No primeiro dia deste mês foi comemorado o Dia do Trabalho, data celebrada em todo o mundo. Dia de festa e reflexão sobre o respeito aos operários e as operárias. Será que a sociedade aprendeu a tratar eles e elas com a dignidade que lhes é devida? Não sei dizer. Tomara que sim.
Soube que a Igreja Católica instituiu são José como padroeiro dos trabalhadores e trabalhadoras. Por ser devoto e também por ter o nome do santo, (que também é padroeiro de Macapá, cidade onde nasci) me interessei pelo tema. Quis escrever algo sobre a relação José- operários. Mas o tempo curto e frenético não me permitiu.
Mas minha intenção foi salva por MIra Alves, poeta e artista plástica talentosa. Ela me presenteou com um exemplar da revista editada pela paróquia de Santo Antônio, aqui de Brasília, dirigida pela Ordem dos Frades Menores (OFM). Na revista encontrei um texto escrito pelo frei Vilmar Rodrigues Batista sobre são José. Li. Considerei bastante pertinente. Então por perceber que o discurso do frei tem a ver com minha intenção, decidi postar seu texto. Segue abaixo.
Tudo de bom sempre!
Aroldo José Marinho
José, o Justo (Mt 1,19)
“Creio na comunhão dos santos”... Assim, caríssimos leitores (as), professamos no Credo, onde se encontram as verdades da nossa fé. Pelo nosso batismo abraçamos esta fé, nossa vocação para a santidade. Por isto, o Senhor mesmo nos garante: “Quem crer e for batizado será salvo”. Salvo são pois, todos os santos e santas que viveram com intensidade o seu batismo. Eis pois, o motivo pelo qual a Igreja proclama para o mundo, estes homens e estas mulheres como santos (as), como modelos para toda a Igreja. Por sinal, o Papa Bento XVI, no próximo mês de maio canonizará Frei Galvão, primeiro santo brasileiro. E com certeza, isto não é idolatria, e muito menos espiritismo. “CREMOS NA COMUNHÃO DOS SANTOS”...
Chega mais um 19 de março, e com ele a Igreja no mundo inteiro celebra a grande solenidade do seu padroeiro, “SÃO JOSÉ, O JUSTO”. Muitos fiéis festejam o seu próprio onomástico, homens e mulheres, pois este nome é dos mais populares em toda a cristandade. Porém, o protótipo é o José do Evangelho, o Pai legal de Cristo, o esposo puríssimo da mais nobre e alta de todas as criaturas, a Santíssima Virgem Maria, a Mãe do Senhor e nossa mãe.
O nome José é de origem hebraica e significa: “Deus acrescenta ou cumula de bens”. E, de fato, JOSÉ, o carpinteiro de Nazaré, teve crescimento contínuo de graças e privilégio. Pouco conhecemos sobre a vida de José; unicamente as rápidas referências transmitidas pelos Evangelhos. Matã foi o pai de Jacó. Jacó foi o pai de José, o ESPOSO de Maria, da qual nasceu Jesus, que é chamado o Messias (Mt 1, 15b-16). A origem de Jesus, o Messias, foi assim: Maria, sua mãe estava prometida em casamento a José... José, seu marido, era JUSTO. José, filho de Davi, não tenha medo de receber Maria como sua esposa... Quando acordou, José fez conforme o Anjo do Senhor havia mandado... Maria deu à luz um filho. E José deu a ele o nome de Jesus (Mt 1, 18-25).
O Anjo do Senhor apareceu em sonho a José e lhe disse: “Levante-se, pegue o menino e a mãe, e fuja para o Egito...”. Quando Herodes morreu, o anjo do Senhor apareceu em sonho a José, no Egito, e lhe disse: “Levante-se, pegue o menino e a mãe dele, e volte para a terra de israel, pois já estão mortos aqueles que já procuravam matar o menino”. José levantou-se, pegou o menino e a mãe dele, e voltou para a terra de Israel... por isso, depois de receber aviso em sonho, José partiu para a região da Galiléia e foi morar numa cidade chamada Nazaré (Mt 2,13ss). Os pais de Jesus iam todos os anos a Jerusalém, para a festa da Páscoa (Lc 2,41).
O pai e a mãe estavam maravilhados com o que se dizia do menino (Lc 2,33). Ao vê-lo, seus pais ficaram emocionados. Olhe, que seu pai e eu estávamos angustiados à sua procura. Jesus desceu então com seus pais, e permaneceu OBEDIENTE a eles (Lc 2,48ss).
Constatamos nestas referências bíblicas transmitidas pelo Evangelho que é o suficiente para destacar o papel primordial de São José na história da salvação. Podemos afirmar que José é o elo de ligação entre o Antigo e o Novo Testamento, e o último dos patriarcas. A missão de José na história da salvação constitui em dar a Jesus um nome, fazê-lo descendente da linhagem de Davi, como era necessário para cumprir as promessas. A primeira vez que José é nomeado no Evangelho, como vimos nas referências bíblicas acima, é na casa da anunciação em que Maria é chamada noiva de um homem da casa de Davi de nome José. Depois aparece quando Maria apresentava os sinais de sua divina maternidade e José lhe desconhecia a origem. E, como é do nosso conhecimento, ele foi tomado de terrível dúvida, na incerteza como agir; mas o Evangelista diz que, sendo ele “HOMEMA JUSTO”, não quis denunciar Maria de infidelidade; porém preferiu tomar uma solução que , salvando a honra de Maria, teria provocado odiosidade sobre sua própria pessoa. José decidiu sumir do lugar. Foi então que, em sonho, um anjo lhe esclareceu que tudo era plano de Deus, e casou com Maria, sem ter relações com ela. Depois desse fato, ainda se fala de José quando, novamente, o anjo lhe aparecia em sonho avisando das intenções diabólicas de Herodes que pretendia matar o menino Jesus e o manda fugir para o Egito. Pela última vez, é nomeado, quando recebeu ordem de voltar do Egito porque já tinha falecido o rei Herodes. Depois disso, só se fala dele indiretamente.
Aspecto curioso que não podemos deixar de considerar, os evangelistas não citam uma só palavra de José. Em todo esse contexto, aparece como o “homem do silêncio”, escondido, humilde e SANTO. Mas em compensação, ele é o homem do trabalho para sustentar sua família, daí o fato de a Igreja tê-lo feito padroeiro das famílias e modelo dos operários. José é homem reto, obediente, de fé profunda, inteiramente disponível à vontade de Deus; alguém que amou, creu e esperou em Deus e no Messias contra toda a esperança. José profissionalmente era um simples e modesto artesão da pequenina Nazaré. No entanto, esse pobre trabalhador; pela sua fé, honestidade e retidão foi escolhido entre todos os homens Pai oficial de Jesus, o esposo fiel e puro de Maria, Mãe do Senhor e Nossa Mãe, “Bendita entre as mulheres”.
Este é o santo incomparavelmente grande e simpático que veneramos na celebração de sua festa, 19 de março. Colaborador em tudo aquilo que era necessário para que se cumprissem os desígnios de Deus, disseste São José o teu sim com tua vida no silêncio da carpintaria em Nazaré da Galiléia. No silêncio, ao lado de Maria. No silêncio na gruta de Belém. No silêncio da fuga para o Egito, junto do menino que seria o Salvador do mundo.
Como artesão da celebração, ensina-nos também, a evitar os ruídos do marketing para que na simplicidade de nosso existir, saibamos dar apoio mais consistente ao querer divino.
São José, rogai por nós.
Frei Vilmar Rodrigues Batista, ofm