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06 junho 2009

Texto de Suzane

O desaparecimento do maestro Silvio Barbato consternou a sociedade brasiliense. A prova do fato é que, volta e meia, alguém dedica algum texto à memória do regente. Textos que mostram que, não apenas o artista Barbato é alvo de admiração. Mas o ser humano Barbato também está sendo reverenciado.

Um destes textos foi escrito por Suzane Lima (http://www.suzane-lima.blogspot.com/). Universitária de Biblioteconomia e poeta de fina sensibilidade, além de profunda conhecedora da obra de Chico Buarque. Essa moça de olhos expressivos, na edição do dia 02/06, dedicou uma página honrosa para Barbato.
Segue o texto de Suzane. Boa leitura!
Aroldo José Marinho

Sílvio Barbato, meu maestrinho

Hoje minhas lágrimas tiveram motivo pra cair

Não Sílvio, não!

Estás em uma ilha dando aquele sorriso gostoso

Estás cantarolando pros que estão aflitos

Seus cabelos balançam com o vento da ilha

Daquele jeito, como quando reges a orquestra

Teus cabelos são um espetáculo a parte.


Tu cumprimentavas com tanta amabilidade quem nem conhecias

Conversava com as senhoras fúteis, achando graça

Falavas com uns eruditos chatos, "aqueles velhas"

Fazias sorrir toda a Sala Villa -Lobos

Falavam de ti, mas nem ligavas

Vinham-te as meninas, pois que venham mais

Tinhas tanto charme...


Mas meu Deus, Sílvio!

Você era homem! E dizem, todo homem é mortal!

E o avião... meu Deus!


Mas não! Não deve ser!

Vou acreditar nos ufólogos, nos evangélicos e nos otimistas...

Eras bom, e o avião caiu sem ti, continuastes no céu.

No avião não, Sílvio.

Aquele seu sorriso não se pode ter perdido,

A lembrança do seu sorriso não foi feita pras lágrimas

Seu sorriso foi feito pra outros risos e pra música...


Mas não Sílvio, eras homem e eras mortal

E o avião caiu...


Dormirei, e teu olhar galanteador ficará aqui, ao lado

Nem Mozart, nem Bach, nem Villa-Lobos, nem Verdi

estão mais vivos Sílvio, mas sua música é cantada e tocada

Seus nomes são falados e ouvidos

Mas o que é um nome se não um nome?

A melhor música que regestes foi teu riso contagiante

E agora ele não é mais que uma lembrança,

que não pode ser imitada pela melhor orquestra

Nem regida pelo melhor maestro

Pois só tu sabias ritmar teu sorriso... e teus cabelos...

E tu caístes...


Meu Deus Sílvio, e nem era só tu...

Quantas almas choram agora?

Mas não, Sílvio, foi só um pesadelo

E acordarás dele da melhor forma: dormindo

Mas deixaste-nos tão triste,

Acordaremos e só veremos aquilo a que chamam realidade


Mas não Sílvio, não tu...

Irei dormir agora

Fala-me num sonho que não eras homeme nem mortal

E que o avião não caiu...

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