Saudação para todos e todas!
Olha eu aqui para colocar mais um texto no blog. Desta vez, a autoria não é minha. Quem escreveu o material que vocês vão ver foi o Klaus Brüschke, um amigo que mora no interior de São Paulo e que trabalha na editora Cidade Nova.
Espero que vocês gostem do texto. Quem quiser fazer algum comentário, fique à vontade. Garanto que farei com que todas as opiniões cheguem até o Klaus.
Boa leitura!
Beijos, abraços e saúde sempre!
Olha eu aqui para colocar mais um texto no blog. Desta vez, a autoria não é minha. Quem escreveu o material que vocês vão ver foi o Klaus Brüschke, um amigo que mora no interior de São Paulo e que trabalha na editora Cidade Nova.
Espero que vocês gostem do texto. Quem quiser fazer algum comentário, fique à vontade. Garanto que farei com que todas as opiniões cheguem até o Klaus.
Boa leitura!
Beijos, abraços e saúde sempre!
Harold
Celebridades? Celebridades?
É interessante o culto atual prestado às celebridades. Depois de a cultura moderna - especialmente a literatura - ter substituído a saga de nobres, heróis e mitos pelas crônicas do "homem sem qualidades" (R.Musil), da gente como a gente, parece que ficou um vazio, preenchido por pessoas que ocupam (muitas vezes estrategicamente) colunas sociais impressas e eletrônicas, notabilizadas sabe-se lá porque? No noticiário, a vida afetiva da realeza britânica e a expulsão da modelo de uma festa dividem, em igualdade de condições, espaço com o caminho da paz na Palestina, os conflitos da Terra do Meio paraense e as questões bioéticas das células-tronco.
Uma possível explicação para esse fenômeno é o ser humano contemporâneo ver-se frustrado numa cultura que lhe traçou o caminho do "ser" para o "ter". Não lhe sendo possível ter o que deseja (quer por estar excluído do restrito círculo dos que podem consumir, quer porque cada desejo saciado provoca outro por saciar), é lhe oferecida a opção do "parecer-ter". Assim ele se projeta nos que têm ou parecem ter (casa,glamour, holofotes?). Referências, as celebridades não são perfeitas, como os heróis ou os santos, mas vivem suas intrigas, como os deuses gregos, apaziguando a consciência da pessoa comum ante as próprias fraquezas e improbidades.
Ademais, ligado a isso, é curioso nos talk-shows e assemelhados a bisbilhotice alcançar o status de informação. A linguagem - que percorrera dezenas de milhares de anos para evoluir do burburinho de nossos ancestrais (evolução do esgaravatar mútuo dos primatas) até a conversa articulada, o discurso -volta às origens: abdica-se da crítica e da razão em favor do palavrório, do mexerico, da platitude. Mas a questão dos referenciais pode ser vista de outro lado, um lado construtivo. Temos necessidade do outro. O outro pode me dar algo realmente precioso; eu posso conhecer-lhe "o Céu" (C. Lubich), enriquecer-me dele - e, por minha vez, enriquecer a outros. Não só nas "grandes questões da visão do mundo", mas também no que diz respeito a temas do dia-a-dia, nem por isso menos importantes. Sem abrir mão da capacidade humana de articular com a razão a linguagem. Pelo contrário, elevando esta sempre mais do nível do discurso ao nível do diálogo.
E aqui a literatura - especialmente o gênero das biografias - tem um papel insubstituível. Ler a vida de alguém é participar de seus tesouros, é tomar parte de sua vida, é, enfim, tornar-se seu amigo. Ao mesmo tempo, a biografia se enriquece da leitura de seus leitores (J. L. Borges).
Cidade Nova lançou nesse verão duas biografias de pessoas na aparência diametralmente opostas: Charles de Foucauld e Chiara Luce. Ele, um francês, que viveu na virada do século XIX para o século XX e buscou imitar Jesus de Nazaré retirado entre os tuaregues no deserto do Saara. Ela, uma jovem italiana, praticamente contemporânea nossa, que procurou viver o Evangelho segundo uma espiritualidade de comunhão na normalidade de sua vida juvenil. Ambos deram a própria vida; ele, brutalmente assassinado; ela, consumida por um câncer. Ambos deixaram um legado; ele, especialmente em seus escritos; ela sobretudo no testemunho dos que a rodearam. Ambos alcançaram uma meta: a plenitude de vida, que a Igreja estuda reconhecer como vida de santidade.
Ambos são modelos. Não para serem aplaudidos na passarela de alguma Fashion Week, mas para serem nossos companheiros na bem mais árdua e interessante senda da vida.
Uma possível explicação para esse fenômeno é o ser humano contemporâneo ver-se frustrado numa cultura que lhe traçou o caminho do "ser" para o "ter". Não lhe sendo possível ter o que deseja (quer por estar excluído do restrito círculo dos que podem consumir, quer porque cada desejo saciado provoca outro por saciar), é lhe oferecida a opção do "parecer-ter". Assim ele se projeta nos que têm ou parecem ter (casa,glamour, holofotes?). Referências, as celebridades não são perfeitas, como os heróis ou os santos, mas vivem suas intrigas, como os deuses gregos, apaziguando a consciência da pessoa comum ante as próprias fraquezas e improbidades.
Ademais, ligado a isso, é curioso nos talk-shows e assemelhados a bisbilhotice alcançar o status de informação. A linguagem - que percorrera dezenas de milhares de anos para evoluir do burburinho de nossos ancestrais (evolução do esgaravatar mútuo dos primatas) até a conversa articulada, o discurso -volta às origens: abdica-se da crítica e da razão em favor do palavrório, do mexerico, da platitude. Mas a questão dos referenciais pode ser vista de outro lado, um lado construtivo. Temos necessidade do outro. O outro pode me dar algo realmente precioso; eu posso conhecer-lhe "o Céu" (C. Lubich), enriquecer-me dele - e, por minha vez, enriquecer a outros. Não só nas "grandes questões da visão do mundo", mas também no que diz respeito a temas do dia-a-dia, nem por isso menos importantes. Sem abrir mão da capacidade humana de articular com a razão a linguagem. Pelo contrário, elevando esta sempre mais do nível do discurso ao nível do diálogo.
E aqui a literatura - especialmente o gênero das biografias - tem um papel insubstituível. Ler a vida de alguém é participar de seus tesouros, é tomar parte de sua vida, é, enfim, tornar-se seu amigo. Ao mesmo tempo, a biografia se enriquece da leitura de seus leitores (J. L. Borges).
Cidade Nova lançou nesse verão duas biografias de pessoas na aparência diametralmente opostas: Charles de Foucauld e Chiara Luce. Ele, um francês, que viveu na virada do século XIX para o século XX e buscou imitar Jesus de Nazaré retirado entre os tuaregues no deserto do Saara. Ela, uma jovem italiana, praticamente contemporânea nossa, que procurou viver o Evangelho segundo uma espiritualidade de comunhão na normalidade de sua vida juvenil. Ambos deram a própria vida; ele, brutalmente assassinado; ela, consumida por um câncer. Ambos deixaram um legado; ele, especialmente em seus escritos; ela sobretudo no testemunho dos que a rodearam. Ambos alcançaram uma meta: a plenitude de vida, que a Igreja estuda reconhecer como vida de santidade.
Ambos são modelos. Não para serem aplaudidos na passarela de alguma Fashion Week, mas para serem nossos companheiros na bem mais árdua e interessante senda da vida.
Klaus Brüschke
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