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23 fevereiro 2010

Entrevista de Charles Gavin

Reproduzo entrevista postada no blog de Antonio Carlos Miguel, colunista de O Globo, em 22/02/10. Juro que não sabia desta notícia, que é sobre o desligamento de Charles Gavin, baterista dos Titãs, da estrutura da banda.
Harold


Dez dias após o anúncio de sua saída dos Titãs, “por motivos pessoais”, o baterista Charles Gavin (na foto, de Marizilda Cruppe) explicou, numa longa conversa por telefone, suas razões. Basicamente, o cansaço com a vida na estrada, a vontade de ficar mais tempo no Rio ao lado da mulher e das duas filhas pequenas, Dora (nascida em 2002) e Sofia (nascida em 2005).

Como Gavin conta, nos últimos anos, com a crise da indústria do disco, cada vez mais é o mercado de shows que garante o ganha-pão dos músicos. Então, a vida virou uma rotina de hotel, aeroporto/rodoviária, avião/ônibus/van...

— Entre 2008 e 2009, em meio à turnê do “Ao vivo MTV” e a préprodução e a gravação, em São Paulo, do disco “Sacos plásticos”, eu vinha ao Rio apenas para trocar de mala. Falei com a minha analista que estava com pânico ou depressão, mas ela me disse que o que eu tinha era estresse mesmo. Foi quando percebi que era a hora de parar — relembra Gavin.

A separação, amigável, foi acertada no fim do ano passado. A última apresentação com o grupo, num show fechado, para uma empresa, aconteceu no dia 9 de fevereiro, em São Paulo, no teatro Via Funchal. Os quatro Titãs remanescentes, Toni Bello, Paulo Miklos, Branco Mello e Sérgio Britto, já retomaram os palcos, com um substituto, Mario Fabre, indicado pelo irmão de Charles, o que confirma a boa relação entre eles, após 25 anos de convivência e muito trabalho

— Entrei nos Titãs em 1 de janeiro de 1985!

A seguir, a transcrição com os principais trechos da entrevista-desabafo de Gavin, que, já trabalha na quarta temporada do programa “O som do vinil” (que apresenta no Canal Brasil); está finalizando o documentário que dirigiu para o Canal Brasil sobre a gravadora Elenco; lançará em março o DVD de Tom Zé; e, até maio, botará nas lojas, pela Sony Music, mais um lote de dez relançamentos de discos raros da música brasileira.

“Foi uma decisão muito difícil, a mais difícil da minha vida. Eu me senti como amputando um braço, após 25 anos de convívio nos Titãs. Mas, essa é uma decisão que eu vinha amadurecendo desde 2002, quando nasceu a minha primeira filha. Na época, senti um baque grande. Uma banda de rock passa muito tempo na estrada, principalmente as bandas brasileiras, que fazem da estrada seu ganha-pão. Decidi ter filhos mais tarde para poder me dedicar mais a eles, mas somos uma das bandas que mais trabalha no showbiz, fazemos quase 300 shows por ano. Eu pensava que, depois de sair do estágio bebezinho, poderia botar as crianças na estrada, como os filhos dos outros Titãs viveram, mas o mercado mudou demais. Atualmente, fazemos um show em Salvador e, no dia seguinte, temos que estar no interior do Paraná, em seguida, seguir para o interior de Goiás...

Guardo ótimas lembranças desses 25 anos, conheci o Brasil como poucos, tocamos em todos estados da união e isso realmente não tem preço. Por outro lado, nos últimos anos, senti vontade de ter um tempo meu, perdi vários shows perdi no Rio, como o do Police, que adoraria ter visto, por estar tocando em outros lugares.

No primeiro semestre de 2009, achei que iria enlouquecer, passava em casa apenas para trocar de mala. Olhava pro teto do quarto de hotel e me perguntava: ‘O que estou fazendo aqui?’. Então, disse que precisaria de uma licença de um, dois anos. Mas, infelizmente, não dá para ficar dois anos de licença. São muitas decisões importantes que devem ser tomadas, artísticas e de produção, pelo grupo. Mas quis sair pela porta da frente e, se amanhã me der vontade, poder ir a um show, subir ao palco, tocar numa faixa de algum disco dos Titãs.

Após acertarmos a minha saída, guardamos isso entre nós, e conseguimos um desfecho da melhor maneira possível. Saí dos Titãs, mas não vou parar de tocar bateria. E, com as pessoas sabendo disso, os convites vão aparecer. Quanto aos trabalhos paralelos, vão continuar.”

5 comentários:

Elisabete De Mello disse...

Uma despedida triste.

Harold disse...

Nós, os fãs que amam esta banda autêntica, unimos nossas vozes para gritar:
Valeu Charles!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!

Daiane disse...

Realmente muito triste mas o mundo não parou vamos para frente

Monica disse...

Muito boa a entrevista parabéns

RICARDO disse...

MUITO BOA ENTREVISTA ESTA DE PARABÉNS MUITO BOA