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19 fevereiro 2009

Ainda a Mira

Conforme o prometido no post anterior, aqui estão alguns poemas de Mira Alves. Os textos fazem parte do livro Calliandra, lançado pela artista na décade de '80.
Boa leitura!
Harold


Imensurável
Não quero consolo
de frases feitas
Frase feita não é eficaz
E tem efeitos colaterais
Não quero consolo
de frases
Pronta-entrega
Nem sob-medida
Imensurável
É o meu amor

Chegando a Brasília depois de um feriado
Cheguei para te fazer companhia
Nesta noite quase fria
Silenciosa noite
O vento sopra como chicote em açoite
Todos te deixaram,
eu também
Mas cheguei!
Para ficar contigo
nesta noite.
Sei, deves estar sentindo só
Todos partem para os campos,
Matas, montanhas, mares
Todos partem e te
deixam só
Todos só te dão
Solidão

Com vontade
Ver você partir
Foi uma dor que não tive
Estrutura para admitir
Disfarcei, fingi
Não vi
Não pensei no que perdi
Sobrevivi
Sobrevivi com vontade
Com vontade de morrer
Morrer de dor
Morrer de amor
Com vontade de morrer
Morrer de rir
Rir da capacidade
Capacidade de disfarçar
Tamanha dor

Pessoa amada
A pessoa amada é aquela
Que vai contigo pelo mundo
Afora
Que fica contigo pela noite
Adentro.
É teu homem, teu menino
Tua pequena, tua mulher
É aquele alguém que
te oferece
O ombro
Que te oferece o lenço
Que ouve o teu soluço
O teu silêncio
É aquele alguém que tu
Tens para te tratar bem
É aquele alguém que
te espera
Sentado
Que te aplaude de pé

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