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24 janeiro 2010

Presente

O texto que segue foi escrito num dia qualquer, no meio da semana, em janeiro de 1987, no século passado. Haja cronologia. Rs! Minha intenção/inspiração era brincar com alguns dos sentidos de uma palavra recorrente na língua portuguesa. Penso que consegui o que desejava.

Depois veio a vontade de transformá-lo em melodia. Mas nenhuma idéia aparecia. Depois de várias tentativas, comecei a achar que dali não sairia mais nada. Já estava pronto para aceitar o fracasso e me conformar. Eis que chega o domingo e, com ele, o Fantástico. O programa da tv Globo daquele dia exibiu um clipe com Nara Leão.

Quando a musa dos joelhos bonitos da Bossa Nova começou a cantar, olhei para ela, ouvi sua voz. Deslumbrado, ou melhor, hipnotizado, imediatamente, peguei o violão e comecei a elaborar uma melodia na batida daquele gênero. Foi saindo, saindo. De repente, estava pronta a melodia para o texto. Nara me salvou. Devo essa para ela.

Já tinha ouvido falar da cantora. Mas meu espírito roqueiro não se ligou, de imediato, no seu trabalho. Isso só foi acontecer em 1989, quando soube que ela, após diversas batalhas contra um câncer, foi cantar no paraíso, bem junto de Deus. Então fiquei sabendo de várias histórias sobre sua generosidade e a dignidade. Disso são testemunhas, entre outros, Jerry Adriani, Raul Seixas, Caetano Veloso, Gilberto Gil, Rita Lee entre outros. Lamentei não ter conhecido seu trabalho enquanto ela estava entre nós. Sem dúvida, eu a teria amado

Como as pessoas citadas no parágrafo anterior, também me sinto um devedor de Nara. Por isso, humildemente, dedico para ela o texto. De quebra, para ilustrar tantas palavras, segue junto a imagem graciosa e plena de Bia Pimentel.
Harold

Presente
Aroldo José
A gente é o presente,
A gente faz o presente,
A gente dá de presente.
A gente é dá prá gente!

A gente se faz presente,
A gente responde presente,
A gente recebe presente.
A gente recebe da gente!

A gente ama gente,
Às vezes, esquece o que sente.
Mas o coração não mente,
Dizendo:

Te quero presente!

Macapá, 01/1987
Para Nara Leão


2 comentários:

Elisabete De Mello disse...

Meu brother Celso, ao dedilhar as cordas de sua viola, me ensinava que os joelhos de Nara, além de sua bela voz, eram os mais bonitos da MPB.

Seus poemas, como você, sempre estarão no presente!

Besos!

Harold disse...

Valeu Sweet Bete!
Suas visitas ao blog sempre trazem um pouco de primavera às postagens.
Beijos!!!