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17 novembro 2010

Alguém lembrou

Nesses dias em que planejo minha saída de férias em dezembro, descobri, por acaso que fui citado num blog amapaense. É isso mesmo! Isso aconteceu na postagem do dia 09/01, no blog editado por Fernando Canto (www.fernando-canto.blogspot.com).

Confesso que fiquei espantado com a postagem. Todavia o espanto deu lugar à alegria. Curioso é que eu gostaria que esse tipo de citação rolasse nos anos 80, período em que morei em Macapá. Mesmo assim, agradeço a lembrança fraterna e afetiva. Valeu Fernando.

Aroldo José Marinho     



aroldo_marinho Aroldo Marinho, professor da UNIP em Brasília, também transita em férias pela cidade. Está sempre na Beira-Rio comendo camarão no bafo.

O esforço brasileiro e a vitória russa

No sábado escrevi um texto apaixonado sobre a seleção feminina de vôlei. Admirei e exaltei a capacidade de superação de nossas meninas. Fizeram um jogo dificílimo contra o Japão. Perdiam por dois sets a zero. Mas superaram a torcida do adversário, o cansaço, a aplicação tática japonesa. Foram buscar forças combinando talento e garra. Deu certo! Final 3 a 2. De virada e com um tie-break genial.
 
Essa vitória levou à equipe para a decisão que seria no domingo. E assim aconteceu. Do outro lado estavam as moças da seleção da Rússia. As mesmas adversárias da decisão de 2006. O jogo foi bom, vibrante. O primeiro set foi nosso (25/21). As russas empataram no segundo (17/25). Mas o terceiro set foi nosso (25/20). As brasileiras foram perfeitas. Pena que no quarto set a perfeição mudou de lado (14/25). Por isso, o jogo foi novamente empatado. Novamente, o mundo conheceria a equipe campeã no tie-break. Como gosta de dizer Galvão Bueno: Haja coração!

Começou o quinto set. Nossas meninas estavam bem. Concentradas, procuraram manter a vantagem. Não era fácil pois a Rússia não é uma equipe qualquer. Mas a coisas caminhavam bem. Até que num ataque de Sheilla a bola bateu na defesa russa e foi para fora. Ponto do Brasil, é lógico! Mas não foi assim que entendeu o árbitro principal, o sul- coreano Kim Kun-Tae. Apesar das evidências contrárias, ele deu o ponto para as russas. Essa atitude, aliada a espetacular atuação de Gamova, foi o determinante para a vitória das nossas adversárias ( 11/15).

Coloco aqui uma informação importantíssima. O técnico José Roberto Guimarães, ao saber da escolha do sul- coreano para comandar a arbitragem, solicitou a sua substituição. Motivo: ele foi árbitro de dois jogos (na Olimpíada, em 2004, e no campeonato mundial, em 2006) cujo resultados culminaram com as derrotas da seleção brasileira. E mais: o adversário desses jogos foi a equipe da Rússia. Nos dois jogos a atuação de Kim trouxe prejuízo para o Brasil. Por que a organização do mundial, sabendo dessees fatos, manteve a indicação desse senhor? Muito estranho!

Não quero com meu questinamento tirar o mérito da vitória da equipe russa. Elas jogaram muito. Assim como a nossa seleção. Foram aplicadas. O mesmo ocorreu com as meninas do Brasil. Porém o diferencial estava do outro lado da quadra, tem nome e sobrenome: Ekatarina Gamova. A jogadora de 2,04 foi perfeita. Participou bem do bloqueio e foi presença valorosa no ataque. Se não fosse a presença de Gamova, talvez, hoje eu estaria louvando aqui nosso primeiro título mundial do nosso vôlei feminino.

Para finalizar este texto, faço justiça ao Zé Roberto e às nossas meninas. Impossível negar que fizeram boa campanha  e que deram o melhor de si. Não houve fraqueza, medo psicológico, falta de sentido tático ou qualquer outra deficiência. Infelizmente, a equipe russa foi mais perfeita do que a nossa. Porém nossa medalha de prata precisa ser louvada. Foi fruto de suor. Apesar de no Brasil muitas pessoas acreditarem que segundo e último lugar representam a mesma coisa, isso não é verdade. Por isso, de coração, agradeço o empenho de todas as pessoas que fizeram parte da nossa seleção neste mundial. obrigado mesmo!

Aroldo José Marinho


16 novembro 2010

Sol bardo

Ofereço para vocês um texto escrito por José Edson dos Santos (foto) que, como artista, assina Joy Edson. Tenho com o amigo algumas similaridades. Entre elas: nascemos na mesma cidade, Macapá no estado do Amapá (AP), vivemos  na mesma cidade, Brasília, no Distrito Federal (DF) e temos nomes semelhantes.

Além do ofício de escritor, o Zé também ataca como ator e professor. Faz parte do quadro docente da secretaria de educacação do DF. É arte-educador, além de peladeiro convicto.

Segue abaixo texto do Zé. Foi publicado na coletânea Deste planalto central – Poetas de Brasília, organizado por Salomão Sousa, lançado em 2008, pela  Thesaurus Editora.

Aroldo José Marinho


Sol bardo
Joy Edson
Depois do abacateiro
Beliscar teu céu
Conjugação dos elementos
Siderais do firmamento
A estrela do norte riscou
O silêncio do verso do avesso

Rumor do rio da infância
Preamar no olhar caboclo
Louca expiação da indolência
Engendrando flor de tucumã

Teu cheiro de pupunha no cangote
Engasga a boca de saudade
No decote aberto da manhã

Tosca vaidade de vampiro
Tatua signo secreto
Desmontado no vitral das horas
Ao resfolegar de um fagote
Sob sol bardo
Empapuçado e
Enfartante.

Da Caixinha de Comentários

Adicionei um novo blog à minha lista. É editado em Macapá, cidade onde nasci. O responsável pelos textos e fotos é Fernando Canto (www.fernando-canto.blogspot.com), sociólogo, professor e compositor.
Canto aborda temas referentes à vida cultural do estado do Amapá. Seu trabalho é bastante acessado por pessoas que desejam saber notícias amapaenses ou, simplesmente, matar saudades do lugar e de sua gente.

Passeando pelo blog, encontrei uma postagem do dia 20/07 que me chamou atenção.  Trata-se de uma carta escrita por meu irmão Célio (foto). Historiador e jornalista, ele aborda um tema que, de certa forma, tem a ver com a história de nossa família.

Abaixo segue a postagem.

Aroldo José Marinho

terça-feira, 20 de julho de 2010

Da Caixinha de Comentários

celio alicio Estimado amigo Fernando Canto.
Que surpresa agradabilíssima acessar seu blog e deparar-me com um belíssimo texto (novidade!) em tons nostálgicos e preocupações preservacionstas sobre a cidade de Óbidos.

Não a conheço, mas sei de lá desde bem pequeno na medida em que minha mãe Maria Adelaide (a Dona Dedé) ali morou sob os cuidados de uma comadre de seus pais durante parte de sua adolescência.

Foi de lá, que ela rumou para cá, quando a turma dos Marinho Santos Trindade por aqui já estavam devidamente acomodados. Desde os seis anos de idade ela me conta sobre sua estadia em Óbidos, de onde, inclusive, a princípio não queria sair, pois, afinal, ela não conhecia nada sobre a Macapá provinciana e bucólica do final dos anos 1950 - ela aportou aqui em 1958 e durante cinco décadas não mas saiu a não ser para o enterro do Tio José, o Assunção dos Cometas, Marinho para a gente e que você bem conhecia, em Belém. 

Nossa gênese bendita encontra-se estacionada em Abaetetuba (famosa 'Terra da Cachaça' nos tempos de outrora e, infelizmente, atual terra do narcotráfico e da prostituição infanto-juvenil. Mais precisamente do Sítio do Piquiarana, no Itacuruçá, perto do ramal do Pontilhão, a meio caminho entre Abaeté e Igarapé-Miri(m).

Contudo, sempre nutri uma estranha curiosidade por Óbidos. Um desejo explicável pela via umbilical e materna e pelo fato de ser historiador interessado pelo passado colonial de nossa região, sua historicidade, religiosidade, monumentos e partículas formadoras de nosso rico, denso, exótico e exuberante arcabouço sociocultural, sua cobertura vegetal e complexos paisagísticos. Soube pela minha Mãe e pelo Bi Trindade que suas origens são obidenses e, acredite, acabei de ver pela primeira vez imagens desta terra - belíssima por sinal - graças ao seu blog e, evidentemente, qualquer semelhança com Abaetetuba e Macapá não é mera coincidência. São glebas de um mesmo 'quintal', filhas de uma mesma mãe, gentes de um mesmo clã e amantes de um mesmo senhor.

As fortificações, o trapiche, o edifício do antigo quartel (hoje SECULT), a gente hospitaleira, a culinária pra lá de exótica e a enchente prevista e esperada (tirada de letra como você bem disse pelo povo nativo) deram-me a impressão de já ter visto o filme.
O Grão-Pará, quintal vizinho de nós separado pela geopolítica, tem uma imensidão de lugares parecidos. Adoro ouvir o mestre Nonato Leal falar da Vigia e meus sogros em Belém, lembrarem de Cametá (Velho Miguel) e Marapanin (Dona Branca Flor).

Sabe de uma coisa? Há 16 anos não vou em Abaeté, mas, no Círio nazareno vindouro darei um pulinho por lá pra abraçar a parentada. E, ano que vem, se DEUS quiser, quero ir à Óbidos. Sério. Só tem um pequeno problema: não conheço ninguém por lá, logo não tenho onde pousar. Quem sabe algum amigo de lá possa me dar uma forcinha. Que tal? Que que tu achas? Hein? Um Grande e Forte Abraço!

13 novembro 2010

Viva nossas meninas

Tirei o sábado para fazer festa por causa da vitória da seleção brasileira de volei feminino sobre as japonesas. Não é uma festa de torcedor ufanista nem mediano. É de quem reconhece o talento e o esforço das nossas jogadoras. Quem assistiu à partida sabe do que estou escrevendo.

Peguei o bonde, ou melhor, o jogo andando. E o negócio não estava bom para nós. As japonesas venceram os sets iniciais. Então, lá foi nossa seleção para o tudo ou nada. Vencer o terceiro set era obrigação. Depois o quarto para forçar o tie-break. Além de usar do talento, controlar o nervosismo e botar a garra sul-americana em quadra.

Foi difícil. Ufa! Mas elas conseguiram. Superaram tudo que era preciso superar. Jogaram com determinação. Resultado: colocaram no país na final de domingo (14) contra a Rússia. A parada vai ser dura. Mas Zé Roberto e as meninas tem tudo para amanhã fazer do Brasil o novo campeão mundial de volei feminino.

Para finalizar, quero oferecer para nossas jogadoras uma canção. Nada de hinos ufanistas ou pseudo-patrióticos. Nada disso, segue uma canção que eu não conhecia. Ouvi hoje, pela primeira vez. Como a letra fala de superação, pensei que tem tudo a ver com a emoçào jogo Japão 2 x 3 BRASIL.

Beijos e vida!

Harold 
 
 
 Apostas & certezas
 Luciano/ Carlos Dias
Quantas vezes eu fugi,
Distraindo os meus sentidos
Tantas vezes nada quis,
Destratando os meus amigos
Outras tantas discuti,
Só pra não te enxergar,
Estava aqui (estava aqui)

Entre promessas e despesas

Apostas e certezas
Cada vez mais (2x)

Quero fugir das derrotas

Sorriso na cara, estou de volta (2x)

Algumas vezes eu menti,

Desprezando os teus sorrisos
Todas as vezes eu te quis,
Provocando, discutindo
Traz todo amor pra mim
sem fugir ou me estranhar
Tá tudo aqui (tá tudo aqui)

Entre promessas e despesas

Apostas e certezas
Cada vez mais (2x)

Quero fugir das derrotas

Sorriso na cara, estou de volta (2x)

Estou de volta (2x)

 
 
CPM 22- Apostas & certezas

Brasil vence Japão de virada de reedita final contra Russia no Mundial feminino

Bom dia pessoas boas que visitam o blog. Compartilhem de minha alegria em relação à equipe feminina de volei, que defende nosso país no campeonato mundial, no Japão.

Acordei depois das sete horas. Não vi o início do jogo das moças contra a seleção japonesa. Mas fiquei ligado a partir do terceiro set. Percebi que nossas meninas são guerreiras. Merecem nosso carinho, nossos aplausos.

Para contar melhor a história do jogo, segue postagem de matéria postada no IG. Tudo de bom sempre!

Harold


Brasil vence Japão de virada de reedita final contra Russia no Mundial feminino

A seleção brasileira sofreu, errou mais, mas conseguiu vencer o Japão de virada para ficar com a vaga na final do Campeonato Mundial feminino de vôlei. O time de Zé Roberto fez 3 sets a 2 contra as donas da casa, com parciais de 22/25, 33/35, 25/22, 25/22 e 15/11. Neste domingo, o Brasil disputa a medalha de ouro contra a Rússia, atual campeã, na reedição da final de 2006.

O jogo foi bastante equilibrado e nervoso do começo ao fim nesta manhã em Tóquio. As japonesas horaram a fama de time de defesa, com o fundo de quadra segurando diversos ataques do Brasil. Além de defender, a bola voltava fácil para que a experiente levantadora Takeshita armasse os contra-ataques. Do lado brasileiro, também boas defesas, mas muitos erros. A seleção, por exemplo, perdeu nove chances de fechar o segundo set, que acabou em 35 a 33 e o foi o mais longo do torneio. Até esse momento, o Brasil tinha o triplo de falhas das japonesas (18 a 6). Ao final do jogo, o "placar" de erros foi 34 a 20 para o Brasil.


E as japonesas, mais baixas, usaram muito a mão do bloqueio nacional para explorar o bloqueio e pontuar. O jogo começou a mudar com a entrada de Sassá, no terceiro set, no lugar de Jaqueline. A nova ponteira melhorou a defesa do Brasil e mudou o ritmo dos ataques, colocando bolas no chão. Além disso, a capitã Fabiana assumiu a responsabilidade e chamou o jogo. Pontuando no bloqueio e no ataque, a central passou a vibrar mais e mudou o ânimo do Brasil em quadra. 


Do outro lado, o Japão sentiu a pressão e passou a errar no começo do tie-break. E se o Brasil falhava nas finalizações, se segurava no bloqueio. Foram três pontos seguidos no set decisivo, a melhor parcial das brasileiras na partida. No total, a seleção fez 21 pontos de bloqueio. As japonesas marcaram apenas sete.


Divulgação
Levantadora Fabíola vibra com vitória do Brasil na semifinal do Mundial


A maior pontuadora foi a japonesa Yukiko Ebata, com 29 bolas no chão (28 no ataque e um ace). Do lado brasileiro, Sheilla e Natália foram as que mais acertaram. A oposta marcou 25 pontos (19 no ataque e seis no bloqueio), enquanto a ponteira fez 23 pontos (20 no ataque, dois no bloqueio e um ace).

O jogo
 

A seleção brasileira saiu na frente, com uma jogada de meio com Thaísa e três ataques de Natália (4 a 2). Mas o Japão logo empatou (4 a 4), aproveitando-se dos erros de recepção da equipe brasileira. No saque de Ebata e novo erro de recepção, as anfitriãs passaram e chegaram ao primeiro tempo técnico com 8 a 7 no placar. O Brasil recuperou a liderança no ace de Thaísa (10 a 9). 

O jogo seguiu muito equilibrado e o Japão abriu, pela primeira vez, dois pontos no 15 a 13, com um saque errado de Fabiana e um erro de ataque de Jaqueline. O time brasileiro buscou de novo e, depois estar atrás no segundo tempo (16 a 15), ultrapassou com ataque de Sheilla depois de um belo rali (18 a 17).

Com muito volume de jogo e contra-ataques desperdiçados do Brasil, o Japão se manteve firme na parcial e logo voltou à frente, com bloqueio da central Ai na capitã Fabiana. No erro de levantamento de Fabíola, as asiáticas chegaram ao set point. Zé Roberto pediu tempo, teve uma conversa particular com a levantadora, mas não deu. Thaísa ainda acertou uma bola de cheque, mas no erro de Sassá pelo meio fundo, que havia acabado de entrar na partida, o Japão fechou em 25 a 22.
 
As belas defesas seguiram na segunda parcial e o Japão abriu dois pontos com ace de Inoue e um ponto depois de três defesas em três ataques de Natália (5 a 3). Com Fabiana pelo meio e no bloqueio, o Brasil empatou em 7 a 7, mas na largada de segunda da experiente levantadora Takeshita, as japonesas chegaram à frente na primeira parada técnica (8 a 7). Na sequência, o Brasil se impôs. A seleção marcou pelo meio com Thaísa e fez três bloqueios seguidos, abrindo 11 a 8.

Divulgação
Seleção japonesa defendeu diversas bolas na partida contra o Brasil

Entretanto, em um novo momento de desatenção, com erro de Thaísa no meio e falhas na recepção, a seleção nipônica virou em 13 a 12. A resposta veio com Natália no ataque, em uma das poucas vezes que a bola foi cravada na quadra japonesa (14 a 13). A seleção seguiu na frente e abriu um pouco com outro ponto de bloqueio (20 a 18). Mas o Japão ainda estava forte e usando ataques curtos e defendendo muito, passou novamente (22 a 21). 

Mas quem chegou ao primeiro set point foi o Brasil, no 24 a 23 com belo saque de Sheilla e bloqueio de Fabiana. A partir daí, equilíbrio total. A seleção brasileira melhorou no passe e acertou os ataques. Do outro lado, as japonesas seguiram vivam com lindas defesas. O time nacional seguiu à frente até o 31 a 30, depois de um ataque de Natália. O Japão virou no 32 a 31 e fechou com ataque explorando o bloqueio nacional, em 35 a 33, no set mais longo da história do Mundial. 

O jogo seguiu depois de uma parada de 10 minutos. O ritmo continuou o mesmo, com bastante equilíbrio. Ainda no começo da parcial, a líbero Fabi conseguiu salvar uma bola com uma bicicleta, mas foi ponto do Japão. As asiáticas saíram atrás, mas com precisão no contra-ataque e conhecido volume na defesa, elas abriram 6 a 4. O Brasil empatou em um ace de Fabiana que ainda bateu na rede e silenciou o ginásio (6 a 6). Mas o Japão chegou ao tempo na frente (8 a 7). 

Zé Roberto colocou Sassá no lugar de Jaqueline e a mudança deu certo. Com uma largada da nova ponteira, o Brasil abriu 14 a 12. Mas, como em todo jogo, logo o Japão voltou a liderar e foi para o segundo tempo na frente (16 a 15). Mas o momento era de Sassá, que variou o ataque e conseguiu colocar a bola no chão. Com três pontos da atleta, o Brasil reagiu a abriu 19 a 17 e, dessa vez, segurou a liderança. Depois de três ataques de meio, propiciados com a melhora no passe com a entrada de Sassá, e muita vibração da central a capitã Fabiana, o Brasil fechou em 25 a 22.

Divulgação
Thaísa se esforça para recuperar bola para o Brasil na semifinal do Mundial

No quarto set, Sassá continuou em quadra do lado brasileiro e pontuando no ataque. O seu primeiro erro foi em uma bola duvidosa que o árbitro marcou como ataque para a fora no 6 a 6. O Brasil foi para o tempo na frente, com 8 a 7 depois de um belo levantamento de Fabíola e definição pelo meio. E equilíbrio era o sinônimo do jogo. O Japão passou de novo no erro de Natália e com uma bola de cheque (10 a 8).

O momento do jogo era de Fabiana. Com bloqueio da central, o Brasil não deixou o Japão escapar (10 a 11). Depois, ela largou para mais uma virada (13 a 12). E com presença no bloqueio e mais um ataque da central, o Brasil marcou 19 a 17. Com dois erros nacionais, o Japão iguala em 19 a 19. Já no ataque errado de Ai, o Brasil marcou 21 a 20. Depois, com dois bloqueios, a seleção chegou ao 24 a 22. E agora, sem dar chances, acabou com o set em um toque no fundo da levantadora Fabíola que quebrou a defesa asiática (25 a 22).

A semifinal seria decidida no tie-break e, pela primeira vez na partida, as japonesas erraram finalizações. Com essas falhas e três bloqueios, o Brasil abriu 9 a 5. As donas da casa ainda se recuperaram e encostaram em 10 a 8. Mas o momento era mesmo brasileiro. Com duas pancadas, uma de Sheilla e outra de Natália, e um bloqueio de Fabíola, o time abriu 13 a 8. E com uma china de Fabiana, o Brasil fechou em 15 a 11 e garantiu a vaga na final.

12 novembro 2010

Um ano sem o número 1

O dia 10 de novembro de 2009 será lembrado com muita tristeza para as pessoas que admiram o futebol alemão. Nesse dia, faleceu Robert Enke (foto). O goleiro e capitão do  Hannover 96 tinha 32 anos e não resisitiu à depressão e cometeu suicídio. O falecimento de Enke aconteceu no período em que era considerado o melhor goleiro de seu país e jogava como titular na seleção nacional. Sua presença na Copa da África do Sul era dada como certa.

O goleiro nascido em Jena, na antiga Alemanha Oriental, começou a carreira no Carl Zeiss Jena. Posterirmente, atuou nos clubes: Borussia Mönchengladbach, Benfica, Barcelona e Tenerife. Suas atuações lhe levaram para a seleção nacional. Primeiro na Sub-21, entre 1997 e 1999. No período de 2007 a 2009, ele serviu à seleção principal.
Enke cometeu suicídio num cruzamento ferroviário, em Neustadt am Rübenberge, que fica a 30 km de Hanover. Segundo Teresa, sua esposa, há sei anos o goleiro convivia com a depressão. Uma das causas foi o falecimento de sua filha, por motivos cardíacos, em 2006.
Muitas homenagens foram prestadas ao número 1 da seleção. Seus companheiros de seleção foram à AWD-Arena, estádio do Hanover 96, para um ato de respeito. Dezenas de milhares de pessoas compareceram à cerimônia.  O caixão de Enke foi colocado no meio-de-campo. Martin Kind, presidente do último clube do goleiro afirmou que "Enke foi um número um no melhor sentido da palavra. É por isso que hoje temos os corações tão pesados". O Hanover 96 decidiu aposentar sua camisa número um.



 Robert Enke, o número 1

11 novembro 2010

Dean Cain divulga o filme Amor Por Acaso

Um novo filme está chegando na próxima semana. O filme Amor Por Acaso marca a estréia de Márcio Garcia como diretor diretor e tem como protagonistas Juliana Paes e Dean Cain, ator norte-americano, bastante por estrelar a série Lois & Clark: As Novas Aventuras do Superman.

A coletiva de imprensa para divulgação foi realizada ontem. Além do diretor, estiveram presentes Cain e o produtor Uri Singer. A jornalista Juliana Destro, da Redação Yahoo! Brasil escreveu o texto que segue abaixo. 

Aroldo José Marinho

Dean Cain divulga o filme Amor Por Acaso
O ator norte-americano Dean Cain, famoso por interpretar o Super-Homem na série de TV “Lois & Clark: As Novas Aventuras do Superman”, está no Brasil para divulgar a comédia romântica “Amor Por Acaso”, dirigido por Márcio Garcia. O longa também conta com a participação de Juliana Paes, Rodrigo Lombardi e Marcos Pasquim.

Durante entrevista coletiva em São Paulo, o ator afirmou que houve uma química entre ele e Juliana durante as filmagens. “Foi muito difícil beijá-la, mas esse é o meu trabalho”, brincou. Dean Cain disse ter aceitado o convite para participar do projeto porque gostou do roteiro. “O filme tem uma vibe boa e espero que as pessoas que assistam consigam sentir isso”. O ator também elogiou os colegas brasileiros. “É um equipe tão boa como qualquer equipe que existe em Hollywood”.

O elenco brasileiro de “Amor Por Acaso” também ganhou elogios do produtor Uri Singer, que elegeu Juliana Paes, Rodrigo Lombardi e Márcio Garcia seus atores prediletos no país. Sobre a atriz Juliana Paes, protagonista do longa, o produtor disse acreditar que ela tem futuro fora do Brasil. “Sempre disse para Juliana ir para Hollywood”, contou o produtor. Ele ainda afirmou que a atriz chegou a fazer um teste para atuar em um filme ao lado de Denzel Washington e Russel Crowe. “Ela não foi escolhida porque havia esquema, não porque não foi capaz”, revelou Singer. A atriz também recebeu uma proposta para participar da série de TV “Desperate Housewives”, mas recusou porque não querer se mudar do Brasil.

“Amor Por Acaso” é a estréia de Márcio Garcia como diretor de longa-metragem - o ator já havia filmado um curta intitulado “Predileção”. O filme foi rodado em tempo record, em 14 dias, e um dos motivos foi a gravidez de Juliana Paes. “Não tínhamos tempo”, afirmou o diretor.

Além de dirigir, Márcio Garcia também faz uma pequena participação no final do filme, mas diz que ainda não está pronto para atuar e dirigir ao mesmo tempo. O ator afirmou ter recebido propostas de novos filmes e pretende trabalhar mais só como diretor antes de arriscar exercer as duas funções ao mesmo tempo. Como ator, Garcia afirmou que vai gravar um especial de fim de ano para a TV Globo.

“Amor Por Acaso” estreia nos cinemas de todo país no dia 26 de novembro e terá sua estréia mundial em 2011. Leia a sinopse e assista ao trailer do filme.
 
Ana Vilanova (Juliana Paes) é vendedora de uma loja de departamento no Rio de Janeiro, namora um playboy e tem um irmão com problemas com a máfia. Ana descobre que herdou uma vinícola em Webster, na Califórnia, mas parece que Jake Sullivan (Dean Cain) tem uma pousada na vinícola de Ana. Ela, então, viaja decidida a despejá-lo, vender a terra e ajudar seu irmão. No entanto, se surpreende com o que encontra na terra do vinho e no seu possível adversário.


Amor por Acaso

06 novembro 2010

Mafalda na área

Tenho certeza de que meus leitores e minhas leitoras já leram ou ouviram falar sobre Mafalda (na foto, personificada numa praça em BUenos Aires), a genial personagem de Quino. Foi em 1962 que o cartunista argentino deu vida à sua mais famosa personagem. Mafalda é uma menina de seis anos que odeia toma sopa e comer macarrão. Porém, diferente das crianças de sua idade, Mafalda é muito antenada com as situações do mundo adulto. Ela vive preocupada com a humanidade e a dificuldade para manter a paz mundial. As inquietações de Mafalda também englobam o conflito que das pessoas com a progressiva mudança dos costumes e a introdução da tecnologia no cotidiano.

A inspiração para desenhar a personagem Quino buscou na novela Dar la cara, escrita por David Viñas. A idéai original era criar desenho para uma campanha publicitária de um importante jornal, que, posteriormente, desistiu de realizar a campanha. A primeira tira de Mafalda foi publicada em 29/09/64, no jornal Primera Plana. Posteriormente, outros jornais publicaram as aventuras de Mafalda e sua turma. 

O sucesso não demorou a chegar. Mafalda virou figura popular na Argentina.  Depois nos demais países da América Latina e na Europa. Apesar de tão boa aceitação, Quino decidiu interromper a série. O último  desenho foi publicado em 25/06/73. Poucas foram as situações em que o autor voltou a dar vida à sua personagm mais ilustre. Nesses casos, o autor colaborou com campanhas sobre os direitos humanos. Uma delas foi em 1976, quando a menina apareceu num pôster da Declaração dos Direitos da Criança, numa campanha da Unicef. 

Mas o público não ficou órfão de Mafalda.  Em 1982, o realizador Carlos Márquez lançou uma série de desenho animado animado pela personagem.

Quem são as personagens do universo de Mafalda?
  
Mafalda: A personagem principal, uma menina de seis anos de idade, que odeia sopa e  macarrão. Ela é fã dos Beatles e do Pica-Pau. Possui uma visão aguda da vida e vive questionando o mundo à sua volta, principalmente o contexto dos anos 60 em que se encontra. Tem uma visão mais humanista e aguçada do mundo em comparação com os outros personagens. 

Papá (Pelicarpo): É o pai da protagonista. Trabalha em uma companhia de seguros, adora cultivar plantas em seu apartamento e entra em crise quando repara na sua idade. 

Mamã (Raquel): A mãe de Mafalda é uma típica dona de casa, não completou os estudos (por isso é vista como medíocre pela Mafalda), entra em conflitos com a filha quando prepara sopas e macarrão. 

Filipe (Felipe): Este amigo de Mafalda é bem sonhador. Odeia a escola, mas que freqüentemente trava intensas batalhas com sua consciência e seu senso nato da responsabilidade. 

Manolito (Manuel Goreiro "Manelito"): Outro amigo da protagonista. Filho de um comerciante, mais preocupado com os negócios e dinheiro do que com outra coisa. Diferente dela, não gosta dos Beatles e é um estudante que tira notas baixas (menos em matemática, por causa das contas que aprende no mercado do pai). Representa o conservadorismo capitalista na obra, apenas pensando no lucro do armazém de seu pai. Também adora inflações dos preços, pois assim acha que está lucrando. 

Susanita (Susana Beatriz Clotilde Chirusi): Uma menina fútil. Seu único objetivo na vida é encontrar um marido rico e de boa aparência quando crescer e ter uma quantidade de filhos acima da média. É uma grande fofoqueira e egoísta, e sempre encontra um jeito de falar sobre o vizinho do irmão da cunhada de alguém. 

Guille "Gui" (Guillermo, "Guilherme"): É o irmão mais novo de Mafalda, esperto para sua idade, é retratado como uma criança que começa a perceber o mundo. 

Miguel "Miguelito" Pitti: Amigo de Mafalda, um pouco mais jovem do que os outros. Filho único, com um personalidade única, mas com um coração enorme. Miguelito tem dificuldade de compreender o que Mafalda pensa, sempre entendendo os conselhos de sua amiga de maneira literal. Além disso é um personagem egocêntrico, que parece achar que o mundo gira à sua volta. 

Liberdade (Libertad): Esta amiga de Mafalda é uma menina baixinha. Todos fazem o comentário óbvio sobre seu nome. Gosta das coisas simples da vida e seus pais são jovens idealistas, a mãe é tradutora, o pai trabalha num lugar onde não é bem remunerado. Por isso, moram em um pequeno apartamento. 

Burocracia: É a tartaruga de estimação de Mafalda e seu irmão. Foi batizada por Mafalda  com esse nome por ser tão vagarosa, só aparece a partir do livro "As férias da Mafalda".

Viva Mafalda eternamente!!!

Aroldo José Marinho


Mafalda e sua turma

Sempre Livre- Esse seu jeito sexy de ser

O clipe da postagem anterior trouxe uma saudade da adolescência. E lá fui eu, de novo, buscar as memórias dos anos 80. Lembro mais da segunda metade da década. Era um período de recomeço para o país. O governo da ditadura tinha acabado em 1985. Muitas coisas começaram a acontecer. Algumas, boas e significativas. Outras, bem... é melhor deixar no passado, sem nenhuma citação.

A música marcante daquele período foi pautada pelas bandas de rock nacional. Muitas delas, tinham pé na new wave. Era um rock leve, dançante, muitas vezes, engraçado. Caía bem para um país que viveu 21 anos na dureza e nas sombras de uma ditadura ridícula e arbitrária.

Uma das bandas desse período era a Sempre Livre. O nome inspirado na famosa marca de absorvente tinha tudo a ver. Na formação do quinteto só havia mulheres. Lá estavam: Dulce Quental (voz), Flávia Cavaca (baixo), Márcia (guitarra), Lúcia Lopes (bateria) e Lelete (teclados).

Três discos foram lançados pelas meninas. O primeiro, de 1984, foi o que mais tocou nas rádios. Dele fazem parte os hits So free e Esse seu jeito sexy de ser. Depois houve o desgaste, mudanças na formação, desinteresse da mídia. O fim foi inevitável.

Ficaram a saudade e os clipes. Um deles, lhes é oferecido agora. 

Harold


Sempre Livre- Esse seu jeito sexy de ser


RPM- Olhar 43

Na quinta-feira (04/11), a rede Globo apresentou mais uma edição da série Por Toda Minha Vida. Creio que vocês já devem tere assistido o programa apresentado pela gaúcha Fernanda Lima. Cada edição enfoca a obra de um artista-solo ou banda de expressão.

O programa desta quinta foi dedicado à banda RPM, uma das referências do rock brasileiro dos anos 80. A formação inicial contava com Paulo Ricardo (voz/ baixo), Luiz Schiavon (teclados), Fernado Deluqui (guitarra) e Paulo PA Pagni (bateria). Esse quarteto gravou um disco (vinil) que vendeu horrores, saiu em turnê e virou febre nacional. Nunca uma banda de rock brasileiro teve um destaque tão evideente. Nem mesmo Os Mutantes.

Lembro do sucesso do RPM. Eu tinha idade adolescente quando tudo aconteceu. Não era, necessariamente, um fã da banda. Para mim, valia (e, ainda, vale) Cazuza e Barão Vermelho. Porém respeitava a competência dos caras que tocavam Louras Geladas. Eles não eram os melhores mas não estavam no final da fila.

Uma das canções tocadas no Por Toda Minha Vida foi Olhar 43, de Schiavon/Ricardo. Tocou bastante no ano de 1986. Depois ganhou simpático arranjo simpático de Caetano Veloso. Apesar de não nutrir paixão pelo som tecno pop, gosto da letra da canção. Posto para o video clip da canção (http://www.youtube.com/watch?v=zeSXO-7uNxE). Espero que apreciem.

Aroldo José Marinho


RPM- Olhar 43

05 novembro 2010

Dois pesos...

Boa noite! Há pouco soube que a psicanalista Maria Rita Kehl  (foto) escreveu um texto seminal no jornal O Estado de São Paulo. O mesmo jornal que critica o governo e que afirma está sob censura da justiça, que lhe proibe comentar as tramóias de José Sarney, tomou uma atitude surpreendente. Demitiu Kehl. O argumento do Estadão: "delito" de opinião.

Fiquei curioso em saber do texto publicado em 02/10. Pesquisando na internet, encontrei o texto. Agora ofereço para vocês e peço uma leitura rigorosa. Vale a pena fazer uma boa reflexão.

Cordialmente!

Aroldo José Marinho



Dois pesos...
Maria Rita Kehl

Este jornal teve uma atitude que considero digna: explicitou aos leitores que apoia o candidato Serra na presente eleição. Fica assim mais honesta a discussão que se faz em suas páginas. O debate eleitoral que nos conduzirá às urnas amanhã está acirrado. Eleitores se declaram exaustos e desiludidos com o vale-tudo que marcou a disputa pela Presidência da República. As campanhas, transformadas em espetáculo televisivo, não convencem mais ninguém. Apesar disso, alguma coisa importante está em jogo este ano. Parece até que temos luta de classes no Brasil: esta que muitos acreditam ter sido soterrada pelos últimos tijolos do Muro de Berlim. Na TV a briga é maquiada, mas na internet o jogo é duro.

Se o povão das chamadas classes D e E - os que vivem nos grotões perdidos do interior do Brasil - tivesse acesso à internet, talvez se revoltasse contra as inúmeras correntes de mensagens que desqualificam seus votos. O argumento já é familiar ao leitor: os votos dos pobres a favor da continuidade das políticas sociais implantadas durante oito anos de governo Lula não valem tanto quanto os nossos. Não são expressão consciente de vontade política. Teriam sido comprados ao preço do que parte da oposição chama de bolsa-esmola.

Uma dessas correntes chegou à minha caixa postal vinda de diversos destinatários. Reproduzia a denúncia feita por "uma prima" do autor, residente em Fortaleza. A denunciante, indignada com a indolência dos trabalhadores não qualificados de sua cidade, queixava-se de que ninguém mais queria ocupar a vaga de porteiro do prédio onde mora. Os candidatos naturais ao emprego preferiam viver na moleza, com o dinheiro da Bolsa-Família. Ora, essa. A que ponto chegamos. Não se fazem mais pés de chinelo como antigamente. Onde foram parar os verdadeiros humildes de quem o patronato cordial tanto gostava, capazes de trabalhar bem mais que as oito horas regulamentares por uma miséria? Sim, porque é curioso que ninguém tenha questionado o valor do salário oferecido pelo condomínio da capital cearense. A troca do emprego pela Bolsa-Família só seria vantajosa para os supostos espertalhões, preguiçosos e aproveitadores se o salário oferecido fosse inconstitucional: mais baixo do que metade do mínimo. R$ 200 é o valor máximo a que chega a soma de todos os benefícios do governo para quem tem mais de três filhos, com a condição de mantê-los na escola.

Outra denúncia indignada que corre pela internet é a de que na cidade do interior do Piauí onde vivem os parentes da empregada de algum paulistano, todos os moradores vivem do dinheiro dos programas do governo. Se for verdade, é estarrecedor imaginar do que viviam antes disso. Passava-se fome, na certa, como no assustador Garapa, filme de José Padilha. Passava-se fome todos os dias. Continuam pobres as famílias abaixo da classe C que hoje recebem a bolsa, somada ao dinheirinho de alguma aposentadoria. Só que agora comem. Alguns já conseguem até produzir e vender para outros que também começaram a comprar o que comer. O economista Paul Singer informa que, nas cidades pequenas, essa pouca entrada de dinheiro tem um efeito surpreendente sobre a economia local. A Bolsa-Família, acreditem se quiserem, proporciona as condições de consumo capazes de gerar empregos. O voto da turma da "esmolinha" é político e revela consciência de classe recém-adquirida.

O Brasil mudou nesse ponto. Mas ao contrário do que pensam os indignados da internet, mudou para melhor. Se até pouco tempo alguns empregadores costumavam contratar, por menos de um salário mínimo, pessoas sem alternativa de trabalho e sem consciência de seus direitos, hoje não é tão fácil encontrar quem aceite trabalhar nessas condições. Vale mais tentar a vida a partir da Bolsa-Família, que apesar de modesta, reduziu de 12% para 4,8% a faixa de população em estado de pobreza extrema. Será que o leitor paulistano tem ideia de quanto é preciso ser pobre, para sair dessa faixa por uma diferença de R$ 200? Quando o Estado começa a garantir alguns direitos mínimos à população, esta se politiza e passa a exigir que eles sejam cumpridos. Um amigo chamou esse efeito de "acumulação primitiva de democracia".

Mas parece que o voto dessa gente ainda desperta o argumento de que os brasileiros, como na inesquecível observação de Pelé, não estão preparados para votar. Nem todos, é claro. Depois do segundo turno de 2006, o sociólogo Hélio Jaguaribe escreveu que os 60% de brasileiros que votaram em Lula teriam levado em conta apenas seus próprios interesses, enquanto os outros 40% de supostos eleitores instruídos pensavam nos interesses do País. Jaguaribe só não explicou como foi possível que o Brasil, dirigido pela elite instruída que se preocupava com os interesses de todos, tenha chegado ao terceiro milênio contando com 60% de sua população tão inculta a ponto de seu voto ser desqualificado como pouco republicano.

Agora que os mais pobres conseguiram levantar a cabeça acima da linha da mendicância e da dependência das relações de favor que sempre caracterizaram as políticas locais pelo interior do País, dizem que votar em causa própria não vale. Quando, pela primeira vez, os sem-cidadania conquistaram direitos mínimos que desejam preservar pela via democrática, parte dos cidadãos que se consideram classe A vem a público desqualificar a seriedade de seus votos.


01 novembro 2010

Discurso de Dilma

Segue na íntegra o discurso proferido por Dilma Rousseff na noite de ontem (31/10). Esta foi a primeira vez que ela falou para o país após a confirmação de sua vitória nas urnas.

Boa leitura!

Aroldo José Marinho



"Primeiro, eu queria agradecer aos que estão aqui presentes nesta noite, para mim uma noite, vocês imaginam, completamente especial.

Mas eu queria me dirigir a todos os brasileiros e as brasileiras, meus amigos e as minhas amigas de todo o Brasil. É uma imensa alegria estar aqui hoje. Eu recebi de milhões de brasileiros e de brasileiras a missão, talvez a missão mais importante da minha vida.

E esse fato, para além da minha pessoa, é uma demonstração do avanço democrático do nosso país, porque pela primeira vez uma mulher presidirá o Brasil. Já registro, portanto, o meu primeiro compromisso após a eleição: honrar as mulheres brasileiras para que esse fato até hoje inédito se transforme num evento natural e que ele possa se repetir e se ampliar nas empresas, nas instituições civis e nas entidades representativas de toda a nossa sociedade. A igualdade de oportunidades entre homens e mulheres é um princípio essencial da democracia.

Eu gostaria muito que os pais e as mães das meninas pudessem olhar hoje nos olhos delas e dizer: ‘Sim, a mulher pode’. A minha alegria é ainda maior pelo fato que a presença de uma mulher na Presidência da República se dá pelo caminho sagrado do voto, da decisão democrática do eleitor, do exercício mais elevado da cidadania.

Por isso, registro aqui outro compromisso com meu país. Valorizar a democracia em toda sua dimensão, desde o direito de opinião e expressão até os direitos essenciais, básicos, da alimentação, do emprego, da renda, da moradia digna e da paz social.

Eu vou zelar pela mais ampla e irrestrita liberdade de imprensa, vou zelar pela mais ampla liberdade religiosa e de culto, vou zelar pela observação criteriosa e permanente dos direitos humanos tão claramente consagrados na nossa própria Constituição. Zelarei, enfim, pela nossa Constituição, dever maior da Presidência da República. Nessa longa jornada que me trouxe até aqui, pude falar e visitar todas as nossas regiões.

O que mais me deu confiança e esperança, ao mesmo tempo, foi a capacidade imensa do nosso povo de agarrar uma oportunidade, por menor que seja, por mais singela que seja, e com ela construir um mundo melhor para si e para sua família. É simplesmente incrível a capacidade de criar e de empreender do nosso povo.

Por isso, reforço aqui meu compromisso fundamental que eu mantive e reiterei ao longo dessa campanha: a erradicação da miséria e a criação de oportunidades para todos os brasileiros e para todas as brasileiras. Ressalto, entretanto, que esta ambiciosa meta não será realizada apenas pela vontade do governo. Ela é importante, mas essa meta é um chamado à nação, aos empresários, aos trabalhadores, às igrejas, às entidades civis, às universidades, à imprensa, aos governadores, prefeitos e a todas as pessoas de bem do nosso país.

Não podemos descansar enquanto houver brasileiros com fome, enquanto houver famílias morando nas ruas, enquanto crianças pobres estiverem abandonadas à sua própria sorte, e enquanto reinar o crack e as cracolândias. A erradicação da miséria nos próximos anos é assim uma meta que assumo, mas para a qual peço humildemente o apoio de todos, que possam ajudar o país no trabalho de superar esse abismo que ainda nos separa de ser uma nação desenvolvida.

O Brasil é uma terra generosa e sempre devolverá em dobro cada semente que for plantada com mão amorosa e o olhar para o futuro. Minha convicção de assumir a meta de erradicar a miséria vem não de uma certeza teórica, mas da experiência viva do nosso governo, do governo do presidente Lula, no qual uma imensa mobilidade social se realizou, tornando hoje possível um sonho que sempre pareceu impossível.

Reconheço, eu e meu vice, Michel Temer, hoje eleito, reconhecemos que teremos um duro trabalho para qualificar o nosso desenvolvimento econômico. Essa nova era de prosperidade criada pela genialidade do nosso presidente e pela força do povo brasileiro e de nossos empreendedores e trabalhadores encontra seu momento de maior potencial numa época em que a economia das grandes nações se encontra abalada.

No curto prazo, não contaremos com a pujança das economias desenvolvidas para impulsionar nosso crescimento. Por isso, se tornam ainda mais importantes nossas próprias políticas, nosso próprio mercado, nossa própria poupança e nossas próprias decisões econômicas.

Eu estou longe de dizer com isso que pretendemos fechar o país ao mundo, muito ao contrário. Continuaremos propugnando pela ampla abertura das relações comerciais, pelo fim do protencionismo dos países ricos, que impede as nações pobres de realizar plenamente suas vocações, propugnando contra a guerra cambial que ocorre hoje no mundo. Mas é preciso reconhecer que teremos grandes responsabilidades num mundo que enfrenta ainda os desafios e os efeitos de uma crise financeira de grandes proporções e que se socorre de mecanismos nem sempre adequados, nem sempre equilibrados para a retomada do crescimento.

É preciso no plano multilateral estabelecer regras muito mais claras e mais cuidadosas para a retomada dos mercados de financiamento, limitando a alavancagem e a especulação desmedida, que aumentam a volatilidade dos capitais e das moedas. 

Atuaremos firmemente nos fóruns internacionais com este objetivo.

Cuidaremos de nossa economia com toda a responsabilidade. O povo brasileiro não aceita mais a inflação como solução irresponsável para eventuais desequilíbrios. O povo brasileiro não aceita que governos gastem acima do que seja sustentável. Por isso, faremos todos os esforços pela melhoria da qualidade do gasto público, pela simplificação e atenuação da tributação. E pela qualificação dos serviços públicos. 

Mas, recusamos as visões de ajuste que recaem sobre programas sociais, serviços essenciais à população e os necessários investimentos para o bem do país. Sim, vamos buscar o desenvolvimento de longo prazo a taxas elevadas social e ambientalmente sustentáveis.

Para isso, zelaremos pela nossa poupança pública, zelaremos pela meritocracia no funcionalismo e pela excelência do serviço público, zelaremos pelo aperfeiçoamento de todos os mecanismos que liberem a capacidade empreendedora de nosso empresariado e de nosso povo.

Valorizarei o microempreendedor individual para formalizar milhões de negócios individuais ou familiares. Ampliarei os limites do super simples e construirei modernos mecanismos de aperfeiçoamento econômico, como fez nosso governo, o governo do presidente Lula na construção civil, no setor elétrico, na lei de recuperação de empresas, entre vários outros.

As agências reguladoras terão todo o respaldo para atuar com determinação e autonomia voltadas para a promoção da inovação, da saudável concorrência e da efetividade do controle dos setores regulados. Apresentaremos sempre com clareza nossos planos de ação governamental.

Levaremos ao debate público as grandes questões nacionais e trataremos sempre com transparência nossas metas, nossos resultados, nossas dificuldades. Mas, acima de tudo, quero reafirmar nosso compromisso com a estabilidade da economia e das regras econômicas, dos contratos firmados e das conquistas estabelecidas.

Trataremos os recursos provenientes de nossas riquezas naturais sempre com pensamento de longo prazo. Por isso, trabalharei no Congresso pela aprovação do fundo social do pré-sal e do marco regulatório do modelo de partilha do pré-sal. Por meio deles, iremos realizar muitos de nossos objetivos sociais. Recusaremos o gasto efêmero que deixa para as futuras gerações apenas as dívidas e a desesperança.

O fundo social do pré-sal é um mecanismo de poupança de longo prazo, para apoiar as atuais e as futuras gerações. Ele é o mais importante fruto do novo do modelo que propusemos, o modelo de partilha, para a exploração do pré-sal que reserva à nação e ao povo deste país a parcela mais importante dessas riquezas. Definitivamente não alienaremos nossas riquezas para deixar ao nosso povo só as migalhas.

Me comprometi nesta campanha com a qualificação também da educação e dos serviços de saúde. Me comprometi com a melhoria da segurança pública, com o combate às drogas que infelicitam nossas famílias e comprometem nossas crianças e nossos jovens. Reafirmo aqui esses compromissos. Nomearei ministros e equipe de primeira qualidade para realizar esses objetivos. Mas, acompanharei também, pessoalmente, essas áreas capitais para o desenvolvimento do país.

A visão moderna do desenvolvimento econômico é aquela que valoriza o trabalhador e sua família, o cidadão e sua comunidade, oferecendo acesso à educação e saúde de qualidade. É aquela que convive com o meio ambiente sem agredi-lo. E sem criar passivos maiores que as conquistas do próprio desenvolvimento. Não pretendo me estender aqui neste primeiro pronunciamento ao país, mas quero registrar que todos os compromissos que assumi vou perseguir de forma dedicada e carinhosa.

Disse na campanha que os mais necessitados, as crianças, os jovens, as pessoas com deficiência, o trabalhador desempregado, o idoso, teriam toda a minha atenção. Reafirmo aqui este compromisso. Eu e o Michel Temer fomos eleitos por uma coligação de dez partidos e com o apoio de lideranças de outros vários partidos. Vou com eles construir um governo onde a capacidade profissional, a liderança e a disposição de servir ao país será o critério fundamental. Vou valorizar os quadros profissionais da administração pública, independentemente de filiação partidária.

Dirijo-me também aos partidos de oposição e aos setores da sociedade que não estiveram conosco nesta caminhada. Estendo minha mão a eles. De minha parte, não haverá discriminação, privilégios ou compadrio. A partir da minha posse, serei presidenta de todos os brasileiros e brasileiras, respeitando as diferenças de opinião, de crença e de orientação política.

Nosso país precisa ainda melhorar a conduta e a qualidade da política. Quero empenhar, junto com todos os partidos, por uma reforma política, que eleve os valores republicanos, avançando e fazendo avançar nossa jovem democracia. Ao mesmo tempo, afirmo com clareza que valorizarei a transparência na administração pública. Não haverá compromisso com o erro, o desvio e o malfeito.

Serei rígida na defesa do interesse público em todos os níveis de meu governo. Os órgãos de controle e de fiscalização trabalharão com meu respaldo sem jamais perseguir adversários ou proteger amigos.

Deixei para o final os meus agradecimentos, pois quero destacá-los, quero dar a eles muita ênfase.

Primeiro, o meu agradecimento ao povo brasileiro, que me dedicou seu apoio. Serei eternamente grata pela oportunidade única de servir ao meu país no seu mais alto posto. Prometo devolver em dobro todo o carinho recebido em todos os lugares, em todas as regiões por que passei. Nenhuma região do meu país ficará para trás ou será menosprezada ou considerada de segunda categoria.

Mas agradeço respeitosamente também todos aqueles que votaram no primeiro e no segundo turno em outros candidatos ou candidatas. Eles também fizeram valer a festa da democracia e a eles também meus agradecimentos.

Agradeço às lideranças partidárias, que inclusive muitas delas estão aqui hoje. Que me apoiaram e comandaram esta jornada. Meus assessores, minhas equipes de trabalho e todos os que dedicaram meses inteiros a esse árduo trabalho.

Agradeço à imprensa brasileira e estrangeira que aqui atua e a cada um dos seus profissionais pela cobertura do processo eleitoral. Não nego a vocês que por vezes algumas das coisas difundidas me deixaram tristes, mas quem como eu lutou pela democracia e pelo direito de livre opinião arriscando a vida, quem como eu e tantos outros que não estão mais entre nós, dedicamos toda a nossa juventude ao direito de expressão, nós somos naturalmente amantes da liberdade. Disse e repito que prefiro o barulho da imprensa livre ao silêncio das ditaduras. As críticas do jornalismo livre ajudam ao país e são essenciais aos governos democráticos, apontando erros e trazendo o necessário contraditório.

Agradeço muito especialmente e com emoção ao presidente Lula. Ter a honra de seu apoio, ter o privilégio de sua convivência, ter aprendido com sua imensa sabedoria são coisas que se guarda para a vida toda. Conviver durante todos esses anos com ele me deu a exata dimensão do governante justo e do líder apaixonado por seu país e por sua gente. A alegria que eu sinto hoje pela minha vitória se mistura com a emoção de sua despedida. Sei que um líder como Lula nunca estará longe de seu povo, de cada um de nós. Baterei muito à sua porta e tenho certeza e confiança que a encontrarei sempre aberta. Sei que a distância de um cargo nada significa para um homem de tamanha grandeza e generosidade.

A tarefa de sucedê-lo é difícil e desafiadora, mas saberei honrar este legado. Saberei consolidar e avançar sua obra, aprendi com ele que quando se governa pensando no interesse público e nos mais necessitados, uma imensa força brota do povo e nos ajuda a governar. Uma força que leva o país pra frente e ajuda a vencer os maiores desafios.

Passada a eleição, agora, nós sabemos, é hora de trabalho. Passado o debate de projetos, agora é hora da união. União pela educação, união pelo desenvolvimento, união pelo país. Junto comigo, foram eleitos novos governadores, novos senadores, novos deputados federais. Ao parabenizá-los e a todos os deputados estaduais também eleitos no primeiro turno, convido a todos, independentemente de cor partidária, para uma ação determinada e para uma ação efetiva, para uma ação enérgica em prol do futuro de nosso país. Sempre com a convicção de que a nação brasileira será exatamente do tamanho, será exatamente com a grandeza daquilo que juntos nós todos fizermos por ela.

Um abraço a cada um, meus amigos e minhas amigas."