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08 maio 2008

Quem tem teto de vidro não deve jogar pedra





Hoje soube pela imprensa sobre a ida de Dilma Rousseff ao senado. A toda-poderosa ministra-chefe da Casa Civil, mãe do PAC e candidata da simpatia de Lula à presidência da república, foi à Comissão de Infra-Estrutura para responder perguntas sobre o suposto dossiê produzido pela Casa Civil sobre as contas feitas por Fernando Henrique Cardoso, no período em ele que foi presidente do país.
O circo foi armado para inibir e confundir a ministra. De quebra, lançar algum embaraço sobre o governo atual. A oposição, responsável pela lona do circo, estava representada por um dos seus mais expressivos líderes, o senador José Agripino Maia (DEM-RN). Emplogado com os seus objetivos, o líder do DEM (segundos alguns, DEMO), abriu a temporada de caça à Dilma com uma afirmação capciosa e duvidosa. O oposicionista citou uma entrevista, dada ao Folha de São Paulo, onde Dilma afirmava ter “mentido bastante” na década de 70, durante a ditadura militar.
Agripino perguntou se ela, ainda mentia, para salvar as situações da sua vida. O que o senador potiguar quis afirmar (insinuar) é que Dilma mentiu contra a ditadura e que continua mentindo quando faz negativas sobre o dossiê que o governo teria feito sobre as contas do governo FHC. Como o tolo que é, o senador pensou que estava embaraçando a ministra. Grande engano! Se o depoimento fosse uma partida de vôlei, poderia se afirmar que o potiguar levantou a bola para que Dilma Rousseff, fizesse um belo ponto de cortada. Sua resposta foi genial. Ela disse:
"Eu fui barbaramente torturada, senador. Qualquer pessoa que ousar falar a verdade para os torturadores, entrega os seus iguais. Eu me orgulho muito de ter mentido na tortura, senador". E mais, Dilma foi categórica ao afirmar que "não há possibilidade de diálogo" quando se tem pela frente o "pau de arara, o choque elétrico e a morte".
Só esta resposta já seria bastante para desmontar a bobagem de Agripino. Mas Dilma também mostrou não ter memória curta ao lembrar do passado do senador e de sua família de oligarcas do RN. O clã Maia nunca se voltou contra a ditadura. Pelo contrário, com se ofereceu apoio para ela. Numa referência indireta a este fato, a ministra disse que ela e o senador não estavam "no mesmo momento" quando ela participou da luta armada ao regime militar.
Assim, estava ganha a partida. Pobre do idiota Agripino que falou besteira e teve que aturar lição de moral da chefe da Casa Civil.
Mas ele bem que mereceu!
Atualmente, olho com alguma desconfiança para as ações do governo Lula. Mas me alegrei com a resposta dada por Dilma ao senador do RN. Ele tentou rebater o argumento dela. Disse que também combateu a ditadura. Será mesmo? Bem... o engenheiro Agripino entrou para a vida política em 1979 quando foi indicado governador do RN por João Figueiredo, último presidente da ditadura. A trajetória da família Maia sempre foi ligada à Arena, partido do governo nos anos de chumbo, que depois virou PDS, depois PFL e agora atende pela denominação DEM. Difícil acreditar que Maia tenha tido, antes de 1979, uma trajetória própria, diferente de seus familiares.
Diante deste quadro, quem é José Agripino Maia para fazer insinuações para Dilma Rousseff? Como pode um sujeito assim afirmar que é democrata?
Parece que o bom e velho óleo de peroba anda em falta na casa do senador. Melhor comprar vários frascos. O velho ditado não perdeu atualidade: "Só fala besteira quem quer."
Aroldo José Marinho

5 comentários:

Sophia Jares disse...

obrigada Aroldo :)

Ivan Daniel disse...

Esse episódio foi triste. Tanto pela tentativa de deixar a Ministra constrangida, quanto pela falta de vergonha na cara do nobre Senador e todo o circo que foi armado.

Harold disse...

Obrigado por sua visita Sophia.
Beijos e êxitos!

Harold disse...

Caro Daniel!
Quanto mais o tempo passa, mais eu duvido da postura ética dos políticos de direita deste país.
Um grande abraço!

Janete disse...

Essa e a grande verdade, tem teto de vidro e quer jogar pedra