Há pouco tempo soube de um projeto bastante original em curso no estado do Amapá. Trata-se da Orquestra Quilombola do Curiaú (OQC), antigo quilombo, localizado a 12 kilometros da capital Macapá. Esta é a primeira orquestra brasileira composta por descendentes de antigos escravos. A concretização deste projeto é um compromisso assumido pela Associação Educacional e Cultural Essência (AECE).
A OQC não é o primeiro projeto social a levar a música erudita para as comunidades carentes do Brasil. Dois exemplos pertinentes são a orquestra sediada em Heliópolis, em São Paulo, e as atuações do maestro José Carlos Martins. Mesmo assim, a orquestra amapaense merece ser percebida e citada com bastante carinho e respeito. De início, o nome da OQC desperta curiosidade, pois é comum e restrito pensar que projetos relacionados às comunidades afro-brasileiras destaquem atividades como rodas de capoeira, de comidas típicas e assim por diante.
O projeto que promove a comunidade do Curiaú nasceu da inspiração de Elias Sampaio, músico responsável pela regência da OQC. A parte executiva é responsabilidade de Heloísa Batista, turismóloga de formação, que dirige a AECE com garra e que fez da orquestra a realização prioritária de sua vida. A dupla Sampaio e Batista arregaçou as mangas foi atrás das condições que transformasse o sonho em verdade.
Mas nem tudo é fácil para as pessoas lutadoras. Muitas vezes, quem tem idéia não tem a estrutura para fazer a coisa acontecer. Tudo faltava, espaço e instrumentos. Porém, aos poucos, as coisas começaram a mudar. Uma escola pública cedeu suas instalações para os ensaios. E mais, Batista escreveu um projeto e enviou para uma empresa de telefonia interessada em apoiar iniciativas culturais.
Os esforços de Batista e sua turma tornaram-se verdade em 25/10. Nesta data a OQC fez seu primeiro concerto para a distinta platéia amapaense. Mas a presidente não dorme sobre os louros da fama e antecipa os planos para o futuro. Disse Batista: "O projeto, que prevê iniciação musical com instrumentos de sopro, madeira, de corda e percussão erudita, será dividido em polos por Macapá e outros municípios do Estado".
Diante deste quadro estimulante, nada mais há para fazer a não ser estimular mais e mais Heloísa Batista e toda a turma da AECE. Boa sorte e tudo de bom na iniciativa.
Aroldo José Marinho
Um comentário:
Trabalho muito lindo isso ajuda muito as crianças a não se envolverem com o crime
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