem aposte que, se, de fato, ele concorrer, a reeleição e eArruda será fato concreto.

Todavia, política é um caixinha de surpresas, não será espanto se, de uma hora para outra, a situação se inverter. E, em nome da unidade partidária, Magela abra mão da sua pretensão executiva e, como bom soldado, jure apoio ao candidato indicado pelo partido seja Agnelo ou um outro. Difícil imaginar que o ex-ministro de Lula tenha dado um passo tão difícil, como romper com o PCdoB apenas para passear numa outra agremiação. tem gente afirmando que a desistência dele é só um jogo de cena. Foi a forma encontrada por ele para forçar a direção do PT a antecipar as prévias internas. Nelas, se os comentários forem fidedignos, não existe a menor possibilidade do histórico Magela bater o novao Agnelo. Esperemos os próximos capítulos.

Aroldo José Marinho

13 maio 2009

A conquista do Papão

Como o papo da postagem anterior foi sobre futebol, esta segue pela mesma estrada. Lá eu contei sobre a emoção que foi saber que Palmeiras se classificou para a próxima etapa da Taça Libertadores. Aqui, giro o foco para a Amazônia. Quero homenagear a minha outra equipe, o Paysandu Sport Club, lá de Belém, no bom e afetuoso estado do Pará. O Papão da Curuzu, como é chamado o time mais popular do estado, conquistou o campeonato paraense no sábado, 09.
A conquistado Papão foi oficializada com a vitória de 3x2 sobre a equipe do São Raimundo, da cidade de Santarém. A Pantera, como é conhecida a equipe do interior, fez dois jogos contra o Papão. No primeiro, ocorrido há duas semanas, o time se encheu de determinação e foi para cima do adversário. Por isso, a vitória expressiva, 6x1, foi um justo reflexo da famosa garra bicolor.
Passou uma semana, começaram os preparativos para o segundo. A torcida do Papão já comemorava pelas ruas de Belém. Mas o técnico Edson Gaúcho e os jogadores recomendavam respeito ao adversário. Estavam certo na postura. A Pantera chegou à decisão por méritos. Derrotou equipes que, outras vezes, já mostraram algum brilho. Mas a história do campeonato já tinha sido escrita no domingo.
Chegou o sábado do jogo final. A partida começou equilibrada. Foi assim até o final do primeiro tempo. Veio o segundo, as equipes foram atrás do gol. Mostraram esforço e foram premiadas. A Pantera abriu a contagem. O Papão empatou. A Pantera fez outro. Os jogadores do Paysandu empataram novamente e marcaram o terceiro e último gol do campeonato. Depois foi só esperar o apito final.
Por não ter ido à Belém, vi a conquista do Papão nas imagens do site de um jornal paraense. São essas imagens que lhes são oferecidas como um lindo presente. Viva o Papão!!!!!
Aroldo José Marinho
Paysandu 3 x 2 São Raimundo

Valeu São Marcos


Não vi a partida de futebol entre Sport e Palmeiras, realizada ontem no Recife (PE). Soube do resultado ao ler as manchetes dos jornais de hoje. Ganhamos com atuação genial do genial e santo goleiro Marcos. Ou melhor, São Marcos. Não é preciso escrever muito sobre ele. Resta só aplaudí-lo e de pé.
Além de atleta e capitão de nossa equipe, Marcos é um símbolo. Um cara humilde e digno. Em campo ele é a representação fiel daquilo que todo palmeirense deveria ser. Claro que alguém pode contestar meu argumento. Todavia não acredito que possa provar o contrário.
Como não assisti à partida, fico sem condições de fazer um comentário a respeito. Mas para não deixar meus leitores e leitoras sem uma opinião do importante evento realizado ontem no Recife, incluo na postagem a narração das cobranças penais feita pelo jornalista Juca Kfouri, da rádio CBNe da Folha de São Paulo. De acordo com Juca, a cobrança de pênaltis aconteceu da seguinte maneira:
Mozart bateu o primeiro muito mal e Magrão DEFENDEU!
Luciano Henrique bateu e Marcão DEFENDEU!!
Marcão bateu o segundo muito bem e fez 1 a 0 para o Palmeiras. Igor bateu e empatou.
Danilo bateu o terceiro na perfeição e fez 2 a 1.
Fumagalli bateu e Marcão DEFENDEU!! Armero bateu o quarto e fez 3 a 1.
Dutra bateu e Marcão DEFENDEU!!!! E ACABOU!!!!!
Pois é! Campeão é sempre assim: talento e raça. Novamente devemos dizer: Obrigado São Marcos!!!
Agora segue o vídeo das cobranças de pênaltis. Vale a pena emocionar, de novo.
Sport x Palmeiras

Aroldo José Marinho

09 maio 2009

Letra e tradução da canção de Julian

Segue a letra da canção Too late for goodbyes, de Julian Lennon, the John's son. Também preparei uma tradução para vocês.
Tudo de bom!
Harold

Too late for goodbyes
Julian Lennon


Ever since you've been leaving me
I've been wanting to cry
Now I know how it feels for you
I've been wanting to die
But it's much too late for goodbyes
Yes it's much too late for goodbyes
Time has gone since I've been with you
We've been starting to die
Now it seems you don't care for me
and I don't understand why
But it's much too late for goodbyes
Yes it's much too late for goodbyes

Ever since you've been far away
I've been wanting to fly
Now I know what you meant to me
I'm the one who should cry
And it's much too late for goodbyes
Yes it's much too late for goodbyes

Ever since you've been leaving me
I've been wanting to cry
Now I know how it feels for you
I've been wanting to die
But it's much too late for goodbyes
Yes it's much too late for goodbyes

Ooh... Ah.....

Dit dit dit dit doo
ba da ba da ba da ba... ba
ba ba ba ba ba... ba ba ba ba ba... ba


Tradução
Muito tarde para despedidas
Julian Lennon

Desde que você me abandonou
Eu tenho tido vontade de chorar
Agora eu sei o que sinto por você
Eu tenho tido vontade de morrer
Mas é muito tarde para despedidas
Sim, é muito tarde para despedidas
Já tempo desde a última vez em que estivemos juntos
Nós começamos a morrer
Agora parece que você não se importa comigo
E eu não entendo o motivo
Mas é muito tarde para despedidas
Sim! É muito tarde para despedidas.

Desde que você foi para bem longe
Eu tenho tido vontade de voar
Agora eu sei o que você significa para mim
Eu sou o único que lhe fez chorar
E é muito tarde para despedidas
Sim! É muito tarde para despedidas.

Desde que você me abandonou
Eu tenho tido vontade de chorar
Agora eu sei o que sinto por você
Eu tenho tido vontade de morrer
Mas é muito tarde para despedidas
Sim, é muito tarde para despedidas.

Ooh... Ah.....

Dit dit dit dit doo
ba da ba da ba da ba... ba
ba ba ba ba ba... ba ba ba ba ba... ba


Jô e Vanguart

Saudações!
Há tempos que não assistia o Programa do Jô. Entre os convidados estava Vanguart, a banda de folk rock, lá de Cuiabá (GO), que ganhou os prêmios de revelação musical nos dois últimos anos. Foi a primeira vez que vi a banda na televisão. Gostei da entrevista, os caras são animados.

Coincidência é que, na manhã de ontem, tive que fazer algumas tarefas domésticas. Para fazer trilha ao pesado batente, eu coloquei, justamente, o cd desta banda. Ouvi na íntegra e recomendo para todas as pessoas.

Seguem a entrevista!
Harold

Entrevista de Vanguart no Programa do Jô

Sobre Julian Lennon

Julian Lennon é uma dessas pessoas facilmente reconhecíveis. Seu rosto, gestos e voz indicam logo que ele é filho de John Lennon. Do tempo em que John esteve casado com Cinthya Powell, que foi sua namorada nos primórdios dos Beatles. Julian herdou a herança paterna, aprendeu a tocar piano e violão, além de cantar e compor.

O moço lançou, nascido em no dia 8 de abril de 1963, um disco em 1985. Os menos informados pensaram ser um imitador do falecido beatle. Pura bobagem! Julian foi à luta e cravou nas paradas a canção Too late for goodbyes. A repercussão foi boa. Porém os trabalhos posteriores não alcançaram o êxito esperado.

Enquanto não chegam notícias atualizadas sobre a carreira do filho de John e de Cinthya, vale a pena matar saudade do seu surgimento na mídia.. Segue o clipe de seu maior.

Vamos curtir?
Harold

Julian Lennon- Too late for goodbyes

03 maio 2009

Josinaldo, o índio de jaleco branco

Segue transcrição de matéria que é capa da edição de hoje (03/05/09) do jornal Correio Braziliense, daqui de Brasília. Detalhe: o personagem da matéria é meu amigo.
Abraços!
Harold


Josinaldo, o índio de jaleco branco

Representante da aldeia Atikun caminha para ser o primeiro da história de seu povo a concluir medicina na UnB
Marcelo Abreu


Fotos: Cadu Gomes/CB/D.A Press
Meta de Josinaldo é aliar os conhecimentos de seus ancestrais à medicina convencional: “eu preciso ser médico pra ajudar o povo da minha aldeia”


Sexta-feira, feriado, Dia do Trabalho. Numa partida de futebol entre alunos índios e africanos, estes últimos deram uma sova nos primeiros: 5 x 1. Os índios saíram cabisbaixos. Queriam cavar um buraco para enfiar as caras. Haja pajelança para reverter o resultado nos próximos duelos. Por telefone, nosso personagem, que ainda não conhecíamos, nos diz: “A gente pode se encontrar no prédio da biblioteca”. Combinado. O encontro será às 11h30. Pontualmente, chegamos lá. E lá se aproxima o rapaz sobre o qual contaremos esta história. O andar é apressado. Veste calça jeans, camiseta branca, tênis e uma mochila. Sim, é ele mesmo, o rapaz pelo qual esperávamos para a entrevista. Ao chegar ele disse, em tom de lamentação: “O jogo acabou agora. A surra foi grande”.


Não, não vamos falar sobre a fatídica derrota. O assunto é outro. Josinaldo da Silva tem 31 anos, mora há três anos em Brasília, veio de longe, dos confins de Pernambuco, deixou uma vida inteira para trás: mãe, seis irmãos, um filho de 4 anos e toda a sua cultura e tradição. Ele cursa o 5º semestre de medicina na Universidade de Brasília (UnB). Quer fazer clínica geral para atender àquela gente esquecida do lugar de onde saiu e depois se especializar em anestesiologia. Josinaldo é um índio da aldeia Atikun. Será, em 2012, quando completará 35 anos, o primeiro indígena a receber o diploma de médico em toda a história daquela universidade.

Essa é a história que ele quer contar. E de como, de uma aldeia a 550km de Recife, ele rompeu barreiras e chegou a uma das universidades mais importantes do país. Mais que isso: conseguiu uma vaga no curso mais disputado da UnB. Por meio de um convênio entre a Fundação Universidade de Brasília (FUB) e a Funai, Josinaldo submeteu-se a uma espécie de vestibular diferenciado, na capital pernambucana. Concorreu a uma das duas vagas reservadas para índios de todo o território nacional na UnB (sistema de cotas). Pelo menos 400 candidatos, em todo o Brasil, participaram da seleção. Houve uma prova de português e outra de matemática, com 50 questões cada. E uma redação onde dissertou sobre o desafio do jovem indígena no ensino superior.

E lá estava Josinaldo, confiante que uma vaga seria sua. E foi. Era a redenção do menino que estudou até a 4ª série na aldeia. Da 5ª à 8ª série foi para um povoado vizinho, a 6km de onde morava. E para concluir o ensino médio, o índio atikun viajava todos os dias 50km (apenas ida) para chegar a Salgueiro, cidadezinha do sertão pernambucano, o maior lugar que até então conhecera na vida.

Dança do Toré

Após terminar o ensino médio, o rapaz virou agente de saúde da aldeia, onde vivem hoje 6 mil índios. Ali, nasceu e passou toda a vida. Ensinava o que sabia àquela gente quase esquecida. Nunca se distanciou das manifestações culturais e das tradições do seu povo. Participou desde criança da Dança do Toré. No ritual, eles acreditam que, após tomarem a jurema (bebida poderosa que limpa a alma), as divindades são incorporadas. É a crença no deus Tupã e em Tamaym (Mãe Terra). É crença dos pajés (líderes espirituais), dos caciques e de todo o povo de sua aldeia.

Essa era a vida de Josinaldo. O menino que sonhava fazer mais por sua gente. Quando soube que poderia concorrer a uma vaga na universidade, não hesitou. Foi a Recife. Fez as provas. Esperou o resultado. E viu o nome na lista dos aprovados em medicina. “Foi a melhor notícia que tive na vida”, reconhece. Dias depois, desembarcou em Brasília. Despediu-se da mãe, dos irmãos, orientou-se com pajés e caciques. Prometeu a todos que um dia voltaria. Uma nova realidade o esperava aqui.

Era abril de 2006, Josinaldo foi morar numa república de índios, na 706 Norte. No dia 18 daquele mês, entrou na UnB, seria o primeiro dia de aula. “O impacto cultural foi enorme”, diz. Pergunto se teve medo. O índio atikun admite: “Tive. Medo de ser discriminado, de não ser aceito, de não dar conta do curso, de acharem que era incapaz”. E faz uma revelação contundente: “No começo, senti muito preconceito. Menos pelo fato de ser índio. O que pesava era ser pobre”. Insisto em saber como sentiu isso. Ele responde: “Percebia nas escolhas dos grupos, nos trabalhos em equipe”. Mas hoje admite: “Três anos depois, sinto menos a separação. Acho que tô conquistando meu espaço”.

Reprovação

No primeiro e segundo semestres, Josinaldo sentiu enorme dificuldade em acompanhar algumas disciplinas. “Estudei a vida toda em escola pública do sertão. Não tive boa base”, constata. Em função disso, foi reprovado em bioquímica, biofísica experimental e biologia celular. Mas o que seria obstáculo intransponível transformou-se em luta. No semestre seguinte, resolveu cursar matérias básicas, para que lhe preparassem melhor para o que teria pela frente.

Estudou biologia e química experimental. Entendeu e dominou coisas sobre as quais nunca ouvira falar antes. Entrou no terceiro semestre confiante no caminho escolhido. Foi bem no quarto. Chegou ao quinto semestre e nunca mais foi reprovado em qualquer disciplina. “Mostrei a mim mesmo que seria capaz. Que não estava aqui porque me facilitaram a entrada. Hoje, me sinto à vontade. O diálogo é de igual pra igual.” Ninguém nunca mais segurou o índio. Nem o medo.

Josinaldo passou a ter aulas práticas no Hospital Universitário de Brasília (HUB). É acompanhado pelos professores em consulta aos pacientes da clínica médica. “Só não podemos diagnosticar”, explica. Recebe R$ 900 pelo convênio entre a FUB e a Funai. É com esse dinheiro que vive em Brasília. Come no bandejão da universidade. Passou a usar jaleco branco e estetoscópio. Fez uma foto e mandou pra sua gente. Todos passaram a chamá-lo de “doutor”. Até o pajé. “Ano passado, voltei à aldeia e o povo me perguntava se eu já podia consultar”, conta o futuro médico, aos risos.
Sentado na entrada da faculdade de medicina, Josinaldo fez um desabafo comovido: “Eu preciso ser médico pra ajudar o povo da minha aldeia. Eles precisam da tradição, dos chás, das crenças, mas também da ciência. Quero juntar tudo isso”. Em seguida, lamentou: “Os médicos brancos vão para a aldeia, mas não se acostumam. Ficam dois, três meses e vão embora. Aí, os índios ficam tempos e tempos sem nenhuma assistência”.

Sem descanso

Josinaldo estuda, em média, 10 horas por dia. Quando não está em sala de aula ou no HUB, corre para a biblioteca. Pesquisa, checa, se informa. Dissipa dúvidas. Quer comprovação. De uma coisa ele tem certeza: vai fazer clínica geral. E planeja: “Depois, quero voltar pra Pernambuco e me especializar em anestesiologia. Vou ver em Recife e Petrolina. Estando ali perto, posso cuidar da saúde do povo da aldeia”.

Enquanto a formatura não chega, o índio atikun se extasia com as oportunidades que a vida lhe ofereceu. Mas observa: “Isso tudo é fruto de esforço prévio. Se eu não acreditasse, não teria tentado”. E como nem só de estudo vive o ser humano, Josinaldo não perdeu tempo. Arrumou uma namorada no Recanto das Emas. “Ela está terminando o ensino médio. A gente se gosta”, diz. E se espanta: “Você vai escrever isso aí?”. Escrevi.

Pergunto se a convivência com o homem branco o afastará de suas raízes. Determinado, ele responde: “Tenho convicção da minha história, da minha ancestralidade. Nunca vou deixar de ser índio”. E faz um juramento: “Quero ser um bom médico. Vou procurar conversar com a pessoa e não ver ela apenas como portadora de doença. Uma vez me consultei com um médico que não olhou na minha cara. Nem meu nome perguntou”. O índio talvez não saiba, mas esses homens e mulheres que se dizem brancos e vestem jaleco agem frequentemente assim. Em todos os lugares, dos hospitais públicos aos particulares. Sentem-se quase deuses.

Otimista, o estudante de medicina crê num futuro melhor para seu povo: “Quero ver muitos índios advogados, engenheiros, médicos, professores. Basta que a gente continue lutando, resistindo, conquistando. Felicidade é poder sonhar e sentir que aquilo virou verdade”. Sábio Josinaldo, o primeiro índio que virará médico em toda a história da UnB. “Com ajuda de Tupã”, ele torce, segurando o cocar que carrega dentro da mochila. Que os deuses nos quais o índio acredita lhe sejam generosos.




Dois textos de Quintana


Penso que não é necessário apresentar para meus leitores e minhas leitoras a figura de Mário Quintana (1906-1994). O senhor aí da foto. Gaúcho de Alegrete, ele é nada mais nada menos do que um melhores poetas deste país.

Ludicidade e musicalidade são coisas fáceis de encontrar na sua obra. Dá gosto de ler seus textos. Depois relê-los.

Em 2004, devido motivos profissionais, estive em Porto Alegre. Num dia de folga, fui passear pela cidade. Um dos lugares visitados foi o prédio da antiga Livraria e Editora Globo. Lá há um pequeno museu onde vi o escritório de trabalho de Quintana, que, durante muito tempo, atuou como tradutor naquela casa.

Quem desejar saber mais sobre sua obra, pode acessar o site www.laudano.com.br/escritores/mario-quintana.
Seguem dois poemas do mestre gaúcho.
Harold


Os degraus.
Mário Quintana

Não desças os degraus dos sonhos
para não despertar os monstros.
Não subas aos sótãos- onde
os deuses, por trás das suas máscaras,
Ocultam o próprio enigma.
Não desças, não subas, fica.
O mistério está é na tua vida!
E é um sonho louco este nosso mundo.



Canção da ruazinha desconhecida
Mário Quintana

Ruazinha que eu conheço apenas
Da esquina onde ela principia?
Ruazinha perdida, perdida?
Ruazinha onde Marta fia?
Ruazinha em que eu penso às vezes
Como quem pensa numa outra vida?
E para onde hei de mudar-me, um dia
Quando tudo estiver perdido?
Ruazinha da quieta vida?
Tristonha? tristonha?
Ruazinha onde Marta fia
e onde Maria, na janela, sonha?




Arnaldo Antunes- Alegria

Arnaldo Antunes é um dos mais importantes letristas surgido no rock Brasil dos anos 80. Formava com Cazuza e Renato Russo uma espécie de santíssima trindade dos letristas que, ao mesmo tempo, eram poetas dos grupos que os jovens daquele período apreciavam. Diferente de outros letristas, que, quase sempre, escreviam sobre carros, diversão e garotas, os três citados abordavam mais densos.
Cazuza e Renato Russo habitam outro plano existencial. Arnaldo segue em carreira solo e, às vezes, em colaboração com outros artistas. Continua a nos brindar com suas pérolas. Além do ofício de cantor e letrista, ataca como escritor e em trilhas sonoras de cinema.
Segue clipe de Alegria, uma de suas mais bonitas composições. Uma singela e perfeita declaração de amor. A canção faz parte da trilha sonhora do filme Benjamin. No clipe há as participações de Chico Buarque, Paulo José e Cléo Pires.

Harold

Arnaldo Antunes- Alegria


A sorte é a sorte


O presidente Luís Inácio Lula da Silva é um sujeito de sorte. Mesmo quando comete algum erro bobo ou uma grosseria que possam lhe deixar em maus lençóis perante a oposição e a sociedade, algo de bom lhe acontece. Aí o sufoco acaba. Sorte é isso aí! Cito alguns fatos para ilustrarem minha afirmação.

No mês de março, Lula teve encontro com Gordon Brown, primeiro-ministro da Inglaterra. Na hora de discursar, o presidente pôs a culpa da crise econômica que pegou o mundo de calça curta nos banqueiros do primeiro mundo, que, nas palavras de Lula, têm olhos azuis. Talvez Brown tenha ficado embaraçado com o discurso de Lula. Se ficoul não demonstrou. A oposição e os fiscais dos deslizes alheios tomaram as dores dos ofendidos e caíram de pau. O povão adorou o discurso lulista. Todavia, a voz da sensatez recomenda que nenhuma decalração de cunho racial seja feita.

Chegou abril e lá foi Lula para o país de Brown. Motivo: os dirigentes dos 20 países mais influentes do mundo se reuniriam em Londres . Foram discutir uma possível solução para a crise. Mas antes do trabalho, um pouco de amenidade não faz a ninguém. Por isso, os dirigentes foram ao Palácio de Buckingham para o jantar que a rainha Elizabeth II lhes ofereceria. Antes da mesa, a foto oficial, com a rainha no centro, é claro, foi preciso distribuir os convidados. Lula foi posto à esquerda da rainha, ambos sentados. De pé ficaram Obama, Brown, Merkel entre outros.

No mesmo encontro, foi alvo de elogios de Barack Obama e Kevin Rudd. Obama apertou a mão de Lula e disse para o primeiro-ministro australiano: "Esse é o cara! Eu adoro esse cara!". O presidente norte-americano não parou por aí na admiração por Lula e continuou: "Esse é o político mais popular da Terra". Rudd não ficou atrás de Obama quando fez seu comentário: "O político mais popular de longo mandato". Então Obama concluiu: "É porque ele é boa pinta". Depois disso, ninguém mais lembrou do comentário infeliz sobre os banqueiros de olhos azuis. Prestígio pouco é bobagem.

Posteriormente, um instituto de estudos políticos divulgou dados de uma pesquisa sobre os dirigentes dos países da América. Os resultados mostraram que Lula é o presidente mais popular do continente. Atrás do brasileiro ficaram Alvaro Uribe e Felipe Calderón, respectivamente, presidentes da Colômbia e do México. Para tornar mais expressiva a posição de Lula, vale lembrar que Obama apareceu em posição intermediária enquanto que Hugo Chávez sequer foi citado.

Outro fato que evidencia que Lula é uma pessoa, de fato, conhecida no mundo, aconteceu na noite de quarta-feira, 15 de abril. Ele fez uma aparição na televisão dos Estados Unidos. Foi mesmo? Bem... quase isso. Na verdade, não foi o presidente pessoa física mas o seu desenho. Foi num episódio da série de desenho animado South Park, conforme mostra a figura que acompanha esta postagem. A série foi criada em 1997 por Matt Stone e Trey Parker; é famosa pelas tiradas de humor negro e pelas pesadas críticas que faz ao estilo de vida da sociedade norte-americana.

No episódio do dia 17, denominado Pinewood Derby (Derby cabeça de pinho), os personagens estão às voltas com um alienígena, possilvemente, perigoso. Por isso, fazem contato com os principais líderes do mundo. Gente como a chanceler alemã Angela Merkel, o presidente da França, Nicolas Sarkozy e Lula, que aparece na tela tendo, ao fundo, a bandeira do Brasil, à sua direita. Quem desejar assistir ao episódio, basta acessar o site www.southpark studios.com.

Volta e meia, ficamos sabendo de alguma peripécia de nosso presidente. Como foi citado no parágrafo inicial, ele é um sujeito, ou melhor, de sorte. A exposição na mídia lhe é favorável. Agora vamos esperar para saber se a sorte de Lula pesará na sucessão presidencial. Será que ele fará que Dilma Rousseff, a candidata de seu coração, a vencedora? Esperemos para saber.

Aroldo José Marinho